[CRÍTICA] Matrix Resurrections | Desnecessário, mas entretém

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O que é a Matrix? O conceito de uma realidade simulada em que vivemos, sem noção do que de fato é real, bombou no final dos anos 90.

“Precisamos buscar a verdade”, eles dizem, mas a verdade é que não há colher nenhuma. Matrix fez, e ainda faz, um sucesso estrondoso. A obra das irmãs Wachowski mudou o cinema, moldou o mix de filosofia, tecnologia e ação e a maneira com que filmes vindouros seriam feitos, o que é completamente inegável. Mas o que também é inegável é o fato de que continuar nesse universo após uma ou até duas sequências é totalmente desnecessário. Matrix Resurrections sabe muito bem disso, mas não tá nem aí.

No novo capítulo da franquia, quase 20 anos depois de Revolutions, vemos Neo (Keanu Reeves) mergulhado novamente na Matrix. Precisando ser acordado, um novo grupo tenta convencê-lo de que tudo aquilo que Thomas Anderson tem vivido não é real. Resurrections é um baita repeteco/continuação.

Dá pra perceber que a intenção da Warner, ou talvez uma das intenções, é conquistar novos fãs. Qual é, Matrix explodiu no final dos anos 90 e começo dos anos 2000! Muitas franquias que surgiram nessa época também perpetuaram-se lançando novas sequências que se estendem até os dias de hoje. Porque o estúdio não faria o mesmo com Matrix?

No novo longa, Lana Wachowski usa da metalinguagem para abordar a franquia Matrix com uma trilogia de jogos de videogame criada pelo personagem de Keanu Reeves, que é tão revolucionária ao ponto de tornar Thomas Anderson um designer de jogos extremamente famoso.

Usando essa premissa, temos um looping do que já vimos em Space Jam 2, onde a Warner tenta se vangloriar de seu próprio sucesso e de seu legado, até mesmo promovendo a si mesma, através de um filme. Em Resurrections, a Warner Bros. é dona da desenvolvedora de jogos em que o rapaz trabalha. Uma jogada que já era bem questionável na sequência dos Looney Tunes, que fica ainda mais desconexa e repetitiva no novo Matrix. E a Warner sabe disso, mas prefere seguir o lema de que “a propaganda é a alma do negócio”.

Resurrections sabe que é desnecessário, todo mundo no filme sabe, principalmente quando fazem uma jogada de analogias para dizer que dar continuidade à trilogia de games brilhantes é besteira, mas mesmo assim seguem adiante com a ideia. Enquanto tudo isso rola, dentro da brincadeira de senciência do roteiro, as homenagens e revisitações pulam na tela. Mas o que importa é se o filme é bom, certo? Deixa disso, sabemos que isso nem sempre é o principal, mas pelo menos o que acontece legal? Sim. Isso é outra coisa inegável.

Lana Wachowski tomou as rédeas desse filme sozinha e deu conta muito bem. Os flashbacks pulam na tela para complementar memórias dos personagens de forma rápida e objetiva, não precisa de muita firula, só usar cenas dos filmes anteriores. No meu ponto de vista, isso nem é preguiça, mas sim uso inteligente e simples do legado.

Se Neo está em uma simulação, tudo aquilo que ele viveu pode bem ser um arquivo de filme, ou como vemos aqui, uma cutscene de um jogo de videogame, para justificar os Déjà vus e acordar de um mundo que sempre lhe pareceu estranho.

Matrix Resurrections cativa pelas homenagens e por ter noção própria de que não precisava acontecer. Com personagens novos, que são simpáticos, e cenas de ação muito bem boladas, o filme não exige muito do espectador, apenas que ele deixe de lado a implicância sobre a necessidade desse filme. Já que ele foi feito, nos resta aproveitar.