[ANÁLISE] Uncharted: Legacy of Thieves Collection | Dá pra chamar de coletânea?

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Em 2016, um dos maiores exclusivos do PlayStation 4 foi lançado: Uncharted 4: A Thief’s End. A aventura impressionou na época, principalmente nos aspectos técnicos com cenas de ação épicas e gráficos de cair do queixo. Uncharted tem como proposta trazer uma aventura de ação nos moldes de Indiana Jones, com o personagem canastrão e malandro Nathan Drake.

A nova coletânea traz também o derivado Lost Legacy, em que os jogadores assumem o controle de Chloe, uma ladra e mercenária conhecida dos jogos anteriores.

Com a Sony expandindo seus lançamentos para além dos consoles, incluindo Death Stranding, Ghost of Tsushima e God of War, não é de se surpreender que Uncharted recebesse o mesmo tratamento, mas antes disso, a empresa decidiu remasterizar os jogos para PS5, mas será que essa foi uma boa ideia?

Em 2015, Uncharted ganhou uma coletânea com os três primeiros títulos chamada The Nathan Drake Collection, onde os jogadores poderiam aproveitar a saga completa no PS4 e no PS5 através da retrocompatibilidade.

O novo relançamento visa aprimorar os dois títulos mais recentes, mas isso acaba deixando a coleção um pouco desfalcada novamente.

Será que a nova coletânea é um bom investimento para os iniciantes e dá um motivo para os que já possuíam os jogos investirem no upgrade?

Com uma cópia cedida gentilmente pela PlayStation e a FSB Comunicação, responderemos essas e outras perguntas em nossa análise.

História

Uma das maiores perguntas que alguns novatos farão será: se eu começar pela coletânea, eu entenderei a história? Bem, você poderá entender a história de Uncharted 4, mas não entenderá o peso dele na franquia. O jogo representa uma conclusão, o fechamento da história de Nathan Drake.

Com personagens de peso retornando e momentos especiais que celebram o legado da franquia, os jogadores de primeira viagem não entenderão certas decisões narrativas e não conseguirão se afeiçoar a alguns personagens e momentos especiais.

Com o segundo título, Lost Legacy, a coisa fica pior ainda. Chloe é uma das personagens mais importantes na história de Nathan e uma das mais emblemáticas da série, mas isso não é bem construído no jogo, já que o contexto de sua história foi dado nos jogos anteriores. O grande ponto positivo dele é revelar detalhes do passado dela, mas não vai além.

Uncharted 4 pode ser terminado em 15 horas, mas pode ultrapassar 20 horas tranquilamente caso você queira descobrir todos os seus segredos. Já Lost Legacy tem uma duração modesta de 8 horas, que pode ultrapassar para 10 horas se o mundo for bem explorado.

Jogabilidade

O ponto forte de Uncharted é, inegavelmente, a sua jogabilidade. O jogo é uma aventura de ação nos moldes de Tomb Raider. Nathan irá escalar locais íngremes atrás de tesouros, participar de tiroteios intensos e perseguições explosivas com ação cinemátográfica em terra e mar.

O quarto título tem um refinamento de suas mecânicas e conta com a principal novidade, o arpéu. Com ela, Nathan pode se balançar ao melhor estilo “Tarzan” e chegar a locais que seriam inalcançáveis. Uncharted 4 também traz como novidade explorações em ambientes maiores, mas não deixa a linearidade de lado.

Outro ponto que vale frisar é como os jogos levam os jogadores para diferentes cenários, bem variados entre si. Como um explorador, você sempre irá sentir que está descobrindo algo novo e repleto de segredos prontos para serem desvendados. Os quebra-cabeças são bem dosados e intercalam bem os momentos de ação.

Uma surpresa desagrádável da coletânea é que, caso você tenha jogado o multiplayer no original e queira repetir a dose nesse relançamento, sinto lhe informar que o modo foi retirado da nova versão.

Outra decisão um tanto quanto bizarra e que deixará caçadores de troféus decepcionados é que a coletânea conta com apenas uma platina e Lost Legacy tem apenas um troféu de ouro.

Aspectos Técnicos

A coletânea traz dois jogos remasterizados com três opções gráficas: 4K nativos e 30 FPS, 4K dinâmicos e 60 FPS e 1080p e 120 FPS.

No ponto de vista do desempenho, é difícil aceitar um remaster que não rode no PlayStation 5 com 4K nativos e 60 FPS. Visualmente, o modo nativo e o dinâmico possuem diferenças quase imperceptíveis. Isso não quer dizer que os gráficos sejam ruins, mas sim que Uncharted 4 e Lost Legacy já eram jogos lindos quando lançaram e havia muito pouco a se fazer.

O conselho que eu dou é jogar no segundo modo. O jogo continua belíssimo e o desempenho se mantém estável.

O DualSense, um dos maiores destaques do novo console da Sony, é utilizado de forma tímida que passa batida. Caso você queira utilizar o save do PS4, é possível. Basta fazer a transferência no menu principal do remaster caso seus dados salvos estejam na nuvem.

Polêmica

Com o lançamento da versão de diretor de Ghost of Tsushima, a Sony decidiu remover o jogo base de sua loja digital, tanto do PS4 quanto PS5.

Com o lançamento da nova coletânea, a empresa removeu as versões individuais de Uncharted 4 e Lost Legacy e colocou a coletânea no lugar. Basicamente, a empresa tirou dois jogos antigos que poderiam ser encontrados entre 50 a 79 reais e colocou uma “nova” versão por R$ 249,50. Mesmo quem está comprando o PS4 agora (e tem muita gente fazendo isso), só vai encontrar o pacote digital com os dois jogos, sendo vendido por R$ 199,50.

Aqueles que já possuíam algum dos dois jogos poderão optar pelo Upgrade para a coletânea Legado dos Ladrões por uma taxa de R$ 50,00. Entretanto, a oferta não é válida caso você tenha resgatado o jogo pela PlayStation Plus. Nesse caso, você será obrigado a comprar a coleção pelo preço cheio.

É curioso ter que bater mais uma vez nessa tecla, ainda mais quando a Microsoft oferece o Smart Delivery, que dá aos jogadores a melhor versão de um jogo de acordo com a plataforma do usuário, incluindo diversas regalias com melhoria de desempenho, sem custo adicional. Isso faz com que a Sony vá na direção contrária, tendo ações um tanto quanto questionáveis.

Considerações Finais

É difícil explicar o propósito de Uncharted: Legacy of Thieves Collection no PS5. Os jogos são excelentes, mas o pacote lançado pela Sony não celebra a franquia da forma correta. Com visuais com mudanças quase imperceptíveis, nenhum conteúdo inédito e o DualSense usado de forma rasa, o único ponto positivo aqui é o desempenho e nada além.

Além disso, o lançamento não faz nenhum sentido. Quando a coletânea foi anunciada pela primeira vez, o que chamou a atenção foi a confirmação de que chegaria ao PC. Entretanto, a Sony optou por lançar primeiro no PlayStation 5 e deixou o PC de lado.

Vale dizer que mesmo quando ela for lançada no PC, muitos não conseguirão aproveitá-la de forma adequada, já que o fato de não terem jogado os três primeiros jogos tira uma grande parte do peso narrativo, conforme citamos acima.

Uncharted 4 é um jogo que encerra um ciclo e conclui uma das franquias mais amadas da Sony e não funciona bem como ponto de entrada na série. Teria sido melhor um mega relançamento de toda a franquia no PC (o que faria sentido até mesmo se fosse lançado para o PS5).

Caso você queira vivenciar a saga de Nathan Drake no seu PlayStation 5, as mídias para PlayStation 4 podem ser encontradas facilmente no varejo brasileiro por preços muito mais acessíveis.

Uma coisa é fato: o legado da franquia Uncharted merecia muito mais. Eu espero que a Sony entenda o carinho dos fãs pela série e o honre nos vindouros lançamentos.

*Agradecemos a PlayStation e a FSB Comunicação por nos ceder uma cópia da coletânea para análise.