“Em um bar, uma vez, o vi matar 3 homens com um lápis. A P#$#@ DE COM UM LÁPIS”

Interpretando o misterioso John Wick, Keanu Reeves, não é apenas retorna com o pé direito ao estrelato, mas traz consigo um dos melhores filmes de ação visceral dos últimos tempos. Wick um assassino aposentado, temido por todos como uma lenda viva no universo emocionante criado pelo roteirista Derek Kolstad, agora vive uma vida serena cuidando de sua esposa doente, até que subitamente seu mundo é virado do avesso, assim obrigando o protagonista a regressar a sua vida antiga.

Dando início a um filme de vingança, que presta homenagem a diversas obras clássicas do gênero faroeste como The Killer de John Woo, Le Cercle Rouge de Jean-Pierre Melville e Point Blank de John Boorman. Com diálogos curtos, porem significativos onde a ação ocupa a maior parte da história, trazendo um ar de suspense com uma ambientação de tirar o folego, mantendo um ar inovador e excitante do início ao fim, com Wick indo atrás do mafioso, seu filho e qualquer outra pessoa que se interponha em seu caminho até que suba os créditos finais.

O diretor, Chad Stahelski, foca na ação extraordinária, unindo organicamente uma combinação frenética com uma precisão absurda entre cada sequencia de golpes, talvez dando origem a um novo subgênero, ou seja, mesclando artes marciais de ponta com os mais diversos tipos de armas, contando até com um lápis em seu arsenal.

Keanu Reeves pode ter poucos filmes recentes em seu repertorio, mas sempre nos surpreende em suas atuações, um ótimo ator de filmes de ação que realmente sabe como usar seu corpo na tela, no entanto, transmite uma elegância genuína através de seu personagem, Wick, sempre mantendo a elegância enquanto ele arrebenta qualquer um que esteja em seu caminho em câmera lenta.

O ponto mais interessante e divertido de John Wick: De Volta ao Jogo, é sua ambientação nitidamente influenciada pelo mundo dos quadrinhos e pela Mitologia Grega, grande parte do filme se passa nos arredores do hotel “The Continental”, utilizada principalmente por uma sociedade secreta de assassinos, para descansar entre um trabalho e outro e fazer negócios através de um pagamento em moedas de ouro.

Uma sociedade secreta que tem suas próprias regras e um código de conduta restrito, as cenas continentais são cobertas de mistério e intriga, repleta de personagens misteriosos e excêntricos para que o filme tome um folego a mais sempre que a ação muda para um momento mais calmo.

Isso ajuda a que a maioria do elenco a dar o seu melhor em frente as câmeras, com Ian McShane como o homem que dirige o hotel e Willem Dafoe excelente como um homem experiente que anteriormente trabalhou com John. Infelizmente, Adrianne Palicki representa uma bela assassina que se torna um tanto esquecível no decorrer da trama. O destaque fica para o ator sueco Michael Nyqvist como o mafioso que sabe que não tem escapatória após mexer com Wick. O ator sueco fez seu nome com o filme Millennium: Os Homens que Não Amavam as Mulheres, oferecendo uma performance hilariantemente impassível, roubando praticamente todas as cenas em que ele está presente.

Claramente um filme de Keanu Reeves, é visível sua paixão pelo papel de John Wick, um homem de poucas palavras, mas ações precisas e profundas, transmitindo suas emoções diversas vezes apenas com seu olhar amargurado. Se fosse interpretado por outro ator, o personagem poderia parecer fútil e vazio, principalmente quando ele está falando sobre o filhote de cachorro, mas Reeves compromete-se de forma tão sincera que você o acredita na convicção do personagem. Ele é um personagem com o qual você quer passar mais tempo, para desvendar todos os segredos desse submundo misterioso.

O único ponto negativo do filme foi o seu marketing quase nulo em ambos os filmes, a princípio você espera um filme de ação clichê do ator de Matrix, mas logo no início a atuação Keanu Reeves te conquista e a sua atenção se volta para esse universo aos poucos tomando forma, desejando assistir a sequência antes de subir os créditos. John Wick é um brilhante filme B que apresenta um desempenho de um Blockbuster.

O universo que está sendo construído é intrigante. A missão que Wick embarca é atraente, como filme de ação é memorável e convence como um dos melhores dos últimos anos, sendo uma escolha obrigatória aos amantes desse gênero.