Mulher-Maravilha – Crítica 2 | Quando surge algo novo no Front

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Numa atividade crescente de expandir a mitologia do seu universo e embasar, cinematograficamente, os seus personagens, a Warner/DC apresenta o quarto filme da sua linha de universo super-heroico compartilhado: Mulher-Maravilha.

Mulher-Maravilha traz Diana (Gal Gadot), filha da Rainha Hipólita (Connie Nielsen), que, desde pequena, sonha em se tornar uma guerreira amazona, como as que são (duramente) treinadas por sua tia, a general Antíope (Robin Wright). Seu ponto de virada é a chegada de Steve Trevor (Chris Pine) em Themyscira, no meio de uma fuga após uma mal-sucedida missão de espionagem em território inimigo.

Steve é, da forma mais relutante possível, o elo entre a humanidade e as amazonas que, após tantos anos de reclusão em sua ilha misticamente protegida, se tornaram cada vez mais ignorantes sobre o mundo moderno e suas instituições, tradições e regras que nem mesmo o militar sabe ao certo explicar. Boa parte do humor do filme nasce do choque cultural entre Steve e Diana enquanto um tenta desvendar o que o outro realmente é.

A natureza humana é, ao mesmo tempo, protagonista e antagonista do filme que se foca em suas nuances e consequências. Diana, a despeito do que vemos em Batman vs Superman, acredita numa versão idealizada da humanidade, que é boa e pura. O conflito que nasce dessa idealização contra a realidade ratifica o papel do herói (nesse caso, uma heroína) como uma figura que, arquetipicamente, deve estar acima dos outros como um exemplo moral.

Apesar do ritmo explosivo (literalmente, em certos casos) do filme, ambientado já no período final da guerra, a diretora Patty Jenkins consegue trazer uma contribuição maior do que uma protagonista feminina, explorando aspectos normalmente pouco explorados em filmes (filmes de guerra, especialmente) como a pluralidade étnica e cultural, especialmente o pluralismo linguístico.

No geral, Mulher-Maravilha traz algo novo ao DCEU e contextualiza a personagem (além de oferecer uma novíssima adaptação de quadrinhos aos cinemas), mas não se prende muito às discussões que aparecem em tela, em parte por se tratar de um filme ambientado num passado que, no contexto geral do universo cinematográfico construído pela DC, não faz tanta diferença, se não pela nítida melhora de tom e ritmo que, esperançosamente, ditarão o futuro desses personagens no cinema.