Seria ‘Vida’ o ‘Alien’ da nova geração?

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Como consumidor de filmes de ficção científica, me sentia um pouco incomodado por um dos reis do gênero ter perdido seu brilho ao longo dos anos, claro que estou falando da franquia Alien. Depois de nos entregarem um Prometheus “morno,” Covenant é a promessa de um retorno aos dias de glória dos Xenomorfos, mas não estamos aqui para falar sobre Alien e sim, sobre Vida!

A introdução acima é necessária, pois Vida deixa muito claro que usa Alien como fonte de inspiração, a trama é simples e clara, existe um alienígena dentro de uma nave, que rapidamente se torna uma ameaça, tanto para a tripulação quanto para a humanidade em geral.

Assim como acontece tradicionalmente nos filmes de ficção científica, Vida começa extremamente calmo e até um pouco desinteressante, mas isso muda completamente quando a real ameaça é revelada e começam os jogos de sobrevivência. Ao contrário do já citado Alien, o alienígena de Vida é extremamente calculista e cruel, dotado de uma inteligência e habilidades que colocam qualquer um em perigo, o grande ponto deste filme é que você sente raiva daquele ser e quer que o derrotem o quanto antes, o que é raro nos dias de hoje, encontrar um vilão ou ameaça que sejam bons o bastante ao ponto de causar alguma reação no espectador.

A dupla de roteiristas Rhett Reese, Paul Wernick do ainda não lançado Deadpool 2, entregam um roteiro que se fecha muito bem e foge dos clichês padrão do gênero, isso não significa que o filme não tenha seus clichês, os estereótipos estão presentes (o cara que faz cagada, o que quer ser o engraçadão, a mulher forte, o herói), mas eles acabam fazendo isso de uma forma um pouco mais sutil, que acaba deixando o filme mais interessante, com um final inesperado.

Com relação às atuações, gostaria apenas de fazer uma ressalva para Ryan Reynolds, depois de seu excelente trabalho como Deadpool, o ator prova que mais uma vez não serve para um papel mais “sério”, sua atuação é caricata demais e acaba incomodando, acredito que o momento mais marcante do ator nesse filme seja o momento em que ele não está atuando e sim, a equipe de efeitos especiais, quanto aos demais, todos convencem em seus respectivos papéis, e é legal ver Jake Gyllenhaal lidando mais uma vez com uma catástrofe (mesmo que em menor escala).

O diretor Daniel Espinosa consegue entregar um filme com a profundidade que merece, o clima de claustrofobia e desespero é transmitido a todo momento. Fica clara sua sinergia com a equipe de efeitos especiais, o alienígena (carinhosamente batizado de Calvin) está muito realista, bem como sua movimentação pela nave que é fluída. Ainda falando sobre efeitos especiais, uma coisa que incomoda um pouco são os líquidos em gravidade 0, que em alguns momentos ficam muito artificiais e tiram um pouco do brilho da cena, mas nada que atrapalhe a experiência.

Vida é o tipo de filme perfeito para assistir no cinema, ele se aceita como um integrante da comunidade de ficção científica e tenta inovar o que já foi feito (remetendo até mesmo ao filme Gravidade), se você precisa de algo para se divertir, esse é seu filme. Não espere um filme megalomaníaco ou com uma profundidade absurda, espere um filme divertido.