Agora, em 2022, alguns meses após o lançamento do filme, é possível falar um pouco mais sobre o filme sem o espírito do hype montado nas costas gritando o quanto o filme é bom (e ele é BOM DEMAIS!!!).
Vou deixar pra vocês uma análise simples sobre o filme feita pelo meu amigo Lucas e, em seguida, todos os detalhes que eu fui capaz de captar nesse maravilhoso exemplo de CINEMA, ARTE E HERÓIS (no caso, vilões).
O Esquadrão Suicida (2021), como costuma ser com as obras do James Gunn, começa imediatamente colocando o foco em um personagem, sendo este o veículo do espectador na figura do Sábio (Michael Rooker). Nos primeiros segundos fica estabelecido o caráter duvidoso e maldoso do nosso protagonista temporário quando o mesmo mata cruelmente um pobre passarinho.
Nos minutos seguintes, a premissa do filme e os outros membros do esquadrão são brevemente apresentados por um rosto conhecido, Rick Flagg (Joel Kinnaman, totalmente reformulado e muito mais confortável no papel se comparado a sua última aparição).
Por mais que os outros personagens tenham seu espaço, a câmera está sempre com o Sábio, silencioso e introspectivo, deixando o espectador ter suas impressões sobre todas aquelas figuras.
Impressões essas que não duram muito, já que todos, exceto Flagg e a Arlequina (Margot Robbie, ambos dispensam apresentações) morrem das formas mais brutais e hilárias possíveis, aproveitando ao máximo a classificação R Rated (+16 no Brasil), incluindo o nosso “herói”.
Antes do foco mudar para a segunda e verdadeira equipe que carrega o filme, o Gunn maliciosamente entrega um momento catártico onde um pássaro igual ao que o Sábio matou na abertura se alimenta do seu cérebro.
Um humor extremamente cruel e cínico, mas que funciona perfeitamente pela cara de pau com que o diretor o entrega.
Segundo Jim Lee, esse pássaro seria uma referencia a Canário Negro, a responsável pela prisão do Sábio no filme. Isso é uma informação externa ao filme, que muitos levaram como canônica, quando na verdade o próprio Gunn desmentiu esse rumor.
Devido ao sacrifício não-voluntário da equipe A, que serviu de distração graças ao meticuloso plano da pragmática Amanda Waller (Viola Davis, excelente como sempre), a segunda equipe tem passagem livre pela praia.
Aqui o Gunn começa a brincar com a estrutura narrativa e volta a história, apresentando nosso verdadeiro protagonista, o Sanguinário (Idris Elba, extremamente carismático), que aceita liderar a equipe após ser chantageado pela Waller com a possível prisão de sua filha.
Integram a equipe o Pacificador (John Cena entregando uma atuação surpreendente), a adorável Caça Ratos 2 (Daniela Melchior em uma estreia digna de estrela experiente), o Tubarão Rei (na voz do saudoso Silvester Stallone) e o Homem Bolinhas (David Dastmalchian).
Nesse breve flashback organicamente inserido, a missão é apresentada e logo voltamos para a ação. Tudo funciona de forma orgânica e o espectador não demora mais que alguns segundos para se situar no tempo da narrativa, que conduz vários arcos de personagem ao mesmo tempo, até alguns já estabelecidos em filmes anteriores, dividindo perfeitamente a atenção entre todos os personagens sem nunca um ofuscar o outro.
Todo mundo tem sua chance de brilhar aqui, de modo que chega a ser difícil falar sobre destaques em um filme tão equilibrado que respeita seus atores, não deixando os veteranos roubar a cena e dando espaço para os menos conhecidos do público. A escolha do Gunn em usar personagens totalmente desconhecidos do público dá a ele essa liberdade.
A liberdade e fluidez do Gunn não ficam só na condução temporal da narrativa e se estende à condução visual do filme como um todo. A película abusa de cores vibrantes, ambientes palpáveis filmadas em locação, com figurantes reais que se misturam à paisagem e à narrativa.
A condução das cenas de ação é energética e empolgante, com forte uso de takes abertos e mais longos que exaltam o trabalho de coreografia executado tanto pelos dublês quanto por alguns atores (John Cena em especial, já que tem bastante experiência em encenação de lutas e a Margot Robbie que se entrega e faz desde contorcionismo a mergulhos), tudo isso perfeitamente integrado com uma trilha sonora original com algumas músicas licenciadas perfeitamente colocadas, que alternam entre diegética e não-diegética com a mesma plasticidade que o Gunn conduz os demais aspectos da obra.
O Esquadrão Suicida de James Gunn é um prato cheio para fãs de filme adaptados de quadrinhos, fãs de cinema num geral e fãs do trabalho do James Gunn. Poucos diretores conseguem um equilíbrio tão bom entre um trabalho autoral, cheio de coração e alma, e o respeito à propriedades vindas de outra mídia.
ALERTA: Se você não viu o filme ainda, cuidado, há spoilers nesse texto, tanto sobre o filme quanto sobre a série do Pacificador.
Aqui termina o texto do meu amigo e as suas impressões sobre o filme e agora abriremos as porteiras para os spoillers e falaremos sobre O Esquadrão Suicida de maneira mais aberta.
Acompanhem essa aventura diretamente dos quadrinhos para as telinhas… Só que não!
A alma “quadrinesca” nesse filme entregue por James Gunn, com aqueles visuais espalhafatosos, falas e ações exageradas junto do humor diferenciado que o Gunn gosta de entregar foram a cereja desse delicioso bolo. Mas nem tudo são rosas…
Tem azul, amarelo, verde, cada cor da paleta que podia ser usada foi — a cena da Arlequina escapando com todo aquele sangue, flores e passarinhos coloridos voando é um exemplo perfeito disso.
Um filme em que quase nada se leva a sério e, mesmo assim, momentos dramáticos nos pegam desprevenidos, vilões agindo como vilões, depois agindo como “heróis”, depois como vilões de novo.
E aí, de repente: MILTON
ESSE MILTON:
Algumas coisas passaram despercebidas sobre os personagens, tanto para os que não conhecem a versão original dos personagens quanto para os que entendem mais do universo dos quadrinhos.
Nesse artigo, vou falar um pouco sobre esses detalhes, acompanhem a seguir um pouco do perfil de cada personagem.
No outro artigo, feito antes do lançamento do filme, eu falei um pouco sobre a origem desses personagens nos quadrinhos. Nesse, vou fazer uma breve comparação das suas versões.
Pra ler o outro artigo, basta clicar na imagem abaixo:
Apesar do filme aparentar entregar muita fidelidade aos visuais dos personagens, não foi bem assim que aconteceu.
Não que isso seja ruim, na verdade, foi ótimo. Graças a isso, tivemos toda aquela reformulação visual incrível no Sanguinário, que, cá entre nós, todas as versões do Sanguinário das HQs antes desse filme tinham péssimos visuais.
As mudanças não param por aí, já que mexeram na personalidade de alguns personagens.
Vou listar abaixo algumas das mudanças da versão HQ comparada à versão do filme, pontuando os detalhes que ficaram mais claros pra mim (qualquer outro detalhe requer uma leitura bem mais aprofundada sobre cada personagem).
Começando por BlackGuard, interpretado por Pete Davidson.
No filme, o vilão do herói Gladiador Dourado dá as caras logo no começo do filme e é apresentado como um cara divertido que veste uma armadura maneira cheia de armas, praticamente um Sanguinário com menos tecnologia.
Tudo bem que todos sabiam que ele seria apenas mais uma bucha de canhão pra morrer na primeira oportunidade, mas, se ele tivesse seus “poderes”, isso talvez não acontecesse tão fácil.
Bom, não eram na verdade poderes em si, mas nas HQs ele utiliza uma armadura ridícula capaz de criar construtos de energia parecidos com os de um Lanterna Verde. Claro, não são tão poderosos quanto, mas, ainda assim, para os perigos apresentados no começo do filme (gente armada) ele seria de grande utilidade.
O próximo da lista é Javelin, interpretado por Flula Borg.
Mais um que recebeu mudanças foi Savant, como é chamado no Brasil, Sábio, interpretado pelo Michael Rooker.
Tudo bem, foi só pra matar um pássaro, mas isso não tira o mérito do quão bom de mira o cara é.
O “problema” aqui com Durlin é apenas questão visual, seu traje remete muito ao traje dos quadrinhos mas a aparência física do ator não.
Eu sinto que a intenção do Gunn com esse filme era tornar o “ridículo” dos quadrinhos ainda mais ridículo e que não faria diferença ser um ator fortão e mais jovem já que o papel desempenhado não requeria isso, mas ainda assim vale ser sinalizado.
Ressaltando que o Rooker tava bem demais no filme, estou apenas pontuando as diferenças entre as versões do personagem.
Se você riu do Doninha, o Weasel, saiba que esse aqui saiu melhor do que o esperado.
O personagem teve a captura de movimento feita por Sean Gunn, irmão do James Gunn.
Diferente do que é apresentado no filme, Doninha a sua versão clássica dos quadrinhos não é uma criatura por completo.
Não é como se importasse a origem daquele bicho, mas seria engraçado saber se ele é realmente um Lobisomen ou um cachorro da raça Galgo-afegão, KKKKKKKKKKKK (Blz, parei).
Minhas expectativas pra personagem não eram altas a nível de achar que ela seria uma personagem impactante no filme, mas imaginava uma guerreira brutamontes e muito forte, como nos quadrinhos, o que não aconteceu.
Isso não me decepcionou por completo, ela estava na minha lista de “esse personagem aqui morre” quando todos os personagens foram confirmados, então a morte dela já era esperada, só não da forma “boba” como aconteceu no filme.
Um adendo é que a forma como ela morreu me tirou risadas mesmo que eu não quisesse que tivesse sido daquele jeito
Mongal, aliada ao seu irmão Mongul Jr já chegaram a lutar contra o Superman e o seu cachorro Krypto em Superman Vol 2 – 170.
Isso é o suficiente pra demonstrar um pouco da força e resistência da personagem, por isso o meu “esperava um pouco mais”.
Outro que teve mudanças que no começo (antes de ver o filme) me deixaram com certo receio e pé atrás foi o Bolinhas, interpretado pelo magistral David Dastmalchian.
“Ué, mas você não disse que ficou perfeito?”
Nos quadrinhos, a sua versão completamente desconhecida não tem poderes.
O Bolinhas que eu imaginava seria algo voltado pra cenas de humor controverso envolvendo as bolinhas do traje, já o Bolinhas que o Gunn criou satirizava a relação do Abner com a sua mãe.
Inclusive, na maior parte das cenas em que o Bolinhas aparece e tem foco no seu rosto, da pra notar que seus olhos estão a passos de lacrimejar ou já lacrimejando. Esse detalhe, aliado ao semblante triste da atuação entregue pelo David, foi uma ferramenta infalível pra que criemos apreço ao personagem.
O Bolinhas dos quadrinhos usa um traje tecnológico roubado, em que cada bolinha no traje faz uma coisa diferente sem que ele saiba exatamente o que a bolinha vai fazer. Eu esperava uma dinâmica maluca e engraçada em que o Bolinhas ao invés de ajudar a equipe, na maioria das vezes atrapalharia por não saber o que as suas bolinhas fariam.
Quando eu penso nesse personagem, imagino uma cena de ação/comédia envolvendo ele e a Arlequina. A cena seria em algum momento de tensão em que a Arlequina diz a ele:
“Vamos, Bolinhas, faça aquela sua coisa”
Fazendo referência a bolinha que ele usou pra matar o colega de equipe anteriormente e ai quando ele jogasse as bolinhas, eram bolinhas como aquelas que saem nas máquinas que costumam ter em shoppings.
Também adicionaria uma cena em que ele está andando na frente do Tubarão Rei e uma das bolinhas cai do traje dele, o Nanaue na sua inocência pega a bolinha no chão e joga na boca, todos na cena gritam:
“NANAUE, NÃO!!!!!”
E, de repente, o Nanaue começa a mascar a bolinha que era, na verdade, um chicletinho.
Mais pra frente no filme faria também uma cena que mostraria o Nanaue ao fundo fazendo balão com chiclete e falando “Nanaue fazer bolinhas igual ao Bolinhas”, essa cena seria mais um artificio pra mostrar o Nanaue tentando socializar e ser uma “pessoa” como ele tenta fazer em vários momentos no filme.
Imagino o humor/montagem dessa cena algo próximo da cena em que o Nanaue mostra o “Pacificador” feito de C4.
E já que citamos o Tubarão Nanaue, ele também sofreu algumas mudanças, tanto visual quanto em sua personalidade.
Tendo captação de movimento feita pelo ator e comediante Steve Agee, ator esse que está atuando na serie Pacificador fazendo o personagem John Economos, e voz por Sylvester Stallone, vamos agora as diferenças do vilão.
A origem de Nanaue citada no filme é a mesma que ele tem nos quadrinhos, como um Tubarão filho de um Deus Tubarão, bem diferente também do Tubarão Rei apresentado na serie The Flash.
Sua aparência física mudou algumas vezes, na fase Os Novos 52 ele mais parece um Tubarão Martelo e a sua personalidade é feroz e meio “burra” voltada pra algo próximo de um humano, que remete ao Tubarão Rei do filme.
Na animação Harley Quinn, o Tubarão Rei tem (na minha opinião) a sua versão mais divertida, um tubarão com jeito humano que gosta de novelas e até livros. A versão do Tubarão Rei na animação da Harley é bem mais inteligente, “pacifista” e menos feroz mesmo já tendo mostrado seu lado animal no desenho em alguns momentos.
Ferocidade essa mostrada no filme como se as ações fossem por instinto (fome, como na imagem abaixo), não por maldade, já que o Nanaue do filme não parece entender muito bem a diferença entre o bem e o mal, o certo e o errado.
De todas as mudanças, Robert Dubois, o Sanguinário, trouxe a mais épica. Interpretado pelo fodão Idris Elba, o personagem não só sofreu mudanças em sua história de origem como também uma repaginada completa em seu visual.
Nos quadrinhos, Robert Dubois recebeu de Lex Luthor um equipamento capaz de teletransportar diversos tipos de armas, aqui a ideia foi atualizada pra algo mais próximo da realidade digamos assim.
O Sanguinário do filme usa uma armadura tática repleta de armas espalhadas por todo o corpo quase que completando a armadura.
A diferença nessa versão pra dos quadrinhos é que as armas são “destacáveis”, cada fragmento da sua armadura é uma arma ou acessório pra uma arma, tendo até um momento em que ele acopla 4 armas em uma só pra formar uma arma maior no final do filme.
E como a arte inspira a vida e a vida inspira a arte, essa versão dos cinemas do Sanguinário foi parar nos quadrinhos e o seu visual foi atualizado pro visual mais que perfeito do filme.
A versão dos quadrinhos me parece um cara bem mais desequilibrado, fora de si, descontrolado, enquanto no filme parecia ser um cara mais de boa apesar de também passar essa sensação na cena em que ele tenta matar a Waller.
E já que estamos falando de visual maravilhoso, chegou a hora da minha musa, a Caça-Ratos II, interpretada pela talentosíssima Daniela Melchior. Tanto a Caça-Ratos II quanto o OCD (em inglês, TDK) foram personagens recriados a partir de outras versões.
Diferente dos outros personagens que James Gunn adaptou diretamente da sua versão original, esses dois são casos especiais. Não falarei sobre o OCD porque o personagem é tão esquecido pela própria DC que mal tem informações sobre ele na internet e até no próprio filme.
Já sobre a Caça-Ratos II, Cleo Cazo, mostrada como filha do primeiro Caça-Ratos falaremos um pouquinho. No filme, o Caça-Ratos I é mostrado como dependente químico e morador de rua. Ele e sua filha são mostrados cometendo pequenos crimes como roubo utilizando os ratinhos.
Nos quadrinhos o personagem foi levado a prisão por um crime envolvendo uma briga de rua. Há toda uma construção narrativa pra que ela se torne a grande heroina no final do filme, as cenas em que ela vê um lado bom até mesmo nos criminosos mais loucos como Sanguinário e o Nanaue citados acima nesse artigo.
A personagem tem sua origem contada, sua história mostrada em algumas cenas e no meio daquele um monte de maluco, ela é mostrada como o “bem”, mesmo sendo uma criminosa, um pouco diferente do Flagg, que é tratado como herói e soldado desde o inicio do filme.
Gunn e Daniela merecem todos os elogios do mundo pelo feito que realizaram nesse filme, a Dani por dar vida a uma personagem nova e desconhecida pelo público mas que foi amada por uma maioria dos que assistiram o filme, e o Gunn pelo trabalho incrível de direção e escolha da atriz.
O cara simplesmente criou uma personagem “do zero”, colocou ela lado a lado com a Arlequina como uma das personagens mais amadas pelo público no geral e ambas tiveram seu destaque no filme.
Lembrando que a Harley já tinha apelo do público tanto por ser interpretada pela incrível Margot Robbie quanto pela sua participação em outros dois filmes anteriores (Esquadrão Suicida de 2016 e Aves de Rapina).
Pra quem amou o trabalho da atriz e quer acompanhar mais, a talentosa estrela estará presente em um filme de espiões que provavelmente vai aos cinemas esse ano.
O filme se chama Assassin Club, além da Dani o filme ainda conta com Sam Neill, Naomie Rapace e Henry Golding no elenco.
Pra fechar com chave de ouro, And his name: JOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOHN CENA
PAM PAM RA PAAAAAM ♪
O Pacificador, muito bem interpretado por John Cena parece ter saído das revistas em quadrinhos quando se trata de traje colorido do Village People, mas nem só de traje vivem as adaptações.
Pacificador, assim como o Sanguinário dos quadrinhos, recebeu uma reformulação na sua personalidade, mais especificamente, uma “suavizada” na sua loucura.
Nos quadrinhos, Pacificador foi descrito nos anos 90 como um “Batman ou Justiceiro com problemas em seu equilíbrio emocional”, esquizofrênico, alucinado, maluco, totalmente BILUTETEIA.
A propósito, mesmo não sendo leitor de Marvel, equilíbrio emocional é algo que o Justiceiro nunca me pareceu ter, KKKKKKKKK.
Voltando ao foco, quando o personagem foi anunciado, eu esperava vê-lo assim, totalmente maluco, pirado, seguindo as ordens da Waller pra “salvar a pátria”, mas ainda assim, louco e pirado e não foi o que Gunn entregou, pelo menos, não totalmente da forma que eu achava que veria.
Entenda, isso de forma alguma é negativo, mas por ter um estilo bem exótico de montar seus filmes, eu jurava que o Gunn utilizaria essa loucura do Pacificador a favor do personagem no filme, tornando-o bem mais odiável do que o personagem já é no filme.
O Pacificador do Gunn é um cara muito ruim porém extremamente carismático, parte pela interpretação magistral do John Cena, parte pela forma que o personagem foi escrito.
Enquanto o Pacificador dos quadrinhos é um cara bem maluco e de pouca risadinha, o Pacificador do Gunn é um cara bem metido a fodão de uma maneira divertida.
“Hey, ninguém gosta de metidos” – Sanguinário
” Se o metido for foda pra caralho, gostam, sim” – Pacificador.
Essa cena explicita a diferença entre as versões quadrinho/filme. A versão dos quadrinhos fala algo parecido nas primeira páginas da fase de 88, mas não nesse tom de piada.
O Pacificador sendo um personagem mais “maluco”, porém tratando tudo com muita seriedade traria uma dinâmica bem mais interessante, pelo menos pra mim.
Sabe aquele lance de todo mundo estar levando a parada “na brincadeira” e ter um cara que está levando tudo muito a sério e isso acaba sendo engraçado?
Imaginava algo nessa vibe.
Se fosse assim, teríamos o Sanguinário, que no filme é tido como um cara mal mas que aparentemente tem algum tipo de redenção a ser caminhada e do outro lado, Pacificador, um maluco que é tido por alguns como herói por “defender” a pátria não se importando com o que precisasse ser feito.
O personagem tem esses traços, mas o fato dele ser tão carismático e em muitas cenas bem divertido, acaba tendo um impacto menor. A cena da morte do Flagg foi o peso na balança pra que ele se tornasse um personagem odiável, mas ainda sinto que precisava de mais, mais coisas.
“Ah, mas ele ia matar a Caça-Ratos“, sim, provavelmente ia e isso talvez tivesse tornado ele um personagem ainda mais odiável e tivesse trazido um impacto absurdo no público já que naquela etapa do filme todos já tinham aceitado a Ratatouille como “a heroina” da história.
Eu não sei se consegui ser claro nas minhas palavras e mostrar a diferença de “odiáveis” versões do Pacificador. Para entender melhor o meu ponto, indico a leitura de Pacificador do Paul Kupperberg, de 1988. Ela mostra algumas diferenças entre as versões do quadrinho e a do filme e da série.
Falando um pouco sobre a série, ela meio que confirma o meu ponto sobre o personagem ser suavizado.
Achava que a série seria a oportunidade do Gunn explorar a loucura do Pacificador, mas ele decidiu fazer isso de outra forma que, novamente reafirmo, NÃO É RUIM, pelo contrário, é foda e divertidíssima.
Contudo, na serie temos o pai do Pacificador que cumpre esse papel de personagem que odiamos, mas achamos fodão por ele ter um traje fodão e ser “mal de verdade”.
Fico feliz com a existência dessa série, pois além dela dar mais espaço ao John Cena mostrar o seu desempenho atuando cada vez melhor e se entregar cada vez mais, temos também um desenvolvimento maior do personagem Pacificador e a oportunidade de conhecer outros personagens como o maravilhoso Vigilante e o detestável Dragão Branco.
Pra quem ainda não começou a assistir a serie, recomendo correr e começar, vocês não sabem o que estão perdendo!
Pra quem leu até aqui, meus agradecimentos e um forte abraço!
Se gostaram do artigo e querem ajudar seus colegas com dúvidas sobre os personagens, compartilhem o artigo.
Também assistam Pacificador na HBO Max, bebam água e sejam feliz!