[ANÁLISE] SaGa Scarlet Grace: Ambitions | Uma aventura desafiadora!

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A franquia SaGa fez sua estreia no Japão, no ano de 1989. Para a época, foi revolucionária por apresentar um RPG extremamente não linear, permitindo que os jogadores tivessem experiências completamente diferentes, devido ao sistema de escolhas. Por ter ficado por muito tempo restrita ao mercado asiático, mesmo sendo um dos melhores RPGs japoneses já feitos, acabou sendo uma série desconhecida para o público em geral. De uns tempos para cá, a Square tem trazido os títulos para o ocidente, aos poucos, dando chance dos jogadores experimentarem as aventuras, com tradução em inglês. SaGa Scarlet Ambitions é mais um título que chega por aqui. Originalmente lançado para o PSVita, o jogo também marca mais de uma década que não recebíamos um jogo novo da saga. Nesta semana, o título, que já havia sido lançado no oriente anteriormente, chega ao ocidente com a expansão Ambitions, com gráficos melhorados e mais conteúdo.

História

Scarlet Grace: Ambitions ocorre em uma terra sem nome que já foi dominada pelo Império (não confundir com Star Wars!), que agora jaz destruído. O mundo vive da adoração aos deuses estelares. Cada deus estelar governa um aspecto diferente da vida humana, como guerreiros e magos. Em tempos remotos, um deus estelar apelidado como “aquele que traz o fogo” traiu seus semelhantes e como pena, foi condenado a tornar-se um cometa e a cada 150 anos, cairia no planeta ressuscitando monstros e trazendo trevas. A cada ciclo de destruição, os deuses estelares escolhiam um humano para encarar o deus caído e seus inimigos. No último ciclo, o império caiu e diversos reinos surgiram, fragmentando o mundo. O jogo começa setenta anos após o colapso do império, com nações tentando coexistir diante da ameaça de monstros sobreviventes.

Ao iniciar o jogo, você irá deparar-se com uma série de perguntas “estranhas”, mas não fique intrigado: as perguntas são para saber mais a respeito da sua personalidade e de acordo com as suas escolhas, irá te recomendar um dos quatro personagens que podem ser escolhidos: Urpina, Leonard, Taria e Balmaint. Cada um dos personagens tem uma história própria e são bem diferentes entre si. Junto de cada um deles, diversos seguidores que irão compor a sua equipe. Esse tipo de liberdade é bem característico da série SaGa e é um excelente incentivo a terminar o jogo diversas vezes para ver o desenrolar da trama por diferentes óticas. A trama é bem simples e divertida, mas a não ser que você seja muito fã da série, dificilmente fará com que você queira terminar mais de uma vez, principalmente por causa da longa duração que pode render mais de 50 horas de jogatina.

Jogabilidade

Felizmente, o título mantém a tradição da franquia: liberdade total ao jogador para explorar o mapa e resolver as coisas da forma que deseja, além de uma enorme variedade de personagens para serem recrutados e integrarem seu grupo. Cada personagem conta com uma especialização que poderá ir de arquearia até armas pesadas e durante cada batalha e quanto mais você utilizar suas habilidades, mais chances o personagem terá de ganhar novos golpes e aumentar seus pontos de vida. Pelo fato de não haver um sistema de XP como da maioria de jogos, a progressão poderá ser confusa de início, mas a medida que o jogador progride, as coisas ficarão mais simples.

Para aqueles acostumados com o sistema de batalha da série, não irão ter problemas. Para os novatos, a curva de aprendizado será tortuosa e irá fazer com que você queira arrancar os cabelos de tanta raiva. Em cada encontro, você contará com 5 personagens em batalhas por turnos. Porém, a grande sacada aqui é que um sistema irá ditar o número de ações de cada personagem, de acordo com o poder dela. As estrelas indicarão os pontos de batalha que a equipe possui e esgotar os pontos com um ataque poderoso de um único personagem mais forte poderá ser má ideia, já que o resto da sua equipe não terá ações, ficando completamente à mercê dos oponentes. Distribuir as ações, de acordo com as estrelas disponíveis, dá um ar muito mais estratégico do que outros RPGs por turnos e é justamente isso que pode tornar a experiência frustrante: uma ação escolhida de forma errada pode significar a derrota do seu time, principalmente porque não há itens de cura e nem ressurreição. Este estilo de combate mostra-se extremamente desafiador, principalmente em batalhas com grupos grandes de inimigos e irá afastar os jogadores afobados que queiram ação intensa.

O jogo incentiva à exploração e justamente por isso, não espere nenhum tipo de bússola ou marcador para onde você deve ir. Constantemente, você deverá interagir com diferentes personagens e prestar muita atenção em tudo o que é falado. Em algumas missões, você deverá investigar boatos, conversando com personagens variados e nestes diálogos, você receberá diversas pistas do que fazer e onde ir, nem sempre de forma clara. Juntar todas essas pistas irá te dar direção para prosseguir na história. Esse sistema acaba sendo cansativo caso você perca algum detalhe, fazendo com que você rode o mesmo mapa dezenas de vezes, até achar o que é para fazer.

Trilha Sonora e Gráficos

Novamente, a trilha sonora ficou a cargo do veterano Kenji Ito, que cuidou das faixas de outros jogos da série e como não seria diferente, faz um trabalho excelente, talvez o seu melhor trabalho da franquia. As faixas são bem distintas entre si, indo desde ao rock até o orquestral, tentando captar a essência da personalidade de cada personagem e acontecimentos diversos da trama, contribuindo para a imersão no jogo. O trabalho dos dubladores é discreto, mas muito competente.

O jogo é um port da versão de Vita, mas recebeu diversas melhorias, principalmente na parte gráfica. Durante a exploração, o mapa comporta-se como uma superfície plana, em 2D, com seu personagem em 3D, deslocando-se pelo mesmo. Os modelos são bem feitos, com cores bem vivas e diversos detalhes. Por ser um port do vita, não espere texturas realistas ou complexas, mas dentro da proposta do jogo, são bonitos, com um trabalho de arte muito bem feito.

Considerações Finais

SaGa Scarlet Grace: Ambitions é um RPG que foge do comum, mas ainda segue toda a cartilha da série SaGA, o que significa dar grande liberdade ao jogador e uma trama divertida. Sua dificuldade elevada e seu combate altamente estratégico certamente irá afastar aqueles que buscam uma experiência com mais ação, mas para aqueles que buscam um bom JRPG mesclado com elementos estratégicos ou fãs da franquia, é uma excelente pedida. Para aqueles que não conhecem a franquia e desejam conhecê-la, é uma boa porta de entrada, mas vá preparado para encontrar uma experiência altamente desafiadora.