[ANÁLISE] The Last of Us Part 1 | Era mesmo necessário?

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Desde o final do ano passado, rumores circulam sobre uma versão reformulada de The Last of Us, jogo que se tornou um clássico da era moderna dos videogames e “fechou” com chave de ouro a geração PS3.

Muitos fãs estavam céticos com essa possibilidade, já que estamos falando de um jogo que foi lançado a menos de 10 anos, além do fato de que ele já havia ganhado uma remasterização para o PS3 que, até hoje, ainda é bem bonita. Mesmo com as incertezas, alguns estavam empolgados com a possibilidade desse remake trazer algumas melhorias e até mesmo alterações na história.

Eis que em junho deste ano, o remake foi anunciado oficialmente e rebatizou o jogo para The Last of Us Part I, como uma forma de criar uma ponte melhor para o segundo jogo. Desde então, o ceticismo com o projeto ficou cada vez maior, tendo em vista que todo o material de divulgação mostrava apenas melhorias gráficas, mas sem mudanças nas animações ou a sensação de que teríamos grandes alterações na jogabilidade.

Esta semana, finalmente teremos o lançamento desse remake, portando, chegou a hora de responder a pergunta que não quer calar: Vale à pena o investimento?

História

O enredo de The Last of Us Part I segue à risca a trama do original, onde após uma pandemia começar a transformar os humanos em monstros, assumimos o papel de Joel Miller. Ao longo de sua jornada, Joel se encontra com a jovem Ellie, onde juntos, tentam encontrar uma cura para essa calamidade mundial.

Embora a trama do jogo original seja espetacular, cheia de camadas emocionais, muito drama, suspense e a densidade que só a Naughty Dog é capaz de entregar, o principal ponto negativo do remake é justamente o fato de ser extremamente fiel ao original, o que pode ser um grande problema para quem já jogou o original e esperava por novidades.

O maior pecado da Sony talvez seja não aproveitar a oportunidade deste remake para encorpar a história e aumentar ainda mais o gancho para o segundo jogo. Uma das maiores críticas dos fãs em relação ao segundo jogo é o fato de que a trama central se pauta na vingança de um personagem que, até então, era visto apenas como um figurante do primeiro jogo e que não tinha qualquer importância.

O fato do remake novamente não dar peso para esse personagem, deixa a sensação de que esse remake não tem um propósito narrativo real para quem já conhecia a história.

Jogabilidade e Recursos

A Jogabilidade de The Last of Us Part 1 era um dos recursos que gerava grande curiosidade nos fãs da franquia, já muitos estavam esperando pelo estilo mais rápido e fluido apresentado em The Last of Part II, além de alguns recursos de combate que foram apresentados na sequência, mas infelizmente, nada disso foi implementado no remake.
Grande parte do sistema de armamentos, mobilidade e combate segue o que foi visto no jogo de 2013, o que é uma decepção.

A IA, apesar de ter sido anunciada com novidades, é muito similar ao original. Os mesmos
acertos e erros são vistos no novo jogo e ainda há situações em que o seu companheiro podia ter feito algo contra o inimigo, mas ignorou e deixou você morrer. Por falar em inteligência artificial, quem recebeu melhorias foi a IA dos inimigos, que agora aparecem bem mais populosos no mapa e mais coordenados, aumentando a sensação de desafio.

Para pontuar as novidades, o jogo agora conta com a bancada de armas, que foi apresentada na sequência. O recurso é bem implementado e ajuda a trazer um senso de diferença para quem já havia jogado o original.

Outro destaque são os recursos de acessibilidade, que deixam o jogo muito mais inclusivo para quem possui algum tipo de deficiência auditiva ou visual, algo que o jogo original não tinha e que é de extrema importância.

Para os mais aficionados, o remake também conta com o Speedrun mode, que conta com um cronômetro durante o jogo que monitora o tempo de jogo para que você se desafie à concluir a campanha no menor tempo possível.

Por mais que agora também tenhamos inclusa a história da DLC Left Behind, que narra mais do passado da jovem Ellie, outra defasagem desse remake é a remoção do modo multiplayer que vinha com o original e que era muito querido pelos fãs.

Quanto aos recursos da nova geração, o título possui suporte aos recursos do DualSense, que aumenta a imersão na hora dos combates e mobilidade, além do áudio 3D, que também contribui para a imersão.

Mas e os gráficos?

Tendo acompanhado a franquia desde seu lançamento no PS3, devo dizer que mostrar melhorias gráficas nesse remake talvez tenha sido um dos maiores desafios da equipe de desenvolvimento, já que mesmo em 2013, o jogo original já era impressionante e deixou todos embasbacados com o resultado alcançado pela Naughty Dog na época.

O nível de desafio aumentou ainda mais com o lançamento da remasterização do PS4, que deixa até os dias de hoje o título com uma bela aparência.

É claro, não vou dizer que as mudanças gráficas do remake não são notáveis e ele de fato parece um jogo da geração atual, tanto quando se fala na modelagem dos personagens quanto nos cenários. Tudo ganha mais vida e mais detalhes, mostrando que a equipe técnica de fato se empenhou em fazer valer o investimento no remake.

O jogo conta com duas opções de resolução, sendo:

  • Modo Fidelidade: 4K nativo com uma taxa de quadros a 30fps
  • Modo Performance: 4K dinâmico com uma taxa de quadros a 60fps

Considerações finais

The Last of Us Part I é um jogo incrível, mas em minha opinião, só é interessante para aqueles que nunca jogaram o original e possuem uma certa curiosidade.

O jogo não inova na parte narrativa e inova pouquíssimo em sua jogabilidade, não sendo o suficiente para me convencer que ele é de fato um remake. A sensação final é de que esse não passa de mais uma remasterização para a geração atual.

A maior decepção é que existem outras franquias da Sony que mereciam muito mais ganhar um remake antes de The Last of Us e mesmo assim ainda insistiram e lançar praticamente o mesmo jogo com visuais melhorados.

É claro, sabemos que o real propósito desse remake é lançar a franquia no PC, tal como a Sony vem fazendo com muitos de seus jogos nos últimos anos, além de servir como “aquecimento” para a série da HBO que será lançada no ano que vem, mas será que essa é de fato a melhor estratégia para quem já conhecia o jogo?

Como dito acima, esse certamente é um bom jogo para quem nunca teve contato com a
franquia, mas se você já jogou o original ou o remaster, esse talvez não entre para sua lista de prioridades.

*Agradecemos à Sony e FSB Comunicação pela cópia do jogo para esta análise.