Punho de Ferro | Marvel e Netflix apresentam mais uma série com potencial, mas que demora a engrenar

1
1275

Mais uma série da Marvel em parceria com a Netflix está chegando e nós tivemos a oportunidade de assistir os 6 primeiros episódios de Punho de Ferro. Confira a seguir, numa análise sem spoilers, o que achamos da série até agora:

Punho de Ferro traz o retorno de Danny Rand à cidade de New York, após 15 anos treinando na mística cidade de Kun Lun. Literalmente. A série não se preocupa, de forma acertada, em fornecer explicações diretas para o espectador, que desbrava a mitologia do personagem no decorrer da trama.

Mitologia amplamente atrelada ao cânone original do personagem que, em essência, é totalmente aproveitado em uma releitura atual do herói. Além dos que aparecem pessoalmente em tela, personagens como Yu-Ti, Shou-Lao e Davos são citados por Danny ao longo da série, assim como Kun Lun e suas peculiaridades.

Por sinal, tudo isso contrasta com um debate levantado nas redes sociais sobre a escalação de Finn Jones no papel de Danny Rand: Deveria o personagem ser interpretado por um ator asiático em vez de um ocidental branco, tendo em vista todo o pano de fundo oriental que envolve a série? Muito se discutiu sobre a questão nas redes e, por mais que as reclamações sobre a ocidentalização dos personagens façam sentido, o Danny da série também faz, inclusive, é interessante notar que a série mostra uma certa inversão de valores, onde o personagem é aceito por uma cultura estrangeira ao ponto de se tornar uma figura ímpar, mas quando retorna para sua cultura mãe sofre rejeição.

Sim, ele poderia ter vindo de um background diferente que não alteraria em nada o personagem em si, uma vez que sua personalidade não depende de ser um ocidental branco. Mas ele é. E estar inserido em um contexto oriental, tendo ele próprio absorvido essa cultura e levá-la como filosofia de vida no decorrer dos episódios, mostra muito como se pode ir além das barreiras étnicas para se fazer o bem. É apropriação cultural? Quem sabe. Mas, por outro lado, a ideia de só asiáticos lutarem artes marciais não fortaleceria um estereótipo? Um Danny branco em 2017 talvez seja delicado, mas se mantém em consonância visual com os quadrinhos. Bom ou ruim, funciona.

O resto do elenco, desprovido de tamanha discussão prévia, consegue arrumar seus lugares ao Sol. Colleen Wing (Jessica Henwick) é uma grande adição à série, ficando bastante à vontade no seu papel de uma sensei que realmente acredita nos códigos que segue. Suas cenas de luta (que, até então, não são poucas) são realmente sensacionais.

Os irmãos Joy Meachum (Jessica Stroup) e Ward Meachum (Tom Pelphrey) representam o lado corporativo da série, sendo mais sérios, racionais e, em certas ocasiões, impiedosos. Tendo dificuldade de se adequar ao mundo que Danny traz consigo em seu retorno e suas consequências, eles podem ser confundidos como antagonistas, mas esse posto pertence ao Tentáculo, organização que já apareceu em Demolidor.

A representação de um lado mais elitista da cidade é interessante de ver e traz novas possibilidades para o ambiente do Universo Marvel que a Netflix está construindo, justificando, mais uma vez, a importância de termos um Danny Rand e não um Shang-Chi estrelando essa série (embora nós ainda te queiramos, tá, Shang?).

As lutas são boas, mas não excelentes. Apesar de Danny ser um lutador extremamente habilidoso, algumas das cenas não fazem jus a isso ou simplesmente não envolvem desafio o suficiente para que o confronto se torne interessante, influenciando diretamente no andamento da série, que só consegue encontrar um ritmo a partir do episódio 6 (e não sabemos se vai manter), outro fator que pesa negativamente nas lutas é o uso restrito dos poderes do personagem, apesar de serem usados em momentos chave, é possível notar mais uma vez a economia feita nos efeitos especiais.

O que vimos até aqui nos mostrou um Finn Jones seguro de seu personagem e que aparentemente está apto para exercer seu papel como Punho de Ferro, porém temos de admitir que o andamento inicial da série se mostrou lento demais para um personagem tão enérgico, tendo alguns momentos de calmaria e diálogos excessivos, de qualquer forma, isso demonstra o cuidado no desenvolvimento do pano de fundo dos personagens e da trama.

O final do sexto episódio abre uma porta para eventos que podem ser interessantes até a finalização da temporada e dar maior vazão para o potencial de Rand e seus inimigos, o que fica guardado para o dia 17 de março desse ano, quando a série completa estreia através do sistema de streaming da Netflix.