[CRÍTICA] Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore | Até encanta, mas levanta preocupações

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Aproximadamente quatro anos após o lançamento de Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindewald, PotterHeads e fãs da nova saga do mundo bruxo finalmente poderão conferir a nova etapa da trama através de “Os Segredos de Dumbledore”, que como no nome indica, abordará a vida de um dos personagens mais queridos do universo de Harry Potter.

Desenterrando narrativas jamais reveladas por Alvo Dumbledore ou sequer pelo “Profeta Diário”, jornal de referência no universo de Harry Potter, o novo filme da franquia se demonstra mais aventuresco e enérgico que seu antecessor.

Em termos de narrativa, Dumbledore (Jude Law) sabe que o poderoso mago das trevas Geraldo Grindelwald (Mads Mikkelsen) busca sorrateiramente tomar posse do mundo da magia, mas infelizmente, ele não pode enfrentar o bruxo extremista diretamente, o que faz com que ele tenha que recorrer novamente à ajuda do magizoologista Newt Scamander (Eddie Redmayne).

Dumbledore e Grindewald

Uma das principais características do novo longa, que é necessário deixar bem claro desde já, é a história do bruxo mais poderoso de Hogwarts com o vilão. Ao longo da narrativa, existem diversos diálogos em torno da relação de ambos e até mesmo as reações dos personagens conseguem transmitir muito bem o que eles sentem um pelo outro.

Ambos possuem uma ligação que, aos olhos de boa parte do público, se traduz na busca por poder e interesses pessoais.

Os méritos da maior parte dessa conexão entre os dois são refletidos claramente na atuação de Jude Law, que agora tem mais tempo de tela, deixando explícito porque é uma boa adição ao elenco.

Desenvolvendo sutilmente as emoções em tela, o ator conquista o público pelo tom solene, replicando um pouco da iteração de Richard Harris e Michaek Fambon como Dumbledore.

Do outro lado da moeda temos Grindewald, que por mais que a atuação de Mads Mikkelsen traga um tom frio e persuasivo ao personagem, parece faltar uma pitada de tom ameaçador. Mesmo assim, o ator entrega um bom antagonista, que é capaz de fazer qualquer coisa para obter o poder absoluto que tanto busca.

Quem sabe esse estilo mais agressivo seja melhor desenvolvido no próximo filme? Afinal, o plano até então é que haja cinco filmes da franquia. Vale lembrar também que Mikkelsen foi trazido para a saga às pressas, por conta das polêmicas envolvendo Johnny Depp, o que talvez explique sua falta de familiaridade com o personagem.

‘Roteiristicamente’ falando…

Se você espera que ‘Os Segredos de Dumbledore’ reinvente a roda, pode ir abaixando as expectativas! Depois de dois filmes com roteiros totalmente escritos por J.K. Rowling, ficou claro que a criadora desse universo precisava da ajuda de alguém que entende a indústria do cinema e é aí que entra Steve Kloves, responsável pelo roteiro dos filmes de Harry Potter.

Isso se reflete em uma alteração (um pouco drástica) de curso da história, trazendo a trama de Credence (Ezra Miller) para segundo plano, algo que era um dos temas principais nos longas anteriores.

A história do personagem virou somente uma nota de rodapé enquanto há uma narrativa maior sendo desenvolvida. O fato pode trazer um gosto agridoce para alguns fãs que esperavam algo superior.

Em tese, o roteiro busca beber da fonte ‘ficção x realidade’, pois procura mesclar a história do mundo mágico e o contexto mundial da época, já que esse confronto entre bruxos faz severa alusão aos líderes autoritaristas com extremo carisma em meados da segunda grande guerra. Sendo assim, é inevitável um confronto de bruxos e defensores dos “nomaj”, ou se preferir, “trouxas”.

Algo interessante que o longa traz, após um grande apelo dos fãs brasileiros, são as referências à escola de bruxaria brasileira. Vicência Santos, interpretada por Maria Fernanda Cândido, que por mais que não tenha um grande destaque em falas, tem um grande papel dentro do Ministério da Magia. Isso por si só deve abrir caminhos para histórias que se passem aqui ou até outros personagens.

E Scamander?!

Desde o primeiro filme é perceptível que o personagem Newt Scamander (Eddie Redmayne) não é o foco da franquia, surgindo apenas como “menino de recado e entrega” aos mandos de Dumbledore.

Mesmo assim, a atuação de Redmayne continua constante como anteriormente, sem tirar ou acrescentar.

Já que não temos muito sobre o passado do personagem, ao menos o roteiro traz figuras que ajudam a encorpar o personagem, tais como a participação extensa de seu irmão prodígio, Theseus Scamander (Callum Turner). Além disso, ao lado de Jacob Kowalski (Dan Fogler), o personagem tira bons risos da audiência.

Por falar em Fogler, o ator continua servindo como o alívio cômico da trama, mesmo que um subtexto dramático tenha sido dado a ele.

Apontem suas varinhas

É claro que não irão deixar de fazer comparações com os dois longas anteriores da franquia, mas ao invés de analisar os pequenos artifícios, destaquemos as maiores distinções.

Diferente do primeiro, ‘Os Segredos de Dumbledore’ entrega uma gama maior de combates mágicos e que realmente enchem os olhos, mergulhando mais a fundo na premissa do verdadeiro mal a ser combatido. Isso também mostra que a seriedade e nebulosidade do filme anterior também foi deixada de lado.

O terceiro longa da franquia consegue apresentar com maestria as melhores coisas que o roteiro poderia trazer de seus dois antecessores, mas mesmo assim, as perguntas deixadas em aberto levantam preocupações sobre a continuidade da trama.

O que seria possível desenvolver para uma sequência e qual será seu foco? No terceiro filme, a parceria entre Rowling e Kloves (que foi um grande acerto) parece ter fechado e centrado a história, mesmo que ainda faltem dois filmes para encerrar o acordo inicial. Será que os planos mudaram?

Qual será o próximo passo de Grindewald? Já que o filme não dá pistas ou gancho sobre o futuro do vilão. Além disso, qual será o futuro de Scamander? Até lá, ‘Animais Fantásticos’ será “Os Segredos da Warner”.