[ANÁLISE] The Last of Us | Talvez fosse melhor não ter vindo para o PC

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The Last of Us, o tão aclamado jogo do Naughty Dog, finalmente fez sua estreia em outra plataforma após quase 10 anos de seu lançamento, mas ao invés de aproveitar o hype deixado pela série na HBO, a versão de PC traz uma experiência frustrante quanto à sua performance. E bota frustrante nisso. Principalmente para aqueles que, assim como eu, nunca tiveram a oportunidade de jogar o título no PlayStation.

O Cromossomo Nerd teve a chance de analisar o port do jogo e vamos detalhar como foram esses testes e como estão os requisitos técnicos.

The Last of Us foi lançado originalmente para Playstation 3, em 14 de junho de 2013, se tornando assim um dos maiores exclusivos da Sony. Pouco depois, o jogo ganhou uma remasterização para o PS4, seguido pela sequência lançada em 2020.

Em 2022, a Sony decidiu lançar um remake do primeiro jogo com o intuito de permitir que uma nova geração de jogadores pudessem desfrutar do título com os recursos aprimorados do PS5 (falamos mais sobre ela nesta análise). Esse remake também serviu de base para a versão de PC.

A história

Na tramas, acompanhamos a jornada de Joel Miller, que acorda em meio a um surto de uma doença desconhecida, que deixa seus hospedeiros agressivos e com uma fome insaciável por devorar e infectar novas vítimas.

Começamos jogando com Sarah, filha do protagonista, e tentamos entender um pouco como é essa relação de pai e filha. Após um acontecimento trágico, somos jogados para 20 anos no futuro, onde vemos que a humanidade não obteve tanto sucesso no combate à doença.

Nesse futuro pós apocalíptico, Joel vive da maneira que pode, fazendo contrabandos de qualquer produto que possa vir a dar lucro, pois na maioria das cidades foi instalada uma espécie de ditadura imposta por uma agência federal.

É nesse cenário que conhecemos uma nova personagem e ponto-chave da história: Ellie, uma criança de idade semelhante à da filha de Joel.

O protagonista recebe a missão de levá-la até um grupo revolucionário chamado de vaga-lumes, opositores da Fedra, pois os mesmos acreditam que a menina pode ser a chave para uma possível cura, já que o fungo Cordyceps parece não ter efeito nela.

A história do jogo sempre foi o ponto forte e chamativo, com diversos personagens cativantes.

Os problemas no PC

Desde que os requisitos de hardware para se jogar The Last of Us no PC foram publicados pela empresa, os jogadores os viram com incerteza, pois a maioria estava muito alta, tendo em vista que estamos falando de um jogo linear, sem recursos de Ray Tracing, e que exigia uma RTX 3060 com 12GB de VRM para ser rodado em 1080p com configurações no alto.

Além disso, devemos levar em conta a onda de péssimos lançamentos em geral para o PC, onde muitos títulos vêm apresentando um desempenho lamentável.

Infelizmente, The Last of Us acabou se tornando mais um desses problemáticos lançamentos, o que hoje em dia acabou se tornando “normal”, o que é um total descaso com o jogador, que paga caro, e não recebe o mínimo. O jogo também se consagra como um dos piores ports já feitos para o PC, se não o pior.

Ao abrir o jogo pela primeira vez, não é permitido jogar diretamente, tendo que aguardar a criação de shaders (processo responsável por processar luzes e sombras em imagens 3D, e a criação do mesmo o prepara de acordo com o hardware que está sendo utilizado), com o carregamento podendo levar até duas horas para ficar pronto, mas esta não é a única espera que temos.

Após o carregamento infinito de shaders, ao dar o play, o loading do jogo pode demorar de 1 a 2 minutos, sim, até mesmo no ssd mais veloz da atualidade os loading são infinitos, o que fez com que muitas pessoas não pudessem mais pedir o reembolso do jogo, pois acabavam ultrapassando o limite de tempo do Steam, o que foi mais um motivo de revolta nos jogadores.

O uso de hardware no jogo está absurdo. No menu, o uso de CPU chega a 100%, até mesmo em processadores recentes e topo de linha, comprometendo e muito a performance, pois o uso do componente não baixa em hipótese alguma, causando diversos travamentos. O jogo se comportou muito mal em placas com 8GB de VRAM, com diversos crashs.

Mesmo com uma máquina potente, pude notar que o consumo de RAM está além de absurdo, chegando a utilizar quase 25GB de memória. Vale notar que grande parte dos usuários ainda tem “apenas” 16GB de RAM.

Tendo em vista que a Sony foi muito elogiada por seus ports para PC, é estranho nos depararmos com o estado lamentável de The Last of Us, ainda mais quando nos lembramos que a Sony comprou diversos estúdios para se focar exclusivamente na portabilidade dos jogos do PlayStation para o PC.

Falando sobre The Last of Us em específico, o responsável pela portabilidade foi o Iron Galaxy Studios, conhecido por trabalhar na versão de PC para Batman Arkham Knight, de 2015, mostrando que o estúdio tem uma predisposição para entregar ports ruins e extremamente mal otimizados, já que até hoje, o jogo do morcegão ainda apresenta problemas no PC, precisando até mesmo de uma ajuda da equipe da NVIDIA para ficar em um estado “aceitável”.

Considerações finais

Os testes do jogo foram conduzidos numa RTX 3060, acompanhados de um i5 10400f e 16GB de memória RAM, o jogo quase nunca consegue se manter acima dos 60 fps, mesmo em lugares fechados. Nos locais fechados, onde deveria ter menos processamento e uso dos componentes, o FPS chegava a despencar pela metade ao carregar uma nova sala, assim, o que é inexplicável. Não importava qual configuração você utilizasse (baixa, média, alta, ultra), o jogo sempre vai ficar instável, texturas não carregavam e bugs infinitos.

Desde o lançamento, o próprio Naughty Dog, responsável pela franquia, se comprometeu em ajudar o Iron Galaxy no suporte aos jogadores e em trabalhar nas correções, com muitos patches tendo sido lançados desde então, mas eles não mudaram praticamente nada. O uso de CPU ainda continua alto, com a melhora mais perceptível sendo o movimento de câmera com o mouse.

No fim das contas, começamos a suspeitar que esse é um daqueles casos em que dificilmente o jogo será consertado, pois certas coisas não têm conserto.

É muito triste que um grande clássico e tão esperado pelos jogadores de PC tenha recebido um tratamento como esse, tornando-o praticamente injogável, e uma experiência totalmente frustrante de todas as formas possíveis.

Temos aqui uma história incrível e tocante completamente destruída por uma má decisão e um trabalho péssimo no port. Por enquanto, a melhor alternativa é esperar pelas correções “definitivas” ou investir em um PS5 para aproveitar o jogo na melhor qualidade.

*Agradecemos à PlayStation Brasil e FSB Comunicação por terem nos cedido uma cópia do jogo para esta análise.