Mulher-Maravilha é o raio de amor e esperança que a DC precisava

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Finalmente chegou o aguardado momento em que a Mulher-Maravilha, principal heroína da DC Comics e uma das mais famosas no mundo dos quadrinhos ganhou seu filme solo. Em um segmento onde Batman, Superman e os demais heróis do sexo masculino dominam, o evento é um marco notável na história do cinema, mas será que o filme fez jus à personagem?

A DC Comics não estava tão bem quanto deveria nos cinemas, roteiros desajustados, piadas fora de timing, adaptações duvidosas de personagens queridos dos fãs e diversos outros defeitos pontuavam as adaptações cinematográficas da editora, e cada vez mais deixavam grande parte de seus seguidores desacreditados. Mas parece que finalmente as coisas estão entrando nos eixos, aquele sentimento de vermos dois ou mais filmes em um, ou a constante busca pela tonalidade e direção correta do roteiro parece ter sido acertado em Mulher-Maravilha.

Patty Jenkins consegue nos entregar uma trama que é no mínimo coesa, que tem começo, meio e fim, bem como aparar muitas arestas que foram deixadas nos filmes anteriores, mantendo um visual que é fiel ao que foi apresentado por Zack Snyder (inclusive as tradicionais cenas em câmera lenta), mas melhorando muito no quesito luz e cores.

As sequências em Themyscira são deslumbrantes, mostrando um verdadeiro paraíso que contrasta com a escuridão do mundo dos homens que passa por um período de sofrimento em meio à 1ª Guerra Mundial, fato que inclusive é ressaltado pela protagonista no primeiro contato com esse novo mundo. Ainda falando sobre a terra natal da heroína, pude notar uma belíssima adaptação daquela sociedade em que as mulheres treinam para ser as mais fortes e se preparar para o momento em que forem necessárias, bem como se precaver para um inevitável ataque de Ares, o Deus da Guerra.

Gal Gadot apresenta uma incrível Mulher-Maravilha, inocente, forte e que ainda tem muito o que descobrir sobre a humanidade, sim, humanidade, pois o filme não se presta à definir o nosso mundo como um mundo dos homens, e sim, seres criados por Zeus que foram envenenados pelos poderes de Ares. Chega à ser irônico pensar o quanto Gadot foi criticada quando havia sido anunciada para o papel, e hoje, vemos que a escolha foi certeira, a atriz é um poço de carisma e você não se cansa de ver a heroína demonstrando todo o seu potencial em meio aos horrores da guerra.

Apesar de ser uma clara evolução em relação aos demais filmes do UEDC, Mulher-Maravilha ainda apresenta alguns problemas em sua trama que poderiam ter sido resolvidos com soluções simples, sendo o maior deles o terceiro ato, que usa uma solução ruim para apresentar o antagonista e dar motivação para que a heroína revele seu verdadeiro potencial, apressando as coisas para que começasse logo a porradaria e o confronto final, mas comparado ao que vimos, posso dizer que o estúdio está no caminho certo para o sucesso, e se essa melhora for ainda maior em Liga da Justiça, teremos um grande filme chegando em Novembro.

Falando em Liga da Justiça, o filme deixa de lado o que está por vir, sendo que poderiam ao menos ter mencionado a grande guerra das Amazonas, humanos e Atlantes contra os Parademônios, e incorporado o evento ao árduo treinamento das Amazonas, mas o roteiro preferiu se ater apenas à história de Diana, o que não é necessariamente uma coisa ruim, visto que um dos grandes problemas de Batman vs Superman: A Origem da Justiça foi ter subtramas demais.

O maior sentimento passado por Mulher-Maravilha é o de esperança, não nos humanos, mas na DC, aquela chama que estava quase extinta se reacendeu e parece que finalmente estamos saindo daquela era de trevas em que os filmes estavam e estamos entrando na era dos heróis que inspiram e iluminam a humanidade, não apenas com seus poderes, mas com seus corações.