[CRÍTICA] El Camino: A Breaking Bad Movie | Uma carta de amor para os fãs

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Breaking Bad é considerada uma das melhores séries de todos os tempos e não é para menos. Com um elenco de atores extremamente talentosos, sendo protagonizada por Bryan Cranston e Aaron Paul nos papéis de Walter White e Jesse Pinkman, respectivamente, aliados à genialidade de Vince Gilligan, a série rendeu 5 temporadas em que conseguiu algo raro: manter o nível de qualidade e encerrar de forma magistral.

É notório que o arco de Jesse não teve um encerramento definitivo como o de Heisenberg e isso deixava os fãs se perguntando onde o jovem iria após os eventos traumáticos pelos quais passou e todo o impacto de sua relação nada saudável com Walter White. A transformação do professor de química tímido em um traficante impiedoso conhecido como Heisenberg afetou todas as pessoas ao seu redor, principalmente Jesse que era constantemente manipulado por conta de sua ingenuidade, sendo a principal vítima da moral distorcida de Walter.

Em Agosto de 2019, tivemos o anúncio do filme El Camino, uma produção Netflix, que iria justamente dar as respostas que nunca tivemos sobre a fuga de Jesse e contar a história que Gilligan desejava desde a gravação do último episódio da série, transmitido em Setembro de 2013. É compreensível que o anúncio do filme deixou muitos preocupados em como isso poderia impactar negativamente o legado que Breaking Bad construiu.

Para aqueles que não lembram muito bem do fim da série e de alguns momentos importantes, podem ficar tranquilos. A Netflix inseriu um resumo antes do filme iniciar, que irá refrescar a memória dos fãs, elencando alguns dos eventos significativos e mostrando como a série havia terminado. Este resumo é muito bem-vindo e ajuda-nos a voltar ao encerramento de Breaking Bad, que é exatamente onde El Camino inicia.

Aaron Paul entrega uma atuação fantástica, levando em conta todo o desenvolvimento que seu personagem teve durante sua jornada ao lado de Walter White. Não espere ver Jesse soltando seu bordão icônico e suas piadas: o rapaz está extremamente traumatizado devido aos acontecimentos prévios, como a morte de pessoas queridas e seu tempo no cativeiro. O roteiro consegue desenvolver bem não só a proposta de entregar uma trama inédita, mas também toma a liberdade de desenvolver mais do que já havia sido construído previamente pela série através de flashbacks, onde iremos conhecer mais de certos personagens do passado e como suas ações influenciaram acontecimentos futuros.

Como não seria diferente, ao tomar a decisão de explorar o passado, os fãs podem preparar-se para verem diversos rostos e lugares conhecidos, tudo feito com muito capricho para não contradizer fatos da série e nem inventar retcons incoerentes nos acontecimentos do filme. O fato da trama alternar-se entre passado e presente pode parecer cansativo e confuso de inicio, mas Vince Gilligan consegue construir uma narrativa fechada e sólida, onde cada elemento da trama não está ali a toa e tudo merece a sua atenção.

Por falar nele, sua genialidade, tanto como diretor e roteirista, continua afiada. Seus enquadramentos únicos e sua fotografia esplêndida fazem-se presentes constantemente. Nos momentos de perigo, Vince consegue transmitir toda a tensão e drama para a tela, deixando o espectador atento e cada vez mais curioso para ver como a história de Jesse irá encerrar. Aliado a isso, temos a trilha sonora, que casa perfeitamente com as situações apresentadas. Em diversos momentos, os fãs irão abrir um sorriso e sentir-se como estivessem vendo um episódio especial, dada a capacidade de Vince de passar todo o clima da série para o filme.

Com uma atuação impecável de Aaron Paul e uma trama envolvente que respeita o legado da série, El Camino: A Breaking Bad Movie pode ser definido como uma carta de amor de Vince Gilligan aos fãs, onde finalmente podemos apreciar o encerramento da jornada conflituosa e dramática de Jesse, conduzida de forma magistral e única.