Review: Batman V Superman: A Origem da Justiça [SPOILERS]

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O filme responsável por ser o pontapé inicial no universo cinematográfico da DC, reuniu não apenas a trindade mais famosa de super-heróis (Batman, Superman e Mulher Maravilha), mas também pela primeira vez, depois de muito contato apenas no mundo virtual, os quatro integrantes da equipe do Cromossomo Nerd, que se encontraram pessoalmente para prestigiar esse evento cinematográfico muito aguardado e escrever este review sobre o filme.

Para muitos o filme foi decepcionante, Zack Snyder dividiu a opinião da crítica e dos fãs, trouxe batalha não somente nas telonas, mas também fora delas, mas para nós o sentimento de satisfação era nítido quando saímos da sessão.

O filme já demonstra seu tom sombrio logo no início, ao reproduzir certeiramente a morte dos pais de Bruce Wayne e a origem do homem-morcego. Para muitos, essa cena foi desnecessária, mas para aqueles que não tem tanta afinidade com o universo dos quadrinhos, isso foi como um breve resumo. Outra necessidade da existência dessa cena é o fato do Batman estar sendo introduzido pela primeira vez neste arco da DC e muitas pessoas simplesmente não conseguem se desapegar do que foi feito no passado e enxergar que recontar a história mais uma vez é necessário para que haja coerência no mundo novo que está iniciando.

O gancho entre “O Homem de Aço” e “A Origem da Justiça” se deve à batalha que destruiu Metrópolis, entre o então inexperiente Superman e o General Zod. Parte da população enxerga o herói kryptoniano como uma ameaça para a raça humana e essa visão é partilhada pelo justiceiro de Gotham, que presencia o poder de destruição do azulão ao vivo como Bruce Wayne, que tenta salvar a vida de alguns de seus funcionários que trabalham na filial da Wayne Enterprise em Metrópolis.

O filme se desenvolve nas consequências entre as ações passadas do homem de aço e os benefícios que ele traz atualmente para a humanidade, o que gera um debate político/moral sobre se é coerente deixar um ser com poderes divinos, livre para fazer o que quer. Nisso o maestro da trama, Lex Luthor surge como aquele que quer destruir o Superman e usando os recursos da empresa de seu pai, descobre a fraqueza do herói e busca apoio do governo para essa empreitada. Entretanto sua motivação não é demonstrada muito claramente e fica a cargo do expectador interpretar “o porquê” de ele querer matar o Superman.

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O plano de Luthor é então executado e ele consegue acabar ainda mais com a imagem do Superman e finalmente consegue influenciar a decisão do Homem de Aço para que ele enfrente o Batman que já era visto com maus olhos pelo escoteiro azul por ser um justiceiro. E é aí meus amigos é que o filme brilha, a batalha é descomunal, por um momento tudo o que se via na sala de cinema eram pessoas extasiadas (alguns até segurando a respiração) diante daquele show que nos era proporcionado. Ali estava o trabalho que marcou a carreira de Frank Miller no mundo dos quadrinhos ganhando vida diante de nossos olhos e com toda certeza podemos dizer que o impacto causado pelas HQ’s e animações desse episódio foi multiplicado em centena de vezes.

O desfecho da batalha é inovador, Superman é subjugado pelo Batman e, na eminencia de ser executado, implora que o morcego salve sua mãe, Martha, que foi capturada por Lex Luthor. Batman, ao escutar o nome que também é o de sua mãe, é parado e percebe que o Superman não é um ser ruim, que ele também age baseado em emoções sentidas por seus entes queridos. Essa artimanha utilizada no roteiro de as mães de ambos os heróis terem o mesmo nome e assim o conflito ser resolvido de “forma mais pacifica” nunca havia sido abordada em um filme/animação desses heróis, o que foi um ponto positivo e mostra a preocupação da produção em tentar mostrar alguma coisa nova para os fãs.

Por fim acontece o confronto da trindade contra o Apocalypse, a luta se desenvolve de maneira épica: destruição, raios e muita pancadaria, os efeitos visuais não deixaram a desejar, nos apresentando uma batalha digna dessas divindades. Sentimos falta apenas de uma maior interação entre os heróis durante a luta, há poucos golpes combinados, mas como se trata da primeira batalha que eles travam em conjunto, essa falta de sinergia é aceitável e acaba não sendo um ponto negativo.

O filme acerta em cheio na personalidade dos personagens. O Superman de Henry Cavil é mais uma vez bem representado, e como dito em algumas críticas “gostar do Superman não é fácil”, o herói muitas vezes é visto apenas como “divindade” ou “o ser mais poderoso do universo”, no entanto o filme também aborda a discussão sobre as ações dele terem consequências (muitas vezes catastróficas), isso dá um tom mais humano ao herói e acaba que gerando um conflito interno, onde ele se questiona se ele é um realmente necessário à humanidade. Esse lado do Superman, não sendo apenas um monte de músculos, mas também um ser regido por emoções também é inovador e ressalta a preocupação em nos mostrar inovações.

A Mulher Maravilha é uma categoria à parte nisso tudo, muita gente pagou a língua (inclusive alguns integrantes da equipe do Cromossomo Nerd) ao ver a heroína encarnada por Gal Gadot, ali estava a guerreira amazona que todos conhecem e amam nos quadrinhos finalmente bem representada no mundo dos cinemas. Gadot conseguiu o que os outros dois heróis não conseguiram, arrancar palmas e gritos de alegria do público que a assistia, a chegada da heroína na batalha final é impactante e sua participação na destruição da ameaça mais ainda, vemos uma Mulher Maravilha que gosta de um adversário à sua altura e luta melhor até mesmo que o próprio Superman.

Um outro destaque são os companheiros dos heróis, é apresentada uma Lois Lane curiosa e destemida que faz de tudo e mais um pouco para ajudar seu amado e de quebra conseguir um furo de reportagem. Um Alfred nunca antes representado como o auxiliar do Batman não só nos afazeres domésticos, mas também em sua missão de vigilante e um Batman que faz com que todos os outros já vistos anteriormente sejam deixados de lado e nos faça dizer que o personagem existe não apenas nos quadrinhos.

O Batman de Ben Affleck pode ser considerado um dos principais pontos do filme e também o melhor Batman da história. Quando Ben Affleck foi anunciado como Batman, muitos levantaram suas tochas e forcados e queriam de qualquer maneira que isso fosse mentira, mas a precipitação do público fez com que fossemos surpreendidos positivamente, assim como quando Heath Ledger foi anunciado como Coringa da trilogia de Christopher Nolan e no fim das contas tivemos o melhor Coringa já feito até hoje. Snyder nos trouxe um Batman que não tem medo de matar, que usa gadjets e que luta como um demônio. Em muitos momentos vimos o Batman dos jogos da série Arkham ganhando vida em meio àquela trama e isso é simplesmente de fazer lágrimas caírem, sem contar as cenas em que o Batmóvel deixa de ser um objeto secundário e mais uma vez nos remete ao jogo.

Apesar de termos ressaltado tantos pontos positivos, o filme tem algumas falhas técnicas, principalmente de roteiro e edição. A montagem do filme não foi bem executada e alguns cortes de cena não ficaram bons, no meio de uma cena de ação, por exemplo, há um corte para uma cena mais calma que quebra a continuidade e a adrenalina proposta.O roteiro também tem alguns problemas, quando saímos da sessão, tivemos a impressão que ele era conciso, no entanto, após refletir um pouco, percebemos que algumas ações dos personagens, principalmente de Lex Luthor, simplesmente não faziam sentido, além da já citada falta de motivação aparente do vilão. Nesse quesito, também tivemos a impressão de que alguns fatos foram resolvidos muito rapidamente, não sendo muito bem desenvolvidos, nem explicados.

Outro ponto negativo é a atuação de Jesse Eisenberg como Lex Luthor. O personagem não foi bem representado, talvez os furos no roteiro pesaram nessa conclusão, mas não foi apenas esse fator, a atuação exagerada de Eisenberg, dentro de seus infinitos monólogos, tornou algumas cenas até irritantes.

Também foi mostrado um pequeno teaser da Liga da Justiça, porém a forma como foi apresentado não nos agradou, a cena foi meio sem sentido e  “jogada” na tela, o Batman rouba arquivos da LexCorp e dentro de uma pasta encontra pequenos vídeos do Flash, Cyborg e Aquaman já com os logotipos deles, os vídeos são excelentes, isso não tem como negar, mas são mostrados no que parece ser um bate-papo pelo Skype entre o morcego e a Mulher Maravilha, o que ficou parecendo preguiça dos roteiristas em nos fazer esse fan service.

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No geral, adoramos o filme com toda nossa essência nerd, mesmo com essas falhas pontuadas. Resta agora esperar pelos filmes que darão sequência ao Universo Cinematográfico da DC.