Por que Exterminador do Futuro 2: Julgamento Final continua tão majestoso?

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Chegar aos cinemas com a responsabilidade de ser o sucessor de um dos maiores e melhores filmes dos anos 80 era uma tarefa no mínimo, colossal. O baixo orçamento e as dúvidas em torno de “Exterminador do Futuro” (1984), não impediram o projeto de ser um fenômeno unânime de crítica e bilheteria, como também de conquistar um lugar no panteão de filmes clássicos oitentistas. O longa emulava brilhantemente elementos de ação, ficção científica e terror slasher numa história instigante e cheia de momentos antológicos. Além disso, o clássico catapultou as carreiras dos ainda desconhecidos James Cameron, Arnold Schwarzenegger e Linda Hamilton ao estrelato.

Anos depois, o visionário James Cameron decide finalmente lançar a tão esperada sequência de O Exterminador do Futuro. Com os retornos dos atores Arnold Schwarzenegger e Linda Hamilton, em 1991 estreava o magistral “O Exterminador do Futuro 2: O Julgamento Final“. Não era apenas um continuação, mas uma grandiosíssima evolução do antecessor, tanto em termos narrativos quanto visuais. O Julgamento Final tornou-se um hit instantâneo e, imediatamente, referência de como devem ser filmes de ação e ficção científica.

A trama direta e objetiva não esquece de divertir o espectador, trazendo uma história cheia de diversão e personagens realmente interessantes e carismáticos. Aqui, a Sarah Connor de Hamilton deixou de ser a jovem indefesa e frágil para se tornar a mulher que talvez seja a maior heroína do cinema. Sarah teve de lidar com a enorme responsabilidade de ser a mãe do futuro líder da Resistência humana contra as máquinas, mudando radicalmente sua vida e treinando John Connor desde cedo para a liderança na Guerra do Futuro. O incrível desenvolvimento da personagem foi um dos elementos mais marcantes do longa e ela ainda hoje é lembrada como uma das primeiras e melhores protagonistas femininas do cinema.

Ao lado de Hamilton, Edward Furlong e o veterano Schwarzenegger brilham como John Connor e T-800 (ou Tio Bob), respectivamente. O ator mirim entrega um sagaz John Connor, rebelde em fase de transição para a adolescência, mas também cheio de carisma e inteligência. Enquanto isso, Arnold se diverte interpretando o símbolo da franquia, mas desta vez, substituindo toda a implacabilidade do filme anterior pelo objetivo de proteger o futuro líder dos humanos. A interação dos dois personagens funciona de modo tão primoroso que é impossível não se conectar emocionalmente com a relação de menino e monstro.

Por sua vez, Robert Patrick, o T-1000 dá vida a um dos maiores vilões não só da cultura pop, mas do cinema em geral. O ciborgue de metal líquido traz o senso de perigo e urgência necessários, fazendo o público temer sua intensa presença através da movimentação e trejeitos do T-1000. O fato de ser mais avançado que o modelo do T-800 estabelece um caráter opositivo, como que se Exterminador 2 fosse um filme de embate entre velhos e novos efeitos especais.

A narrativa simples, porém, anabolizada em relação ao primeiro filme, é extremamente bem executada em tela, apostando na fórmula do maior e melhor. Sendo esse o grande trunfo da produção, repleta de cenas de ação memoráveis e icônicas, uma melhor que a outra. Os efeitos especiais revolucionários são outro ponto alto. Embora a produção use mais de 300 takes com efeitos, apenas 42 são digitais, pois o diretor optou por preservar o uso de efeitos práticos criados por Stan Winston, inventor do conceito visual de personagens como o Predador e o próprio T-800. O esmero da produção foi tamanho que garantiu o Oscar na categoria de Melhores Efeitos Especiais na cerimônia de 1992.

A trilha sonora, mais uma vez, ficou a cargo de Brad Fiedel, que fez releituras de temas do longa de 1984 e energizou as novas faixas para ficar à altura do frenesi da ação. A sonoridade conversa de modo primoroso com a visualidade impecável, desde a ambientação da Guerra do Futuro até as cenas de pesadelo, como também a anatomia dos exterminadores, todas ditadas pela fotografia vivaz com o apoio da suntuosa trilha de Fiedel.

Vencedor de quatro Oscars, O Exterminador do Futuro 2: Julgamento Final é um jovem clássico que décadas depois do seu lançamento não envelheceu nada. É daqueles raríssimos casos onde a sequência supera a qualidade do original. James Cameron evoluiu a história ao ponto de ebulição, estabelecendo uma mitologia própria levando o experimento com efeitos especiais e ação ao auge, recheado com perseguições de tirar o fôlego. Até hoje é cultuado como o “Poderoso Chefão” dos filmes de ação, bem como um dos primeiros blockbusters a destacar o empoderamento feminino numa época onde Hollywood sequer sonhava com essa questão. Mesmo com o volume cada vez mais elevado de super produções que invadem as salas de cinema ano após ano, Exterminador do Futuro 2 continua majestoso ocupando o merecido trono há vinte e oito anos.

Aproveite e confira nossa crítica de O Exterminador do Futuro: Destino Sombrio, o mais novo longa da franquia!