[ANÁLISE] Elden Ring | A Magnum Opus da FromSoftware

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Desde a geração passada, quando se pensa em FromSoftware, as expectativas dos jogadores são extremamente altas a cada novo lançamento. A precursora do chamado gênero soulslike não somente é uma das produtoras mais queridas pelos amantes de videogames, como também faz jus à sua reputação, vide o vencedor do jogo do ano de 2019, Sekiro, além é claro, a aclamada série Dark Souls.

Dito isso, não é novidade pra ninguém as altas expectativas em torno de Elden Ring, novo game da mente criativa de Hidetaka Miyazaki, que dessa vez contou com a colaboração de ninguém menos que George R.R. Martin, autor da saga As Crônicas de Gelo e Fogo, que serviram de inspiração para a série Game of Thrones.

Depois de muita espera, o jogo mundo aberto finalmente está entre nós, podendo ser não somente um sucessor espiritual da saga Souls, como também uma porta de entrada para muitos jogadores que ainda não descobriram o estilo único da FromSoftware.

Então… será que Elden Ring é tudo isso mesmo? Logo de cara, posso dizer que, para alguém que até então não havia jogado nada no estilo soulslike, sim, ele é. Tanto é que, após desfrutar deste game, mergulhei em Bloodborne e, obviamente na trilogia souls.

Uma nova definição de mundo aberto

Assim como os outros jogos da produtora, Elden Ring é extremamente focado na exploração, seja nas descrições de muitos itens que dão informações sobre a lore do jogo, ou na própria exploração do gigantesco mundo aberto do game, um local em que também temos um total de zero informações, cabendo ao jogador buscar os objetivos e segredos por si só.

Isso pode parecer um ponto negativo, especialmente para jogadores recém chegados, mas a liberdade de seguir como bem entender e sem nenhuma direção específica torna a imersão naquele mundo ainda mais espetacular.

Com essa pequena mudança em relação a outros jogos similares, parece que de fato o jogador está se aventurando por algo completamente desconhecido e fantástico, especialmente quando cada segredo, cada região e chefe encontrado é diferenciado e interessante, algo que é crucial em jogos mundo aberto.

Essa diferença pode ser notada quando comparamos com muitos produtos que oferecem mapas massivos, mas que se tornam extremamente repetitivos após 20 ou 30 horas de jogo.

No caso de Elden Ring, não se espante ao ver que você possui mais de 50 ou 60 horas na sua jogatina, sendo que não explorou nem metade do mundo, pois sim, ele te proporciona esse tipo de exploração. Sendo bem honesto, acho que o único jogo mundo aberto que me deu essa sensação ao simplesmente buscar por segredos e outras coisas, foi o perfeito The Witcher 3.

Embora seja tão misterioso em relação à sua trama quanto os outros jogos da produtora, Elden Ring a todo momento traz uma sensação de que o jogador faz parte de um evento de grandes proporções, com consequências que vão além do mundo dos vivos.

Com isso, os maculados, nome dado aos seres que servem como o protagonista da trama, devem vir à Terra para se tornar o novo Elden Lord e evitar uma catástrofe. O início, narrado de maneira esplêndida, é basicamente isso. O restante… seja desafiado a descobrir.

Jogabilidade já conhecida com algumas novidades

Como já era de se imaginar, Elden Ring é quase como um sucessor espiritual para Dark Souls e suas mecânicas não deixam isso passar despercebido. Assim como os jogos da série anterior, aqui o jogador pode deixar o seu personagem mais poderosos ao coletar “Runas”, que podem ser utilizadas para fortalecer habilidades, estatísticas e armas do seu personagem, o que pode tornar muitas batalhas e encontros durante a jogatina um pouco mais fáceis.Obviamente, estamos falando de um jogo soulslike, o que faz com que esses atributos sejam essenciais para o progresso do jogador.

No quesito de classes, que ainda se assemelham muito a um RPG, não temos nenhuma mudança praticamente. Apenas alguns nomes estão diferentes, mas ainda são os mesmos tipos de personagens que você pode escolher para explorar o game, seja focado no combate corpo a corpo, ou com o uso de magias. Além do mais, Elden Ring te dá a liberdade de poder escolher uma classe que seria mais “porradeira”, mas que também pode utilizar magias e vice versa, o que torna a escolha de uma classe quase que obsoleta, exceto pelo equipamento inicial.

Além do que já se espera, temos a adição de uma montaria para acompanhar o nosso personagem, algo muito útil para a exploração do imenso mundo aberto, além de fornecer um companheiro para o nosso protagonista silencioso, algo que, pelo menos pra mim, diminuiu um pouco do peso do cenário catastrófico que a lore de Elden Ring te propõe.

Torrente, como é chamado o cavalo, pode ser também uma excelente arma para combates contra chefes, e sabemos que, em um jogo soulslike, qualquer ajuda é bem vinda.

Junto do companheiro, também como uma forma de melhorar a exploração, temos um botão de pulo, que serve tanto para o personagem quanto para sua montaria, um recurso que até então não existia em Dark Souls ou Bloodborne, principalmente, pois muitos acreditavam que essa mecânica era impossível de ser programada em um jogo soulslike e que surpreendeu até mesmo grandes produtores de videogame.

Mesmo que isso possa parecer um movimento simples para muitos jogadores, facilita bastante na busca por passagens e tesouros na imensidão das Terras Intermédias, como é chamado o mundo do game.

Não se engane, isso ainda é um soulslike

Tirando o fator mais óbvio de um jogo soulslike, que é a sua dificuldade, Elden Ring ainda guarda muitas características essenciais dos seus antecessores, seja nos seus chefes extremamente poderosos e quase impossíveis de derrotar a princípio, ou nas enormes masmorras escondidas no mundo aberto, que nos teleportam de volta para a franquia souls e seus corredores intermináveis repletos de inimigos e armadilhas, mas que também guardam itens e equipamentos muito valiosos.

Óbvio, a dificuldade continua daquele jeito que todos os fãs da série amam odiar e ela está no nível certo, tanto para os jogadores de carteirinha quanto para novos que vão mergulhar nos mundos da FromSoftware a partir daqui.

Mesmo que ainda não esteja no ápice do que a nova geração de consoles pode oferecer no quesito gráfico e desempenho, Elden Ring é muito mais do que apenas um sucessor para Dark Souls, é Hidetaka Miyazaki no seu auge de criatividade e ambição, trazendo não somente um excelente jogo, como também, sem sombra de dúvida, sua obra-prima.

*Agradecemos a Bandai Namco por terem nos cedido uma cópia do jogo no PlayStation para esta análise.