[ANÁLISE] Morbid: The Lords of Ire | Potencial desperdiçado

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Com o sucesso initerrupto do gênero soulslike, muitos jogos foram surgindo ao longo dos anos seguindo esse estilo. Com isso, temos diversas surpresas, como o recente Lies of P, e agora, temos Morbid: The Lords of Ire. Uma surpresa para mim foi descobrir que, na verdade, esse jogo é uma sequência, continuando a história de Morbid: The Seven Acolytes.

Diferente do primeiro jogo, onde os desenvolvedores construíram um universo com visuais pixelados com combate inspirado nos soulslike, a sequência é ainda mais semelhante a sua grande inspiração. E isso… É um probleminha.

A história de Morbid: The Lords of Ire

O mundo gélido de Rumehild em Morbid: The Lords of Ire

Após os acontecimentos de The Seven Acolytes, a protagonista silenciosa da série, a última Striver de Dibrom, repousou pacientemente enquanto uma nova missão não surgia. Contudo, os deuses malignos do universo de Morbid: The Lords of Ire, chamados de Gahars, finalmente retornaram, fazendo a guerreira pausar o seu descanso para uma nova batalha.

Assim como outros jogos do gênero, a trama de Morbid é detalhada com diálogos e textos, seja em itens, armas ou no diário pessoal da Striver. Ao descobrir novas áreas, novos inimigos e novos itens, o diário se atualiza e mais histórias e detalhes do mundo do jogo são revelados.

Ao descobrir mais coisas, o jogador se depara com um mundo inspirado não somente na série souls, como também nos horrores lovecraftianos, com criaturas bizarras e deformadas. Tais criaturas, inclusive, são dignas de uma obra de Cronenberg.

Pessoalmente, esse estilo de narrativa não é algo que me agrada. Contudo, é notável que, graças a isso, jogos souls levam os jogadores a explorarem o máximo possível dos mundos dos quais eles estão. Dessa forma, as histórias se juntam, aumentam e se desenrolam de uma melhor forma. Mas, é difícil dizer que, no caso de Morbid, isso foi bem feito, pois tem um enorme problema com a exploração…

ME DÁ UM MAPA PELO AMOR DE DEUS

Catedral de Morbi: The Lords of Ire
A Catedral funciona como uma base para a Striver e seus aliados.

Uma das coisas que mais me incomodou durante a jogatina foi a falta de um mapa acessível a todo momento. Sendo um soulslike, muitos elementos de RPG foram acrescentados a Morbid: The Lords of Ire, como vários objetivos, pontos de habilidade e muita exploração.

Mas… fazer isso sem um mapa… Fica complicado. Mesmo com visuais bonitos, o level design do jogo não chega a ser um primor de localização, o que faz o jogador se perder muitas vezes em locais semelhantes. Um ponto que auxilia, pelo menos em partes, são os altares, que servem como as fogueiras do game, onde o jogador pode descansar e salvar seu progresso. Ajuda na exploração? Um pouco. Mas a localização continua um porre.

Ainda nesse ponto, depois de vários anos jogando jogos e, quase sempre, não dando importância para os tais “FPS”, Lords of Ire conseguiu fazer com que eu, pela primeira vez, me incomodasse com a forma que um jogo estava rodando. Me deparei com muitas áreas onde o jogo começou a travar ou rodar com um péssimo slowmotion. Tipo… muitas áreas.

Acredito que, por eu estar jogando a versão de PS4, a queda de desempenho se dá pelo motivo de, obviamente, a versão principal ser a de nova geração. Mas… se esse era o objetivo, então não há razão para ter uma versão da geração anterior, correto?

Ah… Para finalizar, a trilha sonora não favorece. Muitos temas me soaram genéricos ou buscando emular demais a grande inspiração dos desenvolvedores, o que faz o jogo perder muito no quesito originalidade.

A gameplay de Morbid: The Lords of Ire

Combate de Morbid: The Lords of Ire tinha potencial

Como já era de esperar, o combate de Morbid tem um foco na estratégia, onde é necessário pensar cada movimento e maneira de enfrentar os inimigos, pois qualquer erro pode ser fatal. Junto disso, temos as clássicas mecânicas de bloqueio, parry, desvio e, obviamente, rolagem, onde todas podem ser cruciais durante um combate.

Além disso, o jogo conta com mecânicas de lucidez e sanidade, onde a Striver pode receber melhorias e penalidades dependendo do seu status. Essa mecânica em especial é muito interessante visto que, em certos momentos, pode ser interessante causar mais dano nos inimigos, mesmo que isso signifique também sofrer mais dano.

Para mim, o combate é o ponto onde Morbid mais se destaca. Mesmo sendo um soulslike, esse foi o primeiro jogo do gênero onde consegui aprender as mecânicas gradualmente, sendo relativamente mais fácil do que outros jogos do tipo. Contudo, estamos falando de um jogo que se inspira na série Souls… E obviamente o combate ainda é bem difícil. Além disso, é claro, o jogo faz questão de te encurralar com vários inimigos de uma só vez, quase sempre significando sua ruína.

Mesmo com tudo isso, ainda senti que o jogo tem um combate interessante. Toda a movimentação da Striver é interessante, mas que perde um pouco seu brilho por tentar ao todo momento emular Darksouls no lugar de tentar ser algo próprio. Nisso, temos um resultado que pode até agradar fãs do gênero, mas que, pessoalmente, para mim não é benéfico.

Conclusão

Morbid: The Lords of Ire é um jogo que apresenta um universo rico, personagens com designs interessantes, e uma dificuldade digna do estilo, mas que se perde nos levels designs e em escolhas que prejudicam a forma como o jogador menos familiarizado pode se interessar pelo título. No fim das contas, o que me parece é que tudo isso foi um potencial desperdiçado.

*O Cromossomo Nerd agradece a Agência Masamune e ao Merge Studio por fornecer uma chave de acesso para PS4 para esta análise.