[ANÁLISE] Horizon Forbidden West | Uma sequência digna e indispensável na sua coleção

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A franquia Horizon estreou no PlayStation em 2017, com o título Zero Dawn, e se tornou um dos principais exclusivos do console, aclamado pela crítica e pelo público. O sucesso foi tão grande que Aloy, a heroína do jogo, virou uma das mascotes da Sony.

Em junho de 2020, durante o evento de anúncio do PlayStation 5, a sequência Forbidden West foi confirmada com um trailer que impressionava e deixou os jogadores ansiosos. O título estava previsto para o final de 2021, mas precisou ser adiado para o ano seguinte.

Finalmente, chegou a data fatídica do lançamento e os jogadores poderão conferir o tão aguardado título da Guerrilla Games. Será que Forbidden West conseguirá ser um sucessor digno e se tornar um dos títulos mais importantes do novo console da Sony?

Responderemos essa pergunta em nossa análise, mas não podemos deixar de agradecer a FSB Comunicação e a PlayStation por nos ceder uma cópia de PlayStation 5!

História

Caso você não se lembre bem de Zero Dawn, Forbidden West traz uma excelente recapitulação dos principais eventos do título anterior e relembra a história da protagonista Aloy. Ela se torna uma lenda após derrotar a perigosa inteligência artificial Hades.

Infelizmente, a paz durou muito pouco. Uma misteriosa praga começa a se espalhar pelo mundo e vai eliminando toda a vida orgânica existente do planeta. Aloy decide investigar e descobre que as respostas estão no perigoso Oeste Proibido.

Por diversos momentos, Aloy acabará presa em situações como conflitos políticos e precisará ajudar aliados para poder prosseguir em sua jornada. Ao contrário do título anterior, os aliados da protagonista são carismáticos, memoráveis, bem construídos e conseguem fazer com que o jogador crie laços com eles.

Em sua jornada, a heroína precisará lidar com novas tribos, máquinas novas e ameaças. Entre elas está Regalla, uma líder rebelde que lidera um exército que controla máquinas e trará muitos problemas para o jogador.

Ao contrário de Zero Dawn, que tinha um início bem lento, Forbidden West coloca o jogador no olho do furacão logo de cara. A narrativa consegue passar o clima dramático e desesperador da trama de forma satisfatória envolvendo o jogador o tempo todo, mas peca por não contar com um vilão carismático e memorável.

A narrativa principal pode ser terminada entre 20 a 25 horas, que passam voando. Felizmente, o mundo aberto rico cheio de missões secundárias e mistérios pode quadruplicar esse tempo facilmente.

Jogabilidade

Forbidden West representa uma bela evolução em comparação com anterior, apesar de herdar alguns defeitos. Além disso, a Guerrilla Games adicionou novidades que tornam a exploração muito mais refinada e agradável, o que era um dos principais problemas de Zero Dawn para muitos jogadores, inclusive eu.

Para começar, Aloy agora conta com uma espécie de gancho que pode criar novas rotas, mas também ser utilizado para escaladas. Por diversas vezes, eu me irritava com a imprecisão e a falta de recursos para escalar em Zero Dawn, mas Forbidden West tornou a mecânica muito mais simples e prática.

Agora, a heroína parece que saiu de Assassin’s Creed e não tem problemas em subir montanhas e outros trechos perigosos com muita habilidade e fluidez. Talvez tenha aprendido com seu primo Jin Sakai de Ghost of Tsushima?

Outra mecânica extremamente agradável é o planador. Ele permite que Aloy, como o nome diz, plane livremente pelo mapa sem problemas. Caso você escale um local alto e queira se deslocar rapidamente para outro ponto do mapa ou apenas descer, basta saltar da beirada, apertar quadrado e curtir a descida sem preocupação em tomar dano.

A heroína também pode mergulhar e explorar áreas submersas, mas Aloy não consegue atacar e nem se defender de eventuais ameaças aquáticas. O jogador precisará agir com cautela para não ser detectado e caso isso ocorra, será necessário fugir para terra firme a atrair a máquina para o combate no solo.

No título anterior, Aloy poderia apenas utilizar para locomoção uma máquina chamada Ariete. Em Forbidden West, a heroína pode domar um número maior de máquinas, até mesmo voadoras, e utilizar para viajar pelo mapa de forma rápida e prática. Algumas máquinas terrestres são imprecisas e não conseguem se locomover tão rápido pelo terreno acidentado, mas o costume tende a reduzir esse incômodo.

A grande novidade também é uma árvore de habilidades muito mais robusta e precisa do que a de Zero Dawn e permite que os jogadores “brinquem” ao criar diferentes builds.

Na seção “Guerreira”, você encontrará habilidades para o combate corpo a corpo. “Emboscada” é voltada para os jogadores que gostam de plantar “surpresas” para seus inimigos. “Caçadora”, na minha opinião, é a mais útil do jogo e foca no ponto mais forte de Aloy: seu arco e flecha.

“Sobrevivente” é para aqueles que desejam que Aloy aguente melhor o tranco do combate. “Sabotadora” traz a heroína brincando de Batman e aprimora as habilidades furtivas. Para finalizar, temos “Maquinista”, que permite a melhora da capacidade de domar máquinas.

Ao encher a barra de experiência, Aloy ganhará pontos para comprar habilidades. Ao completar um conjunto, ela liberará uma habilidade chamada “Impulso de Bravura”, que funciona como um especial. Ao encher uma barra roxa derrotando inimigos, você poderá utilizar um movimento poderoso que mudará o rumo do combate.

Alguns permitem que poções de cura tenham melhor efetividade, imunidade a efeitos causados por máquinas ou dar um golpe mais forte com sua lança. Tudo vai depender da árvore de habilidade que você escolher desenvolver.

Entretanto, nem tudo melhorou em relação a Zero Dawn. Para começar, o combate corpo a corpo continua abaixo do esperado e não há equilíbrio entre as habilidades de Aloy. A lança raramente será uma boa opção para enfrentar máquinas e mesmo que você bata num ponto fraco, ele jamais fará o dano do arco, por exemplo.

Até mesmo em inimigos humanos, o arco continua muito mais útil e potente. Aliás, praticamente todos os inimigos do jogo podem ser despachados no combate a distância ao ponto do corpo a corpo se tornar algo dispensável. Ao upar a árvore de habilidades, há melhorias consideráveis, mas mesmo assim não há comparação com a árvore de combate com do arco.

Eu sentia muita falta de um bloqueio em Zero Dawn, de um movimento de contra-ataque que me permitisse defender no momento certo e revidar. Em Forbidden West, há uma habilidade que permite Aloy usar um escudo. Infelizmente, ela está presa em um Impulso de Bravura. Teria sido muito melhor adicionar o recurso como um movimento regular de Aloy, o que tornaria o combate corpo a corpo mais equilibrado.

Se você esperava uma melhora no sistema de esquiva, sinto lhe informar que isso não ocorreu. Aloy pode rolar, pular e deslizar exatamente como no título anterior. Se essa simplicidade era um defeito para você, vai te incomodar em Forbidden West também. Particularmente, eu esperava uma melhoria para acompanhar outras mecânicas novas do jogo e fiquei decepcionado.

Horizon Forbidden West conta com um sistema de criação mais amplo e muitos recursos para que Aloy melhore seu equipamento e construa itens em bancadas. Para conseguir materiais úteis, você precisará explorar o mundo atrás de baús, caçar animais e enfrentar poderosas máquinas.

Algumas delas possuem peças importantíssimas, mas que precisam ser removidas antes de serem mortas para poder ser coletadas. Isso dá uma dinâmica interessante ao título e obriga o jogador a utilizar suas armas de forma estratégica. Alguns itens especiais somente podem ser obtidos ao completar desafios e arenas de combate.

Agora, as máquinas de Horizon Forbidden West possuem subtipos. Ou seja, dois inimigos da mesma classe podem ter habilidades diferentes, como por exemplo: uma ter ataques elétricos e outra de ácido. Isso obrigará o jogador a utilizar armas de diferentes tipos.

Por falar em máquinas, é impossível não citar os novos inimigos. O estúdio pensou fora da caixinha e criou oponentes que dão trabalho e exigem cautela.

Uma delas é o Rastejador, uma serpente poderosa que apareceu nos materiais de divulgação. Mesmo tomando uma surra dela, eu abri um sorriso no rosto de tão épico, desafiador e divertido que foi o combate. Vou evitar citar as outras para que você tenha a mesma surpresa que eu.

Caso você tenha jogado Zero Dawn recentemente e embarque em Forbidden West, você perceberá que as máquinas que retornam possuem um comportamento diferente e estão muito mais agressivas. Há uma razão para isso na narrativa, bem inteligente e coerente. Então, recomendo já ir se preparando porque você não encontrará moleza.

Inclusive, há um troféu para escanear todas as máquinas. Na última missão, há dois inimigos inéditos que só aparecem lá. Assim que começar o combate, corra para escanear e caso morra, repita o processo. Se deixar de fazer isso e quiser obter o troféu, será necessário recomeçar o jogo inteiro.

Por falar em escanear, a mecânica de foco foi aprimorada. Caso você perceba certas semelhanças com Death Stranding, não é coincidência. A Guerrilla Games utilizou a tecnologia para refazer a mecânica, tornando-a mais detalhada e precisa. Ela pode ser utilizada para detectar fraquezas nas máquinas e é fundamental no combate com inimigos mais poderosos.

O mundo de Forbidden West é muito mais rico e vivo do que Zero Dawn. Isso acontece devido ao número imenso de atividades, segredos e desafios espalhados pelo mapa. As missões secundárias apresentam histórias interessantes e envolventes.

Além disso, há atividades para aprender a controlar novas máquinas, batalhas em arenas inspiradas no antigo Coliseu e seus gladiadores que proporcionam momentos desafiadores e cheios de ação. Caso você queira algo mais relaxante, encontrará um novo jogo de tabuleiro inspirado no Xadrez que virará o hobby de muitos jogadores.

Outro fato que vale citar é como a Guerrilla Games pensou em tornar o jogo o mais acessível para o maior número de jogadores. Há diversas opções para jogadores com problemas de coordenação motora e até visão, pelo modo Copiloto, que permite adicionar um controle auxiliar para outra pessoa dar suporte ao usuário.

Não há opções somente para pessoas com algum tipo de deficiência, mas também para jogadores mais casuais que não querem sofrer para experienciar a aventura. É possível personalizar seu próprio nível de dificuldade com comandos automáticos para cura ou pegar itens, além de ser possível remapear completamente os botões do DualSense.

Aspectos Técnicos

Horizon Forbidden West possui dois modos gráficos para os jogadores escolherem: Fidelidade, com 4k nativos e 30 fps ou Desempenho, com 4k dinâmicos e 60 fps. O primeiro sacrifica a performance para entregar melhores texturas e mais detalhes, mas em comparação ao segundo, não o considero vantajoso.

Os 60 fps fazem uma diferença considerável no combate, enquanto os pequenos detalhes que “somem” são quase imperceptíveis ao olho nu. Eu sou suspeito para falar, já que sempre opto por maior fluidez, mas você pode testar os modos e tirar suas próprias conclusões. Há diversos vídeos de comparação gráfica no YouTube para você entender ao que me refiro caso não consiga ver as diferenças.

Graficamente, o jogo pode ser considerado um marco no catálogo de jogos exclusivos da Sony. O que a Guerrila Games fez é algo impressionante e deixará os jogadores empolgados para o que o futuro reserva para o PlayStation 5, já que o console ainda está no início da geração e seu potencial total está longe de ser atingido. O trabalho de captura facial é soberbo e mostra o quanto o estúdio aprendeu ao longo dos anos.

O DualSense é muito bem utilizado na aventura e cumpre bem o seu propósito: aumentar a imersão. Em combates mais violentos contra máquinas mais fortes, você sentirá o controle tremer de acordo com os impactos no solo ou quando Aloy cavalga pelos diferentes tipos de terreno.

Devido ao som 3D, recomendo fortemente que você jogue Horizon Forbidden West com um bom fone de ouvido. A mixagem é incrível e contribui de forma significativa para a imersão. A trilha sonora tem boas faixas, mas o destaque fica pelo tema principal Promise of the West, que embalou o trailer de anúncio de jogo.

Outro problema que incomoda são os bugs. Eu acredito que o jogo precisaria ter sido adiado para polimento, por pelo menos uns 3 meses. Mesmo com um SSD poderoso, ao se locomover rapidamente pelo cenário, principalmente em montaria, não é raro problemas de renderização com texturas demorando entre 2 a 3 segundos para surgirem. Às vezes, o mato aparece por um passe de mágica bem diante dos jogadores.

Outro problema é a física do jogo. Nem Isaac Newton ou Albert Einstein explicariam o comportamento do cabelo de Aloy. Em determinados momentos, mesmo que você cavalgue lentamente, o cabelo da heroína se comporta de forma errática. Em outras situações, mesmo com ela parada, o cabelo se mexe sozinho de forma revolta, como se seu shampoo tivesse algum material exótico. Além disso, é possível perceber problemas de colisão com personagens ultrapassando outros como se não existissem.

No desempenho, o jogo mantém seu fps estável na maior parte do tempo, mas há algumas poucas regiões do mapa em que as quedas são perceptíveis, mesmo sem motivo aparente. Em alguns casos raros, é também notável uma queda na resolução pela presença de serrilhados.

Apesar de serem bugs simples que não atrapalham o progresso do jogo,  eles prejudicam a imersão do jogador. Eu espero que a Guerrilla Games já esteja trabalhando em uma atualização para resolver boa parte desses problemas. Um jogo do porte de Horizon Forbidden West não deveria sofrer com essas coisas.

Considerações Finais

Horizon Forbidden West é a forma certa de se fazer uma sequência e faz toda a espera valer a pena. Ao evoluir quase tudo presente em Zero Dawn, apresentar um mundo rico, uma história envolvente e gráficos impressionantes, ele é um título capaz de mostrar o poder de fogo do PlayStation 5 e promete um futuro brilhante para o console.

Apesar de alguns bugs, o título não perde seu brilho e só nos resta torcer que a Guerrilla aja para consertar os problemas técnicos para entregar uma experiência ainda melhor.

Se você busca um bom jogo de aventura e gostou do título anterior, ele é indispensável na sua coleção. Com ele, Aloy se estabelece como uma das principais figuras da marca PlayStation e certamente deixará os jogadores ansiosos para o seu retorno no terceiro título.

Horizon Forbidden West já está disponível para PlayStation 4 e PlayStation 5.

*O Cromossomo Nerd agradece a FSB Comunicação e a PlayStation por nos ceder uma cópia de PlayStation 5 para análise.