[ANÁLISE] WrestleQuest | Ideia bacana, execução nem tanto

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Com a chegada de jogos como Sea of Stars, é interessante afirmar que os RPGs de turno estão retornando aos assuntos mais comentados no mundo dos games. Graças a inovações e novas temáticas, o gênero parece estar passando por uma reimaginação e retorno triunfal. E no meio disso, surge WrestleQuest.

Com uma proposta interessantíssima, o game traz o mundo da luta livre para os RPGs de turno. Além disso, o jogo conta com um mundo criativo que não somente mistura luta livre e RPG, como também action figures, ou seja, bonequinhos.

Mas será que a premissa e a volta do gênero clássico é suficiente para o jogo ser uma boa pedida? É o que vamos discutir agora.

Ideia ótima, mas sua execução…

WrestleQuest mistura luta livre e RPG

Comandando um aspirante a lutador profissional, que sonha em ser o melhor de todos, WrestleQuest tem uma premissa relativamente simples num mundo novo. Além disso, a mistura de RPG com luta livre parece ser algo quase natural, onde em nenhum momento parece que falta alguma coisa.

Porém, infelizmente, a parte que falta está ligada a simplicidade que citei antes. Embora a premissa não seja mirabolante, o game peca na exploração e expansão desse mundo novo, que mesmo possuindo muitos cenários criativos, personagens interessantes e visuais bonitos, continua parecendo vazio.

Apesar do jogo tentar preencher esses espaços com detalhes de cenários, minigames e NPCs, existem certas ocasiões, especialmente durante missões, que o vazio nunca é preenchido totalmente. O resultado é um longo caminho pra se percorrer repleto de absolutamente nada.

Os visuais de WrestleQuest

Minigame de WrestleQuest

Falando na parte visual, uma ideia bastante acertada foi a utilização de arte pixelada para criação dos personagens e do mundo de WrestleQuest, que mesmo com a sensação de vazio que mencionei, não deixa de ser bonito de se ver.

Além disso, principalmente durante as batalhas, os personagens ganham artes com maior definição que são muito bonitas e bem feitas, tornando a jogatina mais bacana de se apreciar.

Uma narrativa que se conecta… Ok né.

WrestleQuest divide sua narrativa entre dois aspirantes a lutadores

Ainda no tutorial do jogo, que é maior do que devia ser, descobrimos que a narrativa de WrestleQuest será dividida entre dois personagens. Aqui, conhecemos o entrépido Muchacho Man e o pragmático Brick Logan, ambos sonhando ser estrelas dos ringues.

Ambos os personagens estão nos passos iniciais da sua jornada ao estrelado, cada um da sua maneira. Em determinado momento, os caminhos dos dois se juntam, mas até que isso aconteça, a transição entre os dois é um pouco cansativa.

Além disso, essas mudanças de perspectivas reforçam ainda mais a sensação de vazio. Infelizmente, enquanto uma parte com Muchacho Man está numa situação mais tensa, vemos Brick num momento quase blasé e desinteressante, que inclusive é bem previsível.

Essa frustração se torna ainda pior quando vamos para a trilha sonora do jogo, que além de pouco inspiradora, não tem nada de marcante. Na verdade, boa parte do tempo ela se repete ou simplesmente passa despercebida, o que pra mim é bem decepcionante se pensarmos que a música é parte crucial da luta livre (E isso é citado no jogo, aliás).

Por sorte, o game tem uma carta na manga no seu combate para tentar fazer o jogador relevar essa questão de vazio.

Mistura perfeita entre luta livre e combate por turnos

Combate em Trio de WrestleQuest

A parte mais interessante e bem bolada do jogo é o seu sistema de combate, onde existe uma excelente mistura de elementos de luta livre com o RPG de turno. Além das já clássicas mecânicas de os personagens poderem atacar, usar habilidades próprias ou itens, é adicionado o botão de provocação, que modifica os atributos em prol do jogador.

Com a provocação, também é possível aumentar a euforia, que é a mecânica mais interessante adicionada ao combate. Durante as lutas, o jogador deve ficar atento ao medidor de euforia, que mostra o quanto a torcida está ao seu favor.

Caso o medidor estiver ao seu favor, o grupo pode receber diversas melhorias, como dano aumentado, mais XP e etc. Contudo, é importante estar atento, pois se o medidor começar a favorecer os inimigos, são eles que recebem as melhorias.

Outro ponto bacana do combate do jogo está nas habilidades conjuntas. Com elas, dois ou mais personagens podem realizar golpes ou ações poderosíssimas, que podem ser cruciais na hora de um combate mais difícil.

Essa é, sem dúvida nenhuma, a parte alta de toda a jogatina. Mesmo que em certos pontos pareça repetitivo, lutar com os personagens e derrotar todos os inimigos com golpes pirados e originais é muito divertido, e isso salva WrestleQuest pra mim.

Mas vale a pena?

Levando em consideração o combate criativo e os visuais pixelados, o jogo é sem dúvida uma pedida interessante para quem gosta de RPG de turnos. Após desbravar, e quase desistir, da sua narrativa, temos um jogo que, vindo do nada, traz uma sensação divertida e engajante para o gênero.

*O Cromossomo Nerd agradece a TheoGames e Skybound Entertainment por fornecer uma chave de acesso para PlayStation 4 para esta análise.