Patsy Walker, A.K.A Hellcat | Uma gata surpresa

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“Eu fiz minha parte. Já Vinguei e Defendi. 
Só quero ficar tranquila por um tempo e ajeitar a vida.”

Se você já gatassistiu o seriado da Netflix Jessica Jones, provavelmente conheceu Patricia “Trish” Walker, a adorável miau amiga de Jessica e que estrela um programa de rádio e já foi uma estrela infantil. Bom, esqueça ela. Essa não é a nossa Patsy. Na verdade, é, mas é diferente.

Nossa Patsy Walker é, na verdade, uma personagem veterana de quadrinhos no mundo real, tendo estreado em 1944 como a protagonista de um quadrinho romântico juvenil publicado pela precursora da Marvel Comics: a Timiau. Ou melhor, a Timely Comics. A parte divertida disso é que os quadrinhos continuam sendo, de certa forma, cânones da personagem.

Patsy enfrenta a fama do seu passado obscuro. Miau.

Muitas das aventuras da Patsy publicadas pela Timely Comics também são histórias em quadrinhos dentro do Universo Marvel, escritos pela mãe de Patsy, Dorothy Walker, relatando as aventuras da adolescência da filha. Ou seja, personagens clássicos como Tubs e Hedy estão de volta (Não que você os conheça.) (Eu também não conhecia.).

Escrito por Kate Leth (Vampirella) e desenhado por Brittney Williams (Samurai Jack), Patsy Walker, A.K.A Hellcat! traz uma Patsy recentemente desempregada tentando criar uma firma capaz de ajudar pessoas com super-poderes que não querem uma vida de heroísmo a conseguir empregos normais. Ao mesmo tempo, ela tenta recuperar o direito de seus gibis das mãos de sua rival Hedy para impedir que estes continuem a ser publicados.

Patsy Walker é uma mistura bem sucedida do clássico com o moderno, não se dando ao trabalho de omitir qualquer um dos dois através de retcons. A Patsy que vemos herda o mesmo status quo de suas últimas aparições em Mulher-Hulk vol 3 (inédito no Brasil) e também invoca, sem dificuldade, acontecimentos e elementos de edições antigas de Vingadores ou Defensores, além de relacionamentos recentes como os construídos durante a minissérie Marvel Divas, demonstrando o amplo conhecimento cronológico que Leth possui sobre a heroína que não se preocupa em esconder que já morreu ou que já passou um tempo no Inferno. E melhor, não deixa isso estragar o clima ameno de seu gibi.

Jones e Walker. A dupla da Netflix ganha vida nos quadrinhos.

Ao se permitir ser livre, Patsy Walker, A.K.A Hellcat! consegue abordar praticamente qualquer tipo de tema, mas em um cenário muito mais otimista do que o normal. É como se o quadrinho se ambientasse em uma grande bolha – ou, nesse caso, seria uma caixa de areia? – de felicidade, mesmo nos momentos tristes. A mensagem essencial de Patsy Walker não é outra senão “siga em frente”. Talvez com um pouco de “olhe para o lado”…

A arte de Brittney é adorável e, mesmo em seu estilo único, consegue variar. Não se espante se Patsy acabar se parecendo com um demônio ou com um filhote de gato entre um quadro e outro, são apenas suas mudanças de humor genialmente transmitidas pelas ilustrações da jovem desenhista.

A gata de Mark foi só uma entre as dezenas de mascotes que figuraram as seções de cartas do quadrinho.

A adoração por gatos e mascotes da equipe criativa também é evidente. Na verdade, a seção de cartas do título foi povoada pelos bichinhos dos leitores durante todas as suas edições. Você deve ter notado que piadas e trocadilhos com gatos também não faltaram. Provavelmente é porque elas são muito engatadas. Digo, engraçadas… Miau.

Tendo durado 17 edições mensais compiladas ao longo de três volumes (Hooked on a Feline, Don’t Stop Me-Ow e Careless Whiskers) do jeito que suas criadoras pretendiam, Patsy Walker, A.K.A Hellcat! se conclui como mais um dos sucessos da Marvel em busca de diversificar suas fileiras criativas e midiáticas desenvolvendo quadrinhos para todos os tipos de públicos e certamente vale os pelos ser lida.