A Microsoft vai matar a indústria dos games e isso é bom!

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Se você cresceu durante os anos 90, certamente irá se lembrar de aguardar ansiosamente pela chegada do fim de semana para alugar um filme em uma videolocadora. Antes de Netflix, downloads e tudo o mais, as locadoras eram a principal fonte de entretenimento doméstico fora da televisão e rádio.

Com o passar do tempo e a evolução da tecnologia, as inconvenientes fitas VHS, que emboloravam, precisavam rebobinar e tudo o mais, foram substituídas pelos DVDs, que facilitaram e muito a forma de consumir filmes e séries. Acontece que a vida útil do DVD não durou muito tempo, já que não demorou muito para surgir uma nova tecnologia chamada Blu-ray.

Mesmo que atualmente ainda existam Blu-ray e que eles sejam objetos de coleção para muitos, a era das locadoras chegou ao fim com o avanço da internet. Conforme o acesso à filmes e séries em versão digital ficou mais fácil, menos era necessário ir até uma locadora. O último prego desse caixão foi batido pela Netflix, que nos apresentou uma forma inteiramente nova de consumo, onde tínhamos uma locadora completa sem sair de casa, apenas pagando um valor mensal e tendo acesso à inúmeros filmes e séries em alta qualidade (algo que diminuiu até mesmo os índices de pirataria).

Considerando que a Netflix foi extremamente bem-sucedida em seu propósito, ao ponto de incentivar a aparição de outras plataformas similares e até mesmo os estúdios de cinema a criarem suas próprias plataformas, surgiu também a pergunta: é possível aplicar o conceito de streaming em outras vertentes do entretenimento?

Como sabemos, a resposta foi: com certeza. Depois das músicas também conseguirem plataformas de streaming próprias extremamente bem-sucedidas, chegou a vez dos jogos de videogame também entrarem para a festa, mas os planos da Microsoft vão muito além de uma “Netflix dos jogos”.

Nos últimos anos, a Microsoft tem investido pesado no Game Pass, um serviço por assinaturas que oferece um amplo catálogo de jogos, em que os assinantes pagam uma taxa mensal e ganham acesso a todo o conteúdo do serviço.

Se levarmos em consideração os preços dos jogos hoje em dia, o Game Pass por si só já é um ótimo investimento, já que além de contar com muitos jogos novos, o serviço também conta com os exclusivos do Xbox no catálogo. Embora o portfólio de exclusivos da Microsoft não seja o que podemos chamar de um sonho de consumo, não podemos negar que a empresa possui franquias queridas pelos fãs, mas essa é uma questão que a empresa também já está trabalhando para mudar.

No último final de semana, a Microsoft realizou seu primeiro painel conjunto com a Bethesda na E3, onde pudemos ter um gostinho do que vai acontecer nos próximos anos e como o catálogo de exclusivos da plataforma vai engordar.

Starfield é o primeiro exclusivo de peso do Xbox produzido pela Bethesda, mas essa é apenas a ponta do iceberg. Nas últimas décadas, a ZeniMax construiu um panteão de franquias muito populares, tais como DOOM, Wolfenstein, The Elder Scrolls, The Evil Within e por aí vai. Considerando que todas essas franquias agora pertencem à Microsoft, podemos dizer que tudo o que já foi feito faz parte do game pass e tudo o que será lançado vai se tornar exclusivo do Xbox, o que é uma jogada e tanto!

Ok, a Sony ainda possui franquias extremamente bem-sucedidas, assim como a Nintendo, mas até quando essas franquias serão o suficiente para segurar os consumidores e atrair novos entusiastas?

Embora a Microsoft nunca tenho conseguido despontar franquias extremamente aclamadas, a empresa foi astuta em “comer pelas beiradas” e agregar valor à sua plataforma com um atrativo extremamente importante: o custo-benefício.

Além do Game Pass, a empresa fundada por Bill Gates também está trabalhando arduamente no xCloud, sua plataforma de streaming de jogos, onde os assinantes podem acessar jogos de última geração por um celular ou PC (e em breve também nos Xbox One, Series S/X). Com o serviço, você não precisará mais de um PC superpotente ou de um console de última geração para usufruir da máxima qualidade de um jogo recente, sendo necessário apenas uma conexão com a internet.

Aliado ao Game Pass, o xCloud certamente soa como o futuro dos jogos de videogame, mas a Microsoft quer ser ainda mais agressiva nessa vertente e já estuda formas de deixar tais serviços ainda mais abrangentes. Além de uma TV com “experiência Xbox embutida”, onde tudo o que usuário precisa para jogar é um controle sem fio e uma conexão com a internet, a empresa também está desenvolvendo um dispositivo de streaming do Xbox, onde o usuário só precisa conectá-lo à uma TV ou monitor para jogá-lo.

Cada dia mais usuários se tornam adeptos dos serviços da Microsoft e até mesmo as produtoras de jogos já reconhecem que o Game Pass é uma ótima forma de tornar jogos menos populares em um sucesso. Recentemente, a Square Enix elogiou o Game Pass por ter construído uma base sólida para Outriders, um dos muitos títulos multiplataforma a ser lançado no serviço no mesmo dia em que chegou às lojas.

Back 4 Blood, uma espécie de sucessor espiritual de Left 4 Dead, é outro jogo que também chegará ao Game Pass no dia de lançamento e isso deve impulsionar e muito a popularidade do título. Conforme mais desenvolvedoras entendem que o serviço pode ser benéfico, mais chances ele tem de crescer e de conseguir um catálogo recheado de sucessos, consequentemente, atraindo milhares de novos assinantes.

Com o Game Pass e o xCloud, a Microsoft certamente está moldando o futuro da indústria dos jogos de videogame e pode dificultar e muito a vida das concorrentes Sony e Nintendo, que ainda seguem os moldes tradicionais e não oferecem grandes vantagens aos consumidores, exceto seus exclusivos.

No decorrer do tempo, ficará cada vez mais difícil escolher ente pagar uma mensalidade de um dos serviços da Microsoft e ter acesso a um vasto catálogo de jogos, sem precisar adquirir um novo console, ou investir uma grana alta em um console da nova geração, enquanto também é necessário pagar uma fortuna por cada jogo.

Vale lembrar que, assim como aconteceu com a Netflix, as plataformas de streaming também estão se tornando mais populares e outros concorrentes do Game Pass/xCloud começam a surgir, incluindo o Stadia da Google, GeForce Now da NVIDIA e até mesmo o PS Now da PlayStation (que também é mais restritivo por só poder ser usado em um console da Sony).

Por mais que as franquias da Sony sejam incríveis, talvez seja a hora deles começarem a pensar em uma forma de responder ao Game Pass, ou terão de lidar com uma base de usuários cada vez menor.