Surfista Prateado – A morte de tudo que já foi e que virá a ser

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Entre tudo que existiu, existe e existirá, há uma prancha. Poderosa. Entre tudo que aconteceu, acontece e acontecerá, há uma prancha. Indestrutível. Entre as estrelas que viraram supernovas, iluminam o universo e gestarão em nebulosas, há uma prancha. Cósmica. Surfando pelo tempo, pelo espaço e pelas estrelas, há uma prancha. Muita coisa pode acontecer em uma prancha.

Concebido através da percepção cósmica de Dan Slott, trazido à vida pela extravagante imaginação transcendental de Michael Allred e colorido numa sinfonia espacial pelas sublimes mãos da celestial Laura Allred, o Surfista Prateado da Totalmente Nova Marvel não podia ser menos que o sucesso colossal que foi.

Inicialmente publicado no Brasil entre as páginas da revista Universo Marvel, o título migra suas últimas histórias para um volume próprio sob o nome “Os Últimos Dias do Surfista Prateado“, fazendo sua ligação com o evento que devorou toda a linha editorial da Marvel e seu próprio status quo como conhecíamos: As Guerras Secretas.

Os eventos de Guerras Secretas afetando a vida da dupla.

Mas nem só de Guerras Secretas vive o volume. Continuando a trama de suas aventuras anteriores, o leitor é brindado logo de cara com a história “Felizes para Nunca“, vencedora do prêmio Eisner de 2016 na categoria Melhor Edição Única/One-Shot, onde o Surfista Prateado e sua companheira Dawn Greenwood precisam conduzir seis bilhões de seres (órfãos de um mundo graças ao apetite de Galactus) para um novo planeta.

A narrativa visual da edição é fantástica e imersiva. Com os “quadros” formando, de maneira totalmente não convencional, quando unidos, uma Fita de Möbius, Slott e Allred obrigam o leitor a enxergar a história de todos os ângulos e pontos possíveis múltiplas vezes. Como a representação viva do Tempo e do Espaço, a história pode (e deve) ser lida de trás para frente e até de cabeça para baixo. Tudo é lindamente narrado pela Rainha Nunca, a entidade que é a encarnação de toda possibilidade e enamorada de Eternidade.

“Impossível!” “Não para mim.”

A relação entre a dupla que dá vida ao título também é explorada. Dawn continua brava por saber que o Surfista é um antigo arauto de Galactus, sendo cúmplice na destruição de diversos mundos. Mas nem mesmo essa tensão consegue apagar o espírito alegre e bem-humorado dos dois, que edições como “A Nova Vida de Norrin Radd” demonstram.

O que não quer dizer que toda a essência melancólica do Surfista é esquecida por Slott/Allred. A entrada das Guerras Secretas, apesar de ser uma decisão editorial alheia à dupla criativa, encaixa como uma luva em toda a proposta da série, se tornando o fechamento perfeito para um volume perfeito.

À salvo do Mundo Bélico criado pelo Doutor Destino na mega saga de Jonathan Hickman, o Surfista e Dawn se encontram fora de toda a existência conhecida, na terra do Não-Podia-Não-Devia-Ser e, imbuídos do poder do Moldador de Mundos para recriar o verdadeiro universo, eles começam a se questionar: Se você pudesse refazer o universo, o faria melhor ou igual? Os monstros precisariam continuar existindo? E os erros? Os problemas?

“Não podemos escolher outros passados.”

O dilema e as reflexões no limite do universo que se passam nas edições “A Morte de Tudo que já foi e que Virá a ser”; “Difícil Recomeço” “Seu Universo”, atestam a qualidade do trio criativo enquanto oferecem uma nova perspectiva sobre o plano cósmico das coisas na Marvel. A fase se encerra (apenas para recomeçar na Totalmente Diferente Nova Marvel) enquanto tomamos consciência da importância de sermos “pequenos” no universo. E que, de vez em quando (ou de nunca em vez), uma prancha chamada Amim existirá entre tudo que existe e não existe. E muita coisa pode acontecer em uma prancha.

Os Últimos Dias do Surfista Prateado, englobando as edições originais de Silver Surfer 11 a 15, conta com 124 páginas em papel LWC, lombada quadrada e já está à venda nas bancas de todo o Brasil com o preço de capa sendo R$ 16,00.