[CRÍTICA] Chamas da Vingança | Entre Pequenos Espiões e Brightburn

0
373

Passamos um pouco da época em que as adaptações cinematográficas baseadas em livros geram Êxtase no público em geral, mas vez ou outra isso ainda acontece! Chamas da Vingança, novo filme da Blumhouse e Universal Pictures, traz outro conto de Stephen King para as telonas, mas será que era realmente necessário?

Usando como base o livro A Incendiaria, neste remake do filme lançado em 1984, seguimos um pai e sua filha, Andy (Zac Efron) e Charlie (Ryan Kiera Armstrong). Ambos têm poderes sobrenaturais e buscam fugir da agência conhecida como ‘A Loja’, que tenta prendê-los para estudar seus poderes e reproduzir em outros seres. Nessa jornada, Charlie tenta entender como tem poderes de incendiar as coisas usando a mente.

Vale lembrar que mesmo que a trama se passe nos tempos atuais, o conto original foi desenvolvido no período da guerra fria, onde experimentos supostamente foram feitos em seres humanos, situação que se reflete nos protagonistas. Dito isso, se o filme tivesse sido ambientado neste período, talvez a aceitação de alguns aspectos fosse mais aceitável.

Por conta do roteiro que entrega respostas rápidas para algumas questões, o espectador pode acabar ficando confuso e se vendo obrigado a fazer um exercício mental para ligar pontos que são desenvolvidos de forma mais fácil no livro. O longa trata de contar uma história de ficção e apenas isso, sem muito envolvimento com os personagens ou sensibilidade com o próprio enredo. Sendo assim, leva a um desenvolvimento jogado com desfecho questionável.

O diretor Keith Thomas acaba não conseguindo nos empolgar com o filme, trazendo resquícios do gênero de terror, mas sem muito sucesso. Além de  ‘Chamas da Vingança’, o cineasta também é conhecido por ‘The Virgil’, um longa pautado pelos jump-scares.

Se já não bastassem os problemas vistos ao decorrer da trama, acontecimentos que crescem excessivamente ou explicações jogadas, a estrutura da atuação também é severamente abalada, fazendo com que apenas Zac Efron tenha de conduzir a trama e que o público dependa do leve carisma de Kiera Armstrong.

O filme tem seus instantes iniciais até que interessantes, trazendo um desenvolvimento para o enredo, assumindo uma forma leve, mas em pouco tempo, acaba assumindo algumas semelhanças bizarras com Brightburn. Os antagonistas não impressionam e acabam sendo piores do que genéricos, com desfechos que beiram o “tosco”.

Informações acerca do custo para a produção não foram reveladas, todavia, o que é visto em tela dá a impressão de que o orçamento do filme não é dos maiores, já que o longa apresenta efeitos especiais questionáveis e que deixam a desejar.

Na maré de problemas é bom destacar o ápice do filme: sua trilha sonora. Assinada por John Carpenter, as melodias emanam fortes sentimentos e tensões, por mais que tudo que ocorra em tela seja ruim.

Stephen King por sua vez, é um dos autores que tem mais adaptações baseadas em seus contos, mas até que ponto Hollywood ainda vai insistir em adaptações risíveis das obras de King? Não seria melhor trazer o escritor para dentro das obras e construir uma versão agradável e interessante ao público?

Anteriormente, King já havia dito que o ‘Chamas da Vingança’ original era uma dos piores adaptações de seu material, mas parece que a nova versão conseguiu superar o feito.

O filme sequer foi divulgado com amplitude no Brasil ou em outros países, mas levando o fato do possível baixo orçamento e de pertencer à Blumhouse, podemos esperar algum retorno.

Caso utilizassem Zac Efron para a divulgação do título, talvez o público se interessasse mais em visitar os cinemas para conferir, mas não há muito que pudesse ser feito para salvar a produção, tendo em vista que ela provavelmente vai acabar caindo no esquecimento rapidamente.