“Com grandes poderes vêm grandes responsabilidades”
Com o lançamento de Homem-Aranha: De Volta ao Lar, existem agora 6 filmes titulares do personagem desde 2002, esse ritmo pode não ser muito incomum hoje em dia, mas a franquia do aracnídeo tem a característica única de ter sido reiniciada diversas vezes nesse período de 15 anos. Muitos se ressentiam com O Espetacular Homem-Aranha simplesmente porque existia, uma crítica totalmente sem fundamento.
Assistir novamente os 3 filmes dessa primeira trilogia foi uma lembrança de como os produtos acabados pareciam trabalhos de amor do diretor. O primeiro filme conseguiu manter a história de origem interessante e encantador, desenvolvendo um tom que continuaria durante as sequencias. Raimi também não teve medo de vincular esse filme com filmes de super-heróis considerados clássicos pelo publico, como o Superman de Christopher Reeve ou o Batman de Tim Burton. Existe uma clara influência presente neste filme, que mostra uma apreciação do que faz o gênero do super-herói funcionar.
Fazer uma história de origem não é uma tarefa fácil, elas tendem a ser difíceis e há muitas coisas que precisam ser explicadas para o entendimento do grande publico no universo iniciado. Embora o sucesso possa, em parte, ser devido à simplicidade de como o Homem-Aranha começou sem outras adaptações do personagem para servir de comparação ou pelo fato de não existir tantos Haters virtuais na época, é certo que mesmo com um elenco duvidoso, um diretor competente produzir um bom filme quando o roteiro é bem escrito.
A descoberta de poderes de Peter Parker foi algo bem incorporado na estrutura do filme, ele descobre que pode fazer algumas coisas legais e tenta usar essas habilidades para impressionar uma garota antes de descobrir o tipo de responsabilidade que ele carrega ao obter esses poderes. Isso foi bastante direto, e foi feito muito bem feito, o teor cômico combina com a ambientação apresentada pelo filme, quem aqui lembra da cena clássica do protagonista aprendendo a utilizar seus poderem falando “Sai Teia”.
A Sequência
O ápice dessa trilogia possivelmente, foi a sequência. Homem-Aranha 2 aproveitou todos os pontos positivos do primeiro filme e melhorou, incluindo a adição de um dos principais adversários do aracnídeo, o Dr. Otto Octavius, também conhecido como Dr. Octopus. Enquanto o primeiro era sobre Peter Parker descobrindo seus poderes, o segundo filme coloca esses poderes à prova, mostrando o peso colocado sobre uma pessoa por ter uma habilidade tão especial e o sentimento de tal responsabilidade.
O filme consegue distribuir igualmente o tempo entre a apresentação do vilão e o amadurecimento do herói, tendo como resultado em um arco eficiente para o personagem de Octavius, Alfred Molina era quase tão perfeito quanto o papel poderia requisitar para um filme que conseguiu encontrar o equilíbrio perfeito entre diversão e os momentos mais dramáticos da trama.
O Peter Parker interpretado por Tobey Maguire é entediante, tal detalhe pode ser ignorado quando o ator está mascarado, mas as cenas com trajes civis passam uma sensação de vergonha alheia ao público, mostrando um Peter fragilizado e chorão, cujo único objetivo é correr atrás da ruiva interpretada pela Kristen Dust, também trazendo uma interpretação digna de pena de uma das personagens mais icônicas da mitologia da aranha.
O Fim da Trilogia
Existem muitas queixas de que o filme estava sobrecarregado com muitos vilões e da falta de caracterização do protagonista, havia muito James Franco em uma de suas piores atuações e muito tempo desperdiçado com a personagem de Kirsten Dunst num arco desinteressante. Todas as queixas podem muito bem ser válidas. No entanto, chamar Homem-Aranha 3 de um filme “ruim” parece um exagero.
Raimi acabou mantendo nesse terceiro filme todos os elementos que fez a franquia tão amada pelo público, especialmente em relação aos problemas de relacionamento entre Peter e Mary Jane, mas isso pela terceira vez, se torna repetitivo e enjoativo, tomando o tempo que poderia ser investido nos novos personagens introduzidos no decorrer da adaptação.
Homem-Aranha 3 é um filme que tem muitas coisas boas como a primeira aparição do simbionte alienígena, dois vilões populares da mitologia ganhando suas primeiras aparições cinematográfica, mas quando todas essas coisas boas foram combinadas de uma só vez, elas se tornaram uma bagunça. No geral, o filme é divertido o bastante para não merecer tanto ódio.