[ANÁLISE] Gran Turismo 7 | O retorno do rei?

0
354

Lançada em 1997, a série Gran Turismo é uma das mais tradicionais da Sony e marcou a infância de muitos. O simulador de corrida é focado na cultura automotiva e se tornou o favorito de diversos jogadores ao redor do mundo, até mesmo motoristas profissionais, principalmente por seu realismo.

O jogo anterior, Gran Turismo Sport, apesar de ser considerado um título principal da franquia mesmo sem o tradicional numeral no nome, tinha um foco maior no competitivo online e muito menos carros para pilotar do que os jogadores estavam acostumados. Mesmo com diversas atualizações de conteúdo, ele acabou se tornando o “patinho feio” da série.

Gran Turismo 7 vem com a difícil missão de celebrar os 25 anos da franquia, além de agradar veteranos e também novatos. Séra que o jogo da Polyphony Digital conseguirá recuperar a sua coroa? Responderemos essa pergunta na nossa review e agradecemos a PlayStation por nos ceder uma cópia para análise.

Cultura automotiva refinada

Gran Turismo 7 é um jogo diferente dos simuladores que você está acostumado. O presidente da Polyphony Digital, Kazunori Yamauchi, utiliza uma abordagem diferente, visando celebrar a cultura automotiva de forma luxuosa, elegante e informativa. Isso faz com que o jogo seja uma verdadeira enciclopédia sobre a história do automobilismo.

O título já abre com uma cinemática longa e pomposa, que coloca o jogador para entrar no clima de Gran Turismo 7. Você passará boa parte no Café, onde o assistente Lucca irá te contar a história de diferentes classes e modelos de carro, sempre bem didático e com dados relevantes.

Ao contrário do Gran Turismo Sport, o sétimo título da série cria um mundo para envolver o jogador, mas não utiliza de um modo história tradicional. A trama de Gran Turismo 7 são os carros. Pode parecer loucura, mas a narrativa anda baseada nas conquistas do jogador ao encher sua garagem com veículos obtidos ao completar “Cardápios”, as missões do jogo.

E é aqui que boa parte dos jogadores será filtrada. Não pense que você será jogado logo no início pilotando supermáquinas de tirar o fôlego. Gran Turismo 7 possui um senso de progressão complexo e longo, começando pelos carros mais básicos até chegar nos veículos dos sonhos. Particularmente, achei a escada de evolução cansativa e longa demais.

Gran Turismo 7 conta com uma seleção de mais de 424 carros para serem coletados. Então, se prepare para passar horas e horas competindo em corridas. Há também o modo para tirar licenças, que se tornou o meu favorito. Ele consiste em desafios que testam a habilidade e obrigam o jogador a ser quase perfeito para tirar a classificação máxima e ganhar novos carros. Recomendo que tente completar todos, pelo menos tirando o bronze, como um tutorial.

Para os jogadores que querem relaxar, há o modo Rally Musical, que coloca você para correr ao som de uma música, que vai desde o jazz a até música clássica. Há uma contagem regressiva e checkpoints que dão bônus para você conseguir correr a maior distância possível até o final da faixa. Apesar de parecer algo tranquilo, tirar a classificação ouro será estressante, já que qualquer errinho vai te custar caro.

Após passar o impacto inicial, você verá que o título te colocará para repetir o mesmo procedimento com classes de carros muito parecidas. Teria sido muito melhor que tudo fosse misturado para dar uma dinâmica maior e um senso de descoberta, já que você termina uma seção de carros e cai para outra quase idêntica.

Um dos recursos mais agradáveis do jogo é a tunagem. Você se sentirá realmente no controle devido ao enorme número de opções para modificar seu carro tecnicamente. Isso faz o jogador apreciar mais ainda veículos que estrelam o jogo e ver como suas escolhas influenciam diretamente seu desempenho nas pistas.

Mesmo que você não dirija, Gran Turismo 7 faz um bom trabalho em misturar realismo e acessibilidade para agradar diferentes tipos de públicos. Provavelmente, jogadores de simuladores hardcore como Assetto Corsa ou iRacing passarão longe do título. Mesmo assim, o jogo conta com elementos interessantes, como os efeitos climáticos que afetam seu desempenho, desde o Sol intenso no seu rosto ou a tempestade deixando a pista molhada.

Ultimamente, muitos jogos como Forza e GRID utilizam um recurso para “rebobinar” o tempo quando você faz uma barbeiragem e coloca sua vitória em risco, permitindo que você volte momentos antes e aja da forma certa. Não espere isso em Gran Turismo 7. Caso você cometa um erro grave em uma corrida, esteja preparado para voltar do início.

Pelo foco no competitivo, o jogo incentiva que o jogador aja de forma limpa durante as corridas. Você receberá recompensas e bônus por andar na pista corretamente e sem bater nos seus oponentes. A grande decepção fica pela inteligência artificial, que prometia ter comportamento natural e desafiador. Basicamente, ela só corre mais rápido do que seu carro nas últimas dificuldades e só.

Outro problema que incomodará os amantes do realismo é a física. Bater nos carros faz o jogo parecer um bate-bate de parque de diversões. Não há realmente consequência realista para bater na traseira de um veículo a 120 km/h nem quando seu oponente “rela” em você. Isso tira um peso grande dos momentos mais desafiadores do jogo.

Imersão em alta velocidade

Um dos maiores pontos altos de Gran Turismo 7 é a forma que ele utiliza o DualSense, oferecendo uma das experiências mais satisfatórias até o momento. O controle consegue vibrar para simular diversas superfícies diferentes, condições da pista, tração e até mesmo os gatilhos aumentam a resistência de acordo seu veículo ao frear.

Na parte gráfica, o jogo entrega uma experiência belíssima. Os carros são muito bem construídos e condições como o Sol e a chuva são extremamente realistas e deixarão os jogadores boquiabertos. Ele conta com dois modos: fidelidade e desempenho, mas que não funcionam como em outros jogos.

O modo fidelidade tem resolução 4K nativa e 60 fps, mas conta com replays a 30 fps com o recurso de ray-tracing. No modo desempenho, o jogo roda a 4K nativos e 60 fps também, mas desabilita ou limita ao máximo a tecnologia para priorizar o desempenho.  Infelizmente, o jogo conta com algumas quedas, principalmente em corridas com mais de 20 oponentes e na chuva, mas nada grave.

O SSD faz diferença ao trazer tempos de carregamentos muito reduzidos ou quase inexistentes. Se você é desses que tem mania de olhar as mensagens do celular no intervalo, já adianto que isso não vai dar certo em Gran Turismo 7.

Caso você seja muito detalhista, irá reparar que o jogo sofreu um downgrade severo em alguns detalhes menores como a grama e NPCs. Apesar de isso não influenciar o jogo diretamente, poderá incomodar alguns jogadores.

Considerações Finais

Gran Turismo 7 faz um bom trabalho em trazer a franquia de volta aos holofotes. Ele celebra os 25 anos da série de forma competente, mas não tem intenção de revolucionar os padrões da indústria e, para ser sincero, nem deveria.

O título acerta em apelar aos veteranos e ao tentar dar motivos para que novatos venham conhecer a cultura automotiva da série, além de ser uma carta de amor aos fãs do automobilismo.

O jogo já está disponível para PlayStation 4 e PlayStation 5.

*O Cromossomo Nerd agradece à FSB Comunicação por nos enviar uma cópia de PlayStation 5 para análise.