Conhecendo Lauren Myracle, a escritora mais polêmica da DC Comics!

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“Você não tem o direito de influenciar as jovens a seguir seu terrível caminho só porque você foi uma menina de moral deturpada desde muito cedo. A escola da minha filha não vai glorificar uma das minions de Satã.”

É o que diz um dos vários e-mails furiosos que Lauren Myracle recebe. Lauren é o terror dos pais conservadores nos Estados Unidos. Frequentemente, ela entra na lista de autores mais banidos e contestados do país.

Seus livros costumam trazer temas como sexualidade, drogas e violência. Tudo isso regado a palavrões. Muitos palavrões. E, embora ela possa exagerar em alguns desses aspectos, a maior bronca das editoras e dos pais – para variar – é com a sexualidade.

Seu livro “Luv Ya Bunches” chegou a ser removido de feiras escolares por ter, entre suas personagens, um casal de mulheres que também são mães.

“Uma criança ter duas mães não é ofensivo para mim, e não devia ter que ser ‘corrigido’”, ela disse, na época, em entrevista. Como o livro era voltado para crianças entre 9 e 12 anos, ela até removeu os palavrões. Mas deveria?

Lauren não faz isso para ser polêmica, mas para retratar a realidade e encorajar o público mais jovem a pensar. Ou, como ela mesma diz, em um artigo para o HuffPost: “Eu quero que meus livros façam a diferença. Talvez um romance que eu escrevi seja o pior pesadelo de um adulto, mas também pode ser a salvação de uma garota quando ela se sentir triste e sozinha.”

Apesar de todas as críticas, o desafio mais recente de Lauren tem sido um bem mais divertido: escrever uma graphic novel para o novo selo da DC Comics, o Ink Spots.

“Não pesquise a mitologia, não pesquise sobre os personagens. Estamos querendo você e outros autores para trazer sangue novo”, foi o que ela ouviu, quando foi convidada para escrever a Hera Venenosa e, depois, em definitivo, a Mulher-Gato.

Funcionou.

Under the Moon: A Catwoman Tale” (ou “Sob a Lua: Um conto da Mulher-Gato”, em tradução livre) é uma linda história de origem que, tal qual histórias como “Alienígena Americano”, traz uma introdução moderna para uma personagem com anos de cronologia, totalmente pronta para novos leitores.

No gibi, vemos a infância de uma Selina de 15 anos, lidando com vários padrastos abusivos, se metendo em brigas na escola e cometendo seus primeiros furtos. Basicamente, o tipo de história que só Myracle podia escrever de maneira tão sincera e realista.

Mesmo Sob a Lua recebeu sua dose de críticas por conter cenas de violência gráfica e palavrões, como sempre. E, embora a graphic novel pudesse ter um pouco menos de momentos “trigger warning”, isso não apaga o brilho que o primeiro quadrinho de Lauren Myracle tem. Pelo contrário, sua coragem de manter seu estilo apesar de todas as críticas só ressalta o seu valor como escritora.

“Meus objetivos eram: transformar a Selina na anti-heroína gatuna que ela é, e fazê-la alcançar sua independência. E gatas são uma metáfora tão boa pra ela. Enquanto um homem vê uma gata como uma criatura sexy e furtiva, eu vi que elas sempre caem de pé. São independentes, predadoras e presas, ao mesmo tempo, então se adaptam. E isso vale para as mulheres também.”