Kong, que bocarra é essa, meu filho?

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Existe certa magia em assistir monstros gigantes saindo na mão – ou nas garras. A criança interior, já veterana na arte de fazer seus brinquedos favoritos lutarem (até a morte), vibra de satisfação ao ver milhões de dólares sendo convertidos na produção de filmes dedicados a fazer isso acontecer. Eu, não.

Kong: A Ilha da Caveira não é, sob qualquer aspecto, um filme inovador. Mais parecido com um Jurassic Park 3 wannabe do que qualquer outra coisa sobre monstros que eles pretendessem entregar, o filme ainda se cerca de personagens cuidadosamente construídos ao redor de determinados estereótipos que os impedem de ir além. O conceito de universo compartilhado, oficializando uma “franquia de monstros” nesse filme, também já é uma moda cada vez mais cansativa, embora, ao menos aqui, consiga ser executada com maestria.

E, de qualquer forma, ser inovador não parece algo que a mais recente releitura do gorila gigante mais famoso do mundo se proponha a fazer, de qualquer forma. Apostando em uma história objetiva recheada de ação e humor, Kong: A Ilha da Caveira entrega o que existe de melhor no quesito “PEGA A PIPOCA QUE HOJE VAI ROLAR PORRADA, JORGINHO.”

“Esse é o bonde da doideira na Ilha da Caveira”

Nesse mesmo ritmo, os personagens cativam pela simplicidade e pelo talento de seus intérpretes. Tom Hiddleston aqui encarna o charmoso aventureiro James Conrad, que ao lado da destemida fotógrafa Mason Weaver (Brie Larson) e do rígido general Preston Packard (Samuel L. Jackson), são convidados a fazer parte de uma expedição chefiada por Bill Randa (John Goodman) e Houston Brooks (Corey Hawkins) para explorar uma ilha até então desconhecida, mas já habitada por humanos como o lunático e divertido Hank Marlow (John C. Reilly) e monstros como o próprio Kong.

“TÁ PEGANDO FOGO, BICHO!”

Os visuais são óbvios e pouco criativos, preferindo miniaturizar ou agigantar animais comuns e apostar em figuras visualmente pré-históricas (porque não existe um Jurassic Park sem o Jurassic), restando para a qualidade dos efeitos visuais a tarefa de embelezar o filme. O 3D é uma boa pedida, tendo em vista que algumas cenas foram claramente concebidas para esse formato de exibição (nunca vou esquecer daquele monstro pulando em mim).

Em suma, Kong: A Ilha da Caveira consegue ser extremamente dosado, a despeito da megalomania que poderia ter assumido, e cumprir seus objetivos com mais graciosidade do que a maioria de seus concorrentes poderia apresentar, apostando na força do elenco e dos punhos de um gorila gigante.