Ao sinal de que teríamos um filme solo do Venom e sem interferência do Homem-Aranha em sua origem, muita gente torceu o nariz e se perguntou como isso seria possível. O filme de 2018 saiu e conseguiu dar até que um ponto de partida novo para o simbionte na Terra com o hospedeiro Eddie Brock, originalmente rival de Peter Parker nas HQs.
Apesar de se sustentar nisso, o filme não agradou muita gente e a crítica caiu matando. Mesmo com essa maré negativa, o filme fez sucesso e arrecadou mais de 800 milhões de dólares, graças ao carisma da interação entre o humano e o alienígena, o que garantiu o anúncio de uma sequência estrelada pelo maior vilão do anti-herói, Carnificina, além de um novo diretor.
Com direção de Andy Serkis (algo que animou aqueles que esperavam um filme melhor que o primeiro), Venom: Tempo de Carnificina chega com a proposta de expandir mais esse universo de filmes de personagens do universo do Homem-Aranha (mesmo que o próprio teioso não esteja lá).
Embora Serkis mereça créditos por tentar corrigir alguns dos problemas apresentados pelo filme anterior, ele ainda acaba tropeçando. Diferentemente de outras obras que aceitam seguir por esse caminho, seja por conta de feedback popular ou por melhor decisão criativa, Venom 2 se resume ao cringe do relacionamento entre a dupla principal e não cria uma oportunidade sólida pra isso.
O roteiro apresenta diversas soluções simples e convenientes para situações que beiram a indecisão, como a parceria bipolar entre os personagens e as motivações absurdas, isso sem falar em artifícios que somem e reaparecem sem lógica alguma, até mesmo para um filme desse gênero.
E no meio dessa bagunça corrida (não do jeito bacana, em que se dispensa a enrolação e parte-se direto ao ponto) o maior vilão do filme, Cletus Kasady (Woody Harrelson) é desperdiçado. Isso também afeta as personagens de Naomie Harris e Michelle Williams, que são infelizmente usadas apenas como motivações, embora distintas, para as brigas deles.
Os momentos divertidos de Tempo de Carnificina se resumem mesmo às interações de Venom e Eddie, com um Tom Hardy que se esforça demais para arrancar uma risada de quem está assistindo, mas em boa parte das cenas fica nítido que não é muito a praia dele (não é algo orgânico como o que Ryan Reynolds faz com o Deadpool).
Apesar de tudo isso, é importante destacar que o filme passa uma mensagem interessante e consegue, divertidamente, atrelar o alienígena com a abordagem de aceitação e de que todos os indivíduos podem dividir um espaço no planeta com igualdade e respeito, em uma cena que de maneira bem clara, se refere à representatividade e à luta contra o preconceito.
Venom: Tempo de Carnificina não é o tipo de filme que você vai ao cinema esperando ver grandiosidades e um enredo complexo, mas sim uma diversão simples e uma narrativa que tenha começo, meio e fim, mas a partir do momento em que a cena pós-créditos se torna mais empolgante e interessante que o filme em si, temos um problema.