A Pixar acostumada em manter padrão bem alto em filmes animados, conquistando igualmente crianças e adultos, e a sequência de Carros não é exceção à regra. Ainda não há um filme do estúdio que não faça mais de US $ 100 milhões ou obtenha elogios tanto da crítica como do público. A animação é linda, as sequências de ação são nítidas e eletrizantes, a dublagem tanto nacional quando americana são impecáveis e as piadas internas adaptadas para o público do mundo inteiro mantem seu teor cômico.

Carros 2 não é uma obra-prima quando comparamos contra as sequências de Toy Story, mas é uma animação divertida que fará com que o público reflita sobre o que significa realmente ser você mesmo, mesmo quando há pressão para mudar. Mas a sequência se beneficia em escolher os melhores elementos do primeiro filme e mudar o tema completamente, tirando Relampago e Matte de Radiator Springs e os levando ao redor do mundo em um filme de espionagem dinâmico, prestando diversas referências aos filmes do maior agente secreto do cinema, James Bond.

O guincho Matte é o protagonista agora, e o mundo é o cenário dessa animação, enquanto o roteiro expande o universo de Carros, por consequência acaba limitando a quantidade de tempo que gastamos com nossos velhos conhecidos de Radiator Springs. Caine e Emily Mortimer são perfeitos como agentes da inteligência britânicos, mas no final, novamente quem se destaca na telona é brilhante comediante Larry the Cable Guy.

O elenco é convidado para participar de um novo grande prêmio mundial, com circuito passando por Tóquio, Itália e depois em Londres. Todos os locais turísticos, e especialmente em Londres, a imagem do Big Ben é reproduzida com fidelidade. A corrida é patrocinada por um extravagante britânico, interpretado por Eddie Izzard, que deseja promover seu novo e revolucionário combustível ecológico.

O diretor John Lasseter tem um carinho especial pela franquia, na verdade, os automóveis fazem parte da história de origem de Lasseter: seu pai, Paul, que morreu em maio de 2011 aos 87 anos, administrou uma concessionária de peças Chevy em Whittier, Califórnia. Como adolescente, Lasseter trabalhou para seu pai como um motorista de caminhão, transportando peças de automóveis em todo o sul da Califórnia. Hoje, Lasseter coleta carros clássicos, seu favorito é o seu preto Jaguar XK 120 de 1952, e participa de corridas de automóveis.

Carros 2 é mais como um thriller de ação de James Bond amigável para crianças do que uma aventura de autodescobrimento que nem o filme original. Há mais perseguições de alta velocidade aqui do que no antecessor e uma quantidade surpreendente de violência com armas de fogo, alguns personagens de carros são mortos, o que torna a classificação indicativa uma surpresa. Espere um pouco de linguagem suave, incluindo insultos como “idiota” e “tolo”, bem como o flertar manso entre os automóveis. A mensagem geral do filme de ser fiel a si mesmo e leal a seus amigos é acompanhada de uma chamada aberta para combustível alternativo, falando por cima sobre o ambientalismo.

Mas o ritmo acelerado funciona no favor da animação, à medida que os momentos ligeiramente mórbidos cintilam dentro e fora tão rapidamente quanto as voltas dos carros de corrida. Em todos os filmes da Pixar, que envolvam maquinas, monstros, peixes, brinquedos ou insetos, os personagens possuem um lado humano mais acentuado, fazendo com que o público sinta algo pelos personagens envolvidos.

Com um final surpreendentemente satisfatório e cômico, Carro 2 é uma sequência contendo tudo o que você poderia querer e muito mais de um filme sobre os automóveis mais simpáticos da Pixar.