[CRÍTICA] Samantha! – 2ª Temporada | Séries brasileiras também são dignas de atenção

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Samantha! é uma série brasileira original da Netflix. Na trama, acompanhamos a vida de Samantha, uma ex-atriz mirim dos 80 – que agora tenta não só voltar aos holofotes, mas ser levada a sério como atriz! A segunda temporada da série chegou recentemente ao catálogo da plataforma e foi o suficiente para nos deixar ansiosos por mais.

Em seus sete episódios, o programa consegue manter um humor estável e suas piadas variam muito, sem deixar a série repetitiva. Eles abusam da personalidade dos personagens, fazendo com que a maior parte do humor funcione como uma piada interna entre o roteiro e o espectador.

Isso acaba se tornando um problema. Se você não tem intimidade ou se identifica com o personagem, a piada não funciona e o roteiro se torna artificial. Essa situação é bem recorrente no elenco infantil, que apesar de ter um bom texto, ainda não sabe como trabalha-lo, afastando o espectador da trama.

A situação muda na metade da temporada, quando a série encontra seu rumo e passa  abordar um tema mais sério: o amadurecimento de Samantha. Criada na TV desde cedo, a atriz tem um desejo de se sentir amada a todo momento. A segunda temporada tenta destruir esse aspecto da personagem, fazendo-a evoluir como pessoa.

Claro, apesar de tratar de assuntos mais adultos, o humor não é deixado de lado – mesmo com o final mais sério.

O elenco de apoio está muito bom, Daniel Furlan (Marcinho) e Douglas Silva (Dodói) roubam a cena e carregam boa parte das cenas cômicas. Toda a trama envolvendo a mãe de Dodói, Socorro (Zezeh Barbosa), é bem interessante e trata de forma inteligente a maternidade tóxica.

O destaque, lógico, vai para Emanuelle Araújo (Samantha). A atriz consegue trazer camadas para a personagem, que parecia ser bem unilateral no começo; os traumas da pequena Samantha são bem trabalhados, e Emanuelle consegue externiza-los, sem apelar para um drama barato – e sem deixar as coisas muito obscuras.

Conseguimos entender um pouco sobre o comportamento mimado da pequena Samantha – seus traumas de infância e porque ela cresceu sem limites. De maneira sensível, o roteiro trata dos problemas da atriz mirim, em um dos melhores episódios da série; que é bem mais dramático do que humorístico.

Os acertos da primeira temporada continuam: as brincadeiras sobre a TV brasileira nos anos 80, sub-celebridades de internet e a futilidade.

Samantha! É uma boa série, que ainda tem muito para aprender – mas vem evoluindo, é fácil de assistir e com certeza, vai conquistar o seu coração.