Especial Halloween | Clássicos do Horror: O Silêncio dos Inocentes

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Um dos temas do terror e suspense que mais fascina as pessoas são os assassinos em série. Tentar compreender o porquê de uma pessoa matar compulsivamente sempre atraiu os olhares de curiosidade e, dentro da Sétima Arte, não é diferente.

Ao final dos anos 80, o escritor e jornalista Thomas Harris lançava o livroO Silêncio dos Inocentes, que contava a busca por um assassino em série que mutilava mulheres, dentro da investigação, havia a estagiária do FBI, Clarice Starling, e o psiquiatra canibal e prisioneiro, Hannibal Lecter. Em cima da relação dos dois, a história do livro foi construída.

Com o livro cada vez mais famoso, não demorou muito até chamar a atenção dos produtores de Hollywood. O primeiro interessado em adaptar a obra foi o ator Gene Hackman, que até comprou os direitos e iniciou uma breve pré-produção, onde ele interpretaria o próprio Hannibal Lecter. Mas não durou muito e Hackman desistiu do projeto, alegando ser psicologicamente muito pesado. Logo após, o diretor Jonathan Demme, que era famoso por fazer comédias, foi contratado e o filme começou a tomar forma.

Anthony Hopkins e Jodie Foster foram escalados para os papéis principais. O método de preparação utilizado pelo intérprete de Hannibal Lecter foi baseado em estudar e se aprofundar nas mentes psicopatas, analisando casos e indo a julgamentos. Jodie Foster foi até a própria sede do FBI para dar vida à Clarice Starling, treinando fisicamente e compondo a personalidade de uma jovem agente.

Em 1991, O Silêncio dos Inocentes é lançado nos cinemas, deixando o público em um pavor angustiante e ansioso pela atuação monstruosa de Hopkins. Apesar de ter aparecido por cerca 15 minutos em todo o longa, foi o suficiente para mostrar a fascinante persona de Hannibal Lecter, que não era um selvagem assassino, mas um culto e inteligente doutor psiquiatra que comia gente. Com um timbre de voz que era uma mistura de Truman Capote e Katharine Hepburn, o personagem passava uma sensação de frieza e superioridade a todo momento. Além disso, era dono de um repertório musical e intelectual invejável, o que fazia do experiente Dr. Lecter o contraponto perfeito da sua co-protagonista.

Clarice Starling não possui um grande momento de destaque, ou um ápice durante o filme, ela é uma personagem que mesmo sendo uma aprendiz, que dar o melhor de si, sofre tentando esquecer seu passado difícil e deseja mudar, tornando-se uma agente do FBI. Jodie Foster entende com clareza o sentido das motivações de Clarice, e as executa de um modo certeiro, aproximando-a do público.

A força motriz do filme é a relação entre os dois protagonistas. Sendo que o envolvimento se inicia quando Clarice é mandada pelo seu chefe para tentar conversar com Hannibal Lecter, que pode ajudar a entender a mente – ou até mesmo dar pistas sobre a identidade ou paradeiro – do assassino em série conhecido como Buffalo Bill, que à aquela altura já havia matado 5 mulheres e arrancado pedaços de suas peles.

O jogo dos diálogos mostram a determinação de ambos e o duelo travado pela novata policial para conseguir chegar em algum nome ou lugar. O jogo de câmeras do diretor destacava o rosto dos atores em planos fechados, priorizando as expressões e as reações aos acontecimentos.

A trama começa de fato quando a filha da senadora Ruth Martin é raptada por Buffalo Bill, mobilizando com ainda mais urgência a busca pelo assassino crossdresser. A partir daí, o filme entrega uma narrativa de muito suspense, com Hannibal manipulando todos ao seu redor – exceto Clarice – e calculando cada passo, e os esforços da quase policial para extrair alguma informação do prisioneiro.

O eixo de O Silêncio dos Inocentes se forma em volta das figuras dos psicopatas, seres humanos que por algum motivo ainda desconhecido agem como irracionais com sede de morte, sangue e seu próprio prazer, seja sexual ou não. Quando o roteiro adaptou a obra de Thomas Harris, não esqueceu de mostrar também a psique humana e a loucura de Buffalo Bill, cujo nome verdadeiro era Jame Gumb. Interpretado por Ted Levine, o serial killer foi uma pessoa extremamente repreendida através de anos de abusos sistemáticos, o que ajudou a desenvolver seu lado assassino. Levine se preparou para o papel de uma forma semelhante a como Anthony Hopkins se dedicou ao Hannibal, mas sem tanta intensidade, pois sua participação era menor. Pertence a Buffalo Bill uma das cenas mais marcantes do longa, onde o público pode ver seu interior doentio.

O Silêncio dos Inocentes é um terror com viés psicológico, sem sustos, excesso de sangue, violência ou qualquer outra marca registrada do gênero. O suspense vai se firmando de acordo com o desenrolar dos eventos, com viradas imprevisíveis na história e uma tensão que se eleva quando chega o terceiro ato.

O esforço da equipe do filme gerou um reconhecimento imediato, o status de clássico e inúmeros prêmios, dentre 5 Oscar nas principais categorias: Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Ator, Melhor Atriz e Melhor Roteiro Adaptado. Hannibal Lecter passou a integrar o panteão dos principais vilões do cinema, ao lado de nomes como Darth Vader e Norman Bates, além de imortalizar os olhos de Anthony Hopkins na história.