[ANÁLISE] The Division 2 – Déspotas de Nova Iorque | Desafiador e frenético

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The Division 2 foi lançado há quase um ano e teve uma recepção positiva por tentar consertar eventuais problemas do jogo anterior, como a falta de conteúdo após terminar a campanha.

Numa decisão ousada, a Ubisoft decidiu que as DLCs seriam gratuitas, fazendo com que jogadores que tivessem comprado o Passe de Temporada apenas tivessem acesso às missões especiais com uma semana de antecedência.

Infelizmente, a coisa começou a azedar quando os conteúdos disponibilizados eram muito curtos e simples, além da tentativa constante da desenvolvedora de reequilibrar o jogo afetando builds de muitos jogadores, deixando-os mais “fracos” e derrubando certas combinações de itens que os deixavam como um Rambo e sem equilibrar outros aspectos, como o dano dos inimigos.

Vendo os jogadores abandonando o jogo, insatisfeitos, a Ubisoft decidiu trabalhar numa expansão paga com uma campanha nova, cheia de novidades, e uma atualização gratuita que iria revitalizar diversos sistemas do jogo, incluindo o de loot.

A expansão conta com um mapa que é um velho conhecido dos jogadores: Nova Iorque, próximo a Wall Street, durante o verão. Para aqueles que não sabem, o primeiro jogo passava-se em Nova Iorque, durante um inverno rigoroso.

E falando em retornos, a ameaça desta vez é ninguém menos do que Aaron Keener, um dos antagonistas do título anterior.

História

Mesmo que você não tenha jogado The Division 1 ou até mesmo o 2, é possível entender a história sem maiores problemas, apenas não pegará algumas pequenas referências e outros rostos conhecidos que retornam.

A Divisão é uma força especial do governo de agentes que permanecem em estado “dormente” espalhados pela América aguardando um chamado de emergência para entrar em ação. Durante um ataque de armas biológicas na Black Friday, a civilização colapsa e você é acionado, junto com muitos outros, para tentar salvar o mundo ou melhor dizendo, o que restou dele.

Aaron Keener foi um dos primeiros agentes da Divisão a mudar de lado, traindo a força especial devido a interesses pessoais. Sendo um mestre estrategista de intelecto brilhante, Keener trabalhou em conjunto com o homem que ajudou a criar o vírus da catástrofe e fugiu da cidade, sem deixar pistas.

Após um novo ataque com uma arma biológica mais perigosa ainda, ele volta para Nova Iorque mas junto de um pelotão de tenentes extremamente perigosos e com tecnologia de ponta.

Cada um destes soldados possui uma especialidade importante que faz com que o time de Keener seja uma verdadeira ameaça, sendo intitulados os Déspotas de Nova Iorque.

Durante a campanha, você deverá caçar cada um deles, na ordem que preferir, enfrentando seus exércitos altamente treinados e mortais, para eliminá-los e conseguir pistas até a localização de seu líder.

A campanha não é longa, mas irá depender muito da sua habilidade e da forma que você irá jogar. The Division 2 é melhor jogado em cooperativo, mas não é uma tarefa impossível encará-lo solo.

É possível terminá-la entre 6 a 8 horas, caso você não desvie muito dos seus objetivos e não vá explorar o mapa, por mais tentador que seja.

Mesmo que não seja longa, uma coisa é certa: ela é extremamente divertida e variada, fazendo com que cada tenente obrigue você a repensar suas estratégias e visitar locais diferentes, sempre muito bem detalhados e cheios de confrontos tensos.

Jogabilidade

Um dos pontos altos do jogo quando lançado, era sua jogabilidade fluida e fácil de se aprender.

Mover-se pelas coberturas, protegendo-se dos tiros e procurando pontos estratégicos para abater inimigos variados é extremamente divertido.

Você reencontrará velhos conhecidos, como os Cremadores que pelo nome sugestivo, possuem uma paixão exagerada por coisas incendiárias, incluindo lança-chamas que irão te obrigar a movimentar-se constantemente para não virar churrasco.

Inclusive, a inteligência artificial dos inimigos está mais afiada do nunca. Se você é daqueles que gosta de ficar entocado dando tiros de longe, tenho péssimas notícias para você.

Os inimigos são implacáveis e agem de diferentes formas. Por exemplo, alguns irão avançar até a sua posição, outros irão jogar coquetéis molotovs e granadas onde você está para obrigar a você sair do lugar, além dos franco atiradores que ficarão esperando o momento certo para que você coloque a cara de fora da cobertura para te abater.

Esses são os inimigos ditos “normais”, já que há alguns especiais com blindagens absurdas e habilidades especiais, como flash cegante, que poderão fazer com que o confronto acabe rapidamente caso você tome a decisão errada de sair da posição antes da hora.

Jogar com um companheiro irá exigir uma atuação dinâmica, com diferentes posições sendo tomadas porque caso todo mundo morra, terá que recomeçar o confronto.

Por falar em confrontos, os pontos altos são as batalhas com os chefes, os Déspotas. Cada batalha irá favorecer a especialização de cada, colocando o jogador em situações extremamente desafiadoras e tensas.

Por diversos momentos, você irá se ver encurralado com inimigos brotando por todos os lados e o chefe tocando o terror com fogo, hologramas ou armas pesadas, tudo de forma criativa, bem pensada e explorando bem o cenário das lutas.

Esse conjunto de fatores faz com que cada embate seja único e divertido. Se no jogo base alguns confrontos eram repetitivos e monótonos, na expansão você ficará com o pé atrás sem saber o que esperar e deverá adaptar-se constantemente.

Após vencer os chefes, os jogadores irão desbloquear novas habilidades, como um holograma para confundir inimigos e uma bomba “pegajosa” que fará um belo estrago, principalmente a inimigos blindados.

O que mais chama a atenção na expansão é o novo mapa, enorme e cheio de locais diferentes aguardando para serem explorados.

Não é difícil você estar indo em direção a uma missão, mas acabar fazendo um desvio porque viu algo curioso e decidiu investigar. Por muitas vezes, sua investigação poderá resultar no encontro de algo bem útil, por isso vale a pena jogar com calma.

Como algum tempo se passou, mesmo que você tenha jogado The Division 1, tudo está bem diferente, inclusive por fenômenos naturais que mudaram alguns aspectos da cidade.

A expansão requer que o jogador tenha um personagem no nível 30 para iniciá-la. Caso você não tenha e queira entrar na história assim mesmo, não tem problema: você terá a opção de criar um personagem no nível 30 que receberá equipamento adequado. Após entrar em Nova Iorque, o nível máximo do jogo passa a ser 40.

A atualização mexeu em um dos aspectos mais profundos do jogo: seus itens. Antigamente, você iria obter muita coisa dos inimigos, mas raramente coisas úteis, enchendo seu inventário com lixo e, para piorar, com descrições e detalhes não muito claros.

Com a atualização, os status e habilidades dos itens foram simplificados. Itens mais poderosos terão mais vantagens claras em relações a outros, auxiliando o jogador na escolha do que lhe for mais conveniente.

Por mais que isso seja bom, a atualização mexeu em itens já existentes de muitos jogadores, que levaram muito tempo para conseguir, e mexeu para pior: enfraquecendo-os, estragando builds inteiras. Felizmente, não é difícil conseguir loot melhor, mas que irá irritar muitos jogadores, isso é fato.

Um novo sistema de temporadas, semelhante a um passe de batalha, encontrado em diversos jogos atuais, também será implementado.

O objetivo será manter a base de jogadores ativa, adicionando conteúdo constante e melhorias.

Esse novo recurso será implementado aproveitando-se da história, com novos agentes para serem caçados, mas só o tempo dirá como realmente irá funcionar na prática, por mais que a ideia seja promissora.

Infelizmente, o jogo contou com diversos bugs no lançamento, até prendendo jogadores em certas áreas do mapa sem ter como sair ou fazendo com que NPCs necessários a progressão do jogador ficassem desativados.

Os problemas não foram tão graves e a Ubisoft agiu rapidamente para consertá-los, o que não representou grandes empecilhos para a jogatina. Fato que vale notar é que a empresa tem ouvido constantemente o feedback dos jogadores para consertar eventuais problemas.

Considerações Finais

Déspotas de Nova Iorque era a revitalização que The Division 2 precisava. Recheada de conteúdos novos, melhorias e uma história divertida, é uma tacada bem dada da Ubisoft para recuperar velhos jogadores e atrair novos.

Por mais que algumas dessas mudanças, como o sistema de equipamento, sejam extremamente necessárias e profundas, irão soar bruscas para aqueles já acostumados, principalmente com personagens já construídos.

Se os conteúdos futuros mantiverem este nível, é certo de que o jogo ainda irá render muita diversão.