[CRÍTICA] Batman: Gotham By Gaslight | Um clássico encontrando outro clássico… e outras coisas

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A última animação da Warner/DC, Batman: Gotham By Gaslight, foi lançada no último dia 23 de janeiro em formato digital.

O longa adapta uma HQ de mesmo nome produzida por Brian Augustyn e Mike Mignola, sendo uma obra clássica das aventuras do morcego.

Antes de prosseguir, informamos que o único spoiler que vai ser evitado é a identidade do vilão. E ainda, a análise será da animação e não das HQs.

Estamos muito acostumados com as histórias do Batman. Sabemos toda a estrutura base de seu universo, como as características e motivações dos vilões, infância de Bruce Wayne, relação com Gordon etc. Claro, isso não torna este mito algo inferior, mas uma lenda da cultura pop. Contudo, Gotham By Gaslight inova e muda muitos aspectos nas características da mitologia do herói.

A história se passa em uma Gotham de estilo vitoriano no ano de 1889. Apesar da aparência europeia, não fica claro em qual continente se passa a trama.

Não somente o fato de tudo ocorrer em um outro período histórico ajudou a alterar detalhes do universo da cidade do morcego, mas também, é possível perceber uma reestruturação proposital nos personagens. O que é fantástico!

De início, é apresentada uma Hera Venenosa um tanto quanto natural, sem poderes, sendo apenas uma mulher comum… no caso, uma prostituta, que não era ser mulher comum naquela época (o que é beeeemm abordado durante a história).

Hera Venenosa em uma versão “humana”

Essa Hera é atacada por um homem em um beco, que a esfaqueia de forma brutal, o que foi muito bem demonstrado, dado o banho de sangue animado.

Os ataques brutais começam a crescer em toda a cidade, e as principais vítimas são prostitutas. O matador não é ninguém mais e ninguém menos do que o clássico Jack, O Estripador, um famoso serial killer do ano de 1888 de Londres (é, ele existiu), agora, em mais uma versão, onde se encontra com outro clássico, o Batman.

As motivações do vilão são profundas e refletem a ideologia cultural da época: uma moral religiosa, baseada na misoginia (ódio a mulheres), na preservação da ordem, e limpeza da sociedade e seu mal.

Jack deseja acabar com o pecado que, segundo ele, somente as mulheres podem trazer, por serem sedutoras e atraentes, levando os homens aos seu maiores níveis de “depravação”. Uma excelente referência histórica ao movimento sufragista do século XIX.

Batman, na figura de Bruce Wayne, toma conhecimento dos assassinatos, e na pele do herói, começa sua jornada investigativa para proteger as mulheres deste criminoso.

Para ajudar o cavaleiro das trevas, surgem algumas figuras clássicas. Selina Kyle, dessa vez na pele de uma dançarina de salão, que age de forma reacionária ao preconceito contra seu gênero, também uma figura muito importante para o desenrolar da trama. Ainda, os três órfãos parceiros de Bruce aparecem como garotos vândalos, que se transformam em ajudantes do herói; trata-se de Jason ToddDick GrayssonTim Drake, os Robins.

A trama se desenvolve, e o plot twist é de um prazer sem igual. A identidade do assassino, e como ela é apresentada é, ao mesmo tempo, uma surpresa e uma lógica perfeitas.

Batman: Gotham By Gaslight é uma obra histórica, moderna e necessária para a geração atual. Um modo de influenciar a sociedade por meio da cultura pop. Pois os heróis são os novos deuses, que nos ditam valores e nos fazem pensar e refletir sobre nós mesmos.