[ANÁLISE] Mortal Kombat 1 reinicia a franquia com boas ideias e alguns tropeços!

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Mortal Kombat 1 chega como o novo capítulo da franquia que dispensa apresentações. Com diversos jogos lançados ao longo de décadas, se tornou um dos maiores medalhões da indústria de videogames e constantemente busca formas de se reinventar.

Após uma conclusão épica no décimo primeiro capítulo, a saga utiliza o elemento narrativo para reiniciar não só sua história, mas também diversos aspectos, introduzindo mudanças significativas na jogabilidade e modos.

Será que esse reinício é uma boa ideia ou Mortal Kombat encontrou problemas para se reinventar? Confira em nossa análise!

Mortal Kombat 1 representa uma nova era?

Para falar de Mortal Kombat 1, é inevitável citar spoilers do jogo anterior. Caso você não o tenha jogado até o momento e não quer que eu estrague as surpresas, recomendo pular para a próxima seção.

Após Liu Kang derrotar a vilã Kronika, ele assume o controle da ampulheta e se torna o Deus do Fogo. Para evitar novos problemas, o herói decide reiniciar o universo, realizando alterações na linha do tempo para haver paz entre o Plano Terreno e a Exoterra.

Mortal Kombat 1

A ideia do recomeço é brilhante e coloca os personagens em papéis diferentes. Por exemplo, Sub-Zero é Bi-Han e Scorpion é Kuai Liang. Ou seja, os maiores rivais da franquia são irmãos e agora integram o clã Lin Kuei, gerando novas interações e saindo da mesmice de rivais jurados.

Outro ponto que vale destacar é como outros rostos conhecidos foram aprofundados. Por exemplo, Baraka deixou de ser uma máquina assassina e possui uma história de fundo trágica, enquanto Reptile é muito mais humano do que um “lagartão”.

Mortal Kombat 1

Como era de se esperar, a Nova Era de Liu Kang dura pouco quando Shang Tsung retorna com seus planos malévolos, formando uma nova aliança mortal que deseja colocar o Plano Terreno e a Exoterra em guerra.

O recomeço de Mortal Kombat 1 funciona?

Apesar da ideia promissora, Mortal Kombat 1 tropeça na sua ambição. Com um ritmo acelerado, a trama empolga durante boa parte, mas se perde na megalomania do ato final. Para piorar, o final deixa bastante a desejar e a cena pós-créditos pouco acrescenta ao jogo.

O exagero passa a sensação que várias histórias foram combinadas em uma só pela pressa. Sem spoilers, a sensação que tive é que o título já pensa em um recomeço na sequência, algo que não faz sentido após um reboot.

Mortal Kombat 1

No geral, a trama diverte, possui momentos épicos e irá entreter por boas horas, mas a conclusão deixa um gosto amargo. Quem sabe uma expansão, como no título anterior, venha para aparar algumas arestas?

Mortal Kombat 1 traz porrada para dar e vender!

Mortal Kombat sempre brilhou na jogabilidade e aqui, não é diferente. Por coincidência (ou não), ele segue a mesma linha de Street Fighter VI e busca focar na nova geração de novatos, focando em ser mais acessível, porém sem esquecer dos veteranos.

Se você jogou Mortal Kombat 11, sentirá uma grande diferença: os Krushing Blows foram removidos. Agora, os jogadores encontrarão lutadores de Parceria que possuem mecânica semelhante ao que encontramos em Marvel vs Capcom.

Mortal Kombat 1

Com um botão, você poderá chamar o seu aliado para dar um golpe especial que poderá mudar o rumo da partida. Para não desequilibrar a jogabilidade, é necessário esperar uma barra recarregar para serem invocados novamente.

Essa novidade deixa os combates mais estratégicos porque cada aliado é focado em um estilo. Se seu lutador é fraco para lidar com projéteis, você poderá chamar um parceiro para suprir essa fraqueza e a diversão é justamente encontrar a dupla perfeita. Se você não gosta da ideia, saiba que Mortal Kombat 1 teve sua jogabilidade feita toda apoiada nisso.

Francamente, isso irá incomodar os veteranos que querem experienciar as lutas na forma clássica no 1 x 1 e obrigar os jogadores a isso não é a melhor forma de fazer com que a mecânica caia nas graças de todos. Porém, apenas o tempo dirá se essa decisão polêmica irá funcionar.

Outra mudança significativa é a retirada da barra para defender ataques ao se levantar e rolar, além de não haver mais personalização de golpes. Tudo foi simplificado e você precisará se virar com o sistema de Parcerias, que é bem mais acessível do que as mecânicas dos outros jogos.

Torres Vivas? Kripta?

Outra mudança de Mortal Kombat 1 são os modos. As Torres Vivas e a Kripta se foram para dar lugar a uma nova experiência intitulada Invasão. Ela funcionará por meio de temporadas e funciona como um jogo de tabuleiro, com o jogador se deslocando para completar missões e desbloquear cosméticos. No final, um temível chefão o aguarda.

A novidade é viciante e diverte, mas confesso que senti falta do mecanismo de Torres Vivas. Elas possuíam uma proposta mais rápida que facilitava desbloquear os cosméticos, algo que não fica tão claro aqui.

Para piorar, a Kripta foi resumida a um menu chamado “Santuário” em que você precisa depositar moedas para desbloquear artes, cosméticos e outros itens. O problema é o mecanismo aleatório que dificilmente te dará aquela máscara especial para o Scorpion que você tanto sonha.

Isso acaba sendo uma maneira forçada para os jogadores gastarem com micro transações, que ganham destaque no menu principal. Por mais que Mortal Kombat 11 contasse com elas, eu conseguia desbloquear itens para o meu lutador favorito sem precisar contar com a sorte ou gastar dinheiro real.

Para quem gosta das Torres tradicionais, elas retornam, mas novamente, o sistema de parceria obriga que o modo seja jogado com um aliado. Não sei se é um bug, mas elas repetem os oponentes em sequência, mesmo com o elenco permitindo boa diversidade.

Escolha o seu lutador

Por falar em elenco, é bacana ver o retorno de Reptile e Smoke, além de rostos como Nitara, Li Mei, Havik, Ashrah e Reiko, mas é uma sensação estranha não poder jogar com Jax, Kano ou Sonya.

Entretanto, Jax, Kano e Sonya só podem ser utilizados como parceiros. Será que vale a pena trocar três personagens clássicos com uma base de fãs imensa para colocar no lugar Nitara, Li Mei e Ashrah? Fica o questionamento.

Uma decisão inexplicável e absurda é a retirada dos diálogos iniciais entre os lutadores, que agora estão presentes apenas no modo kasual online. Jogar Torres e o próprio modo Invasão com os lutadores caindo diretamente na batalha sem as interações lendárias dos jogos anteriores é um dos maiores retrocessos da franquia até o momento.

Sangue para todo lado

Graficamente, Mortal Kombat 1 é um jogo impressionante, mas não representa um salto em relação ao seu antecessor. Isso não é necessariamente algo ruim, já que o décimo primeiro capítulo da franquia é belíssimo.

Porém, vale destacar que os cenários estão maiores, mais detalhados e utilizam paletas de cores que são um verdadeiro colírio, com a direção de arte merecendo aplausos por reinventar os cenários clássicos.

Durante a minha experiência, Mortal Kombat 1 manteve os 60 FPS estáveis durante as lutas, trazendo a fluidez que você espera em um jogo do gênero. No online, as partidas funcionaram bem e não encontrei problemas.

No offline, encontrei alguns bugs, como a seção de aparências que travou enquanto eu fui conferir a skin do astro Van Damme para Johnny Cage e precisei jogar o último capítulo da história novamente porque Havik não havia sido desbloqueado na primeira vez.

Mortal Kombat 1 chega totalmente traduzido para o nosso idioma e conta com uma dublagem em português fantástica. Apesar de ser um reboot, ele mantém os dubladores do jogo anterior, trazendo maior familiaridade com os personagens.

Considerações Finais

Mortal Kombat 1 consegue cumprir o seu objetivo de ser mais acessível para a nova geração. Entretanto, isso não significa que os jogadores old school não irão se divertir, já que a jogabilidade flui bem, diverte e irá entreter por horas.

O sistema de parcerias dá uma dinâmica totalmente nova ao jogo, mas poderá afastar aqueles que não gostaram da ideia. A falta de modos como as Torres Vivas e a Kripta também deixam um gosto amargo. Por mais que Invasão divirta, ela não consegue substituir ambos.

Em narrativa, as decisões criativas funcionam bem e injetam novo fôlego à extensa mitologia da franquia. O problema é quando a megalomania sai de controle no ato final e acaba querendo impressionar e não conquistar.

No geral, Mortal Kombat 1 é um bom recomeço, mesmo dando alguns tropeços. Porém, decisões questionáveis, simplificações preguiçosas e a ausência do que funcionava em jogos anteriores podem trazer sérios problemas no futuro? A NetherRealm Studios precisará ouvir o feedback dos jogadores carinho se deseja outro sucesso na série…

*O Cromossomo Nerd agradece a Warner Bros. Games e a agência Weber Shandwick pela cópia do jogo no PS5 para esta análise.