[CRÍTICA] The Flash | A prova de que existem bons roteiros com protagonistas ruins

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O mês de junho se inicia, porém a trama abordada no mais recente filme de super-heróis da Warner, The Flash, é praticamente o mesmo visto em Homem-Aranha: Através do Aranhaverso.

Barry Allen (Ezra Miller) busca sempre salvar a todos, mas ao tentar conseguir a liberdade de seu pai da prisão, decide por tentar retornar ao passado para salvar sua mãe e evitar que o fato ocorresse. Como é de se esperar, essa decisão acaba trazendo consequências catastróficas, mostrando que nem sempre é possível mudar o inevitável.

Primeiros passos

Quando falamos de materiais que tratam sobre viagem no tempo, seja ‘De Volta Para o Futuro’, com Marty McFly (Michael J. Fox) ou ‘Homem do Futuro’, estrelado por Wagner Moura, todos os eventos são catalisadores para a construção e desenvolvimento da história, e qualquer coisa alterada pode causar problemas.

Há algumas semanas, acompanhamos as teias do destino de Miles Morales, onde o personagem tenta mudar eventos canônicos. Poucos dias depois, Flash repete a mesma narrativa, buscando apresentar ao público a ideia de amadurecer personagens considerados jovens e irreverentes.

Por si só a proposta é simples, interessante e divertida, se bem executada em tela, Mesmo que o roteiro apresente algumas incongruências narrativas, sejam ligadas a relacionamentos amorosos ou construção de laços, a produção assinada por Christina Hodson (Aves de Rapina e Bumblebee) consegue se desenvolver bem.

O ponto principal dos infortúnios deste projeto não sua criação em si, questionada por muitos, mas sim com a pessoa por trás do papel principal. Ezra Miller, ao mesmo tempo que busca ser um personagem introvertido, arrancando risos, ultrapassa certos limites ao correr do enredo, fazendo com que o espectador se canse de acompanhá-lo.

Outros responsáveis por assumir tempo de tela, e dar fôlego a ela, são Supergirl (Sasha Calle) e Batman (qualquer uma das versões). Eles podem até trazer dúvidas ao público, mas a trama multiversal acaba forçando a necessidade desses personagens.

O que realmente acontece é que esses personagens acabam tomando totalmente o brilho que deveria pertencer ao protagonista.

O problema da corrida é o caminho até a linha de chegada

Tendo em vista a magnitude de The Flash e o quanto o filme promete entregar em termos de construção do Universo DC nos cinemas, sendo definido por muitos como o “recomeço deste Universo”, é claro que a estética visual deveria ser uma prioridade, principalmente em termos de computação gráfica, que é um recurso mais do que necessário aqui. Infelizmente, esse parece não ter sido o caso aqui.

O processo de produção de The Flash foi extremamente conturbado, passando por múltiplos roteiristas e diretores, além de uma troca de comando na Warner Bros., o que fez com que tudo isso se refletisse no resultado final do projeto.

Devo confessar que as melhores cenas em The Flash são estreladas por outros personagens que não o protagonista, ou situações que não exijam aperfeiçoamento em CGI, que sem dúvidas é o que mais pesa no filme.

É notável que o diretor Andy Muschietti se esforçou para se adequar ao futuro do Universo DC traz, mas sem esquecer do passado. Porém, ele não conseguiu atingir o desenvolvimento que merecia.

O material exibe o mesmo “defeito de fabricação” que Cyberpunk 2077, onde era necessário mais tempo para um desenvolvimento aprimorado, mas a pressão de empresários e marcas fizeram com que ele saísse antes da hora.

Como dito, o filme não é ruim, pelo contrário. The Flash tenta ser um presente da Warner para os fãs da DC. Tem um roteiro legal, que serve como um bonito embrulho e laço, porém o conteúdo da caixa não chega nem perto da qualidade da embalagem.