[CRÍTICA] Annabelle 3: De Volta Para Casa | Um bom entretenimento que não assusta

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A boneca Annabelle começou a aterrorizar as salas de cinema em 2014, quando fez sua primeira aparição no universo de Invocação do Mal, desenvolvido por James Wan. Com um fôlego absurdo e a ideia praticamente inovadora de construir um universo cinematográfico de filmes de terror, Wan abriu um leque enorme de possibilidades e histórias paralelas envolvendo Ed (Patrick Wilson) e Lorraine Warren (Vera Farmiga) – e seus famosos casos sobrenaturais, misturando realidade com (quem sabe) ficção.

Annabelle 3: De Volta Para Casa mostra exatamente como essa boneca amaldiçoada foi parar no armário da sala de relíquias dos Warren. Mas o mais interessante no longa, é mostrar como a fama do trabalho exercido por eles influencia na vida pessoal da família e na convivência de Judy (Mckenna Grace), filha do casal. E é justamente na menina e na babá Mary Ellen (Madison Iseman) que a trama se foca.

Como entretenimento, o longa não possui defeitos. A história desenvolve bem, os personagens são legais e carismáticos (principalmente o “Bob das Bolas”, vocês vão entender) e apesar de Wilson e Farmiga ficarem como coadjuvantes, os demais conseguem carregar o filme tranquilamente – e isso é ótimo.

O problema fica justamente na proposta principal do filme, que é o terror. Falando de suspense, há momentos de tensão, mas o longa apela para clichês bobos de assombração, parecendo ter se esquecido que algumas coisas já foram utilizadas exaustivamente nos cinemas (perdi as contas de quantas vezes batem à porta nesse filme). A impressão que se tem do longa é que foi propositalmente amenizado, com poucas cenas visualmente impressionantes e ,muito alívio cômico, para servir a uma gama bem maior de audiência.

Por ser um filme solo da Annabelle, espera-se um certo destaque da boneca, que é a principal ameaça do longa, mas todas as ameaças contidas na sala de relíquias dos Warren acabam ofuscando o tema principal. Não há problema nisso, claro, mas parte da proposta se perde, gerando um certo desconforto em relação título do filme, que sugere uma coisa, mas que acaba mostrando outra.

Ao que parece, todo o planejamento inicial de Wan, de criar um universo compartilhado aterrorizante, acabou se perdendo para dar lugar a um universo de mitos rasos e pouco explorados, que perderam a inovação e já demonstram alguns sinais de cansaço.