[CRÍTICA] O Mandaloriano – 1ª Temporada | Expandindo o universo de forma magnífica

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Star Wars é uma das maiores franquias da história do entretenimento e não é de surpreender-se que tenha originado diversas obras que vão muito além dos filmes, incluindo jogos, livros, animações e até histórias em quadrinhos, que expandem o universo fascinante criado por George Lucas, mas até então, não havíamos recebido uma série em live-action nesse universo.

Afinal, produzir uma série não é tarefa fácil, principalmente com algo tão adorado e famoso. O serviço de streaming Disney+ decidiu aceitar o desafio e chegar com tudo com um derivado para a TV, revisitando a franquia de forma peculiar e diferenciada. Assim, surgiu O Mandaloriano.

Para assumir a produção, Dave Filoni e Jon Favreau foram chamados para atuarem como produtores executivos. O primeiro, é bem conhecido por seu trabalho no material das Guerras Clônicas, uma das animações mais amadas e elogiadas da franquia, e já o segundo, é conhecido pelo seu trabalho no universo cinemátográfico da Marvel, atuando tanto como ator, quanto como diretor e produtor executivo. Com ambos tendo currículos cheios de experiências positivas, era notável que algo bom iria sair. E assim ocorreu.

O Mandaloriano é uma série diferenciada dos outros materiais da franquia por seguir o clima de faroeste, algo que a trilogia antiga não escondia as influências, mas não ia a fundo. O protagonista, apelidado carinhosamente de “Mando”, é um caçador de recompensas enigmático, frio e calculista, que segue o código mandaloriano, um grupo conhecido por ter os maiores guerreiros da galáxia e trajarem uma armadura muito característica, com um arsenal único, além das técnicas de batalha diferenciadas.

A série apresentou um formato de 8 episódios com durações variadas entre 30 a 40 minutos, mostrando-se uma decisão acertada, permitindo um ritmo direto, sem episódios cansativos ou com fatos apenas para preencher o tempo. Cada episódio do Mandaloriano, chamado de “capítulos”, tem um propósito específico, aprofundando-se no personagem principal, interpretado por Pedro Pascal de forma fenomenal, ou na criatura que ganhou a internet, além dos novos personagens Gref Karga, Kuiil e Cara Dune, intepretados respectivamente por Carl Weathers, Nick Nolte e Gina Carano. Cada personagem é único, interessante e passa uma sensação de que há muita história a ser contada sobre cada um deles.

A trama se passa 5 anos após o Retorno de Jedi (1983), onde o Império foi derrotado e a Nova República instalou-se. Para os fãs atentos, as referências ao período da trilogia original são fortíssimas e a própria temporada lembrou muito o Episódio VI em estética. Favreau e Filoni aproveitam para introduzir novos elementos no cânone da saga de forma coerente e promissora, plantando sementes para o futuro da franquia.

Cada episódio demonstra um roteiro que preocupa-se com os mínimos detalhes, que ousa de forma planejada e inteligente. O humor se faz presente, mas de forma pontual e discreta, tornando-o agradável, sem comprometer o tom sério da obra.

A trilha sonora do seriado conta com faixas únicas, originais, compostas por Ludwig Göransson, que ajudam a reforçar o clima de faroeste da série de forma magistral e memorável. Grande parte dos momentos representados na tela acabam tornando-se épicos justamente por casarem bem com as faixas compostas para o seriado, demonstrando um trabalho incrível de Göransson.

Fazer uma série de Star Wars sem utilizar um orçamento alto é praticamente impossível, mas felizmente, a Disney abriu seu cofre para dar vida ao mundo do Mandaloriano, com criaturas novas e únicas, além de cenas de ação de tirar o fôlego, explorando todas as habilidades de luta de “Mando”. Os efeitos especiais são de alto nível, surpreendendo por sua qualidade, principalmente quando lembramos de que estamos falando de um seriado. Os figurinos são sensacionais e impressionam pelo nível de detalhes e realismo, como a armadura do protagonista, por exemplo.

No quesito violência, a série é mais brutal do que os filmes regulares da franquia, caminhando em direção ao que foi mostrado em Rogue One, com mortes mais realistas e agressivas, mas sem nada chocante. Uma ideia excelente foi fazer com que os episódios tivessem diferentes diretores, permitindo com que cada capítulo soasse único, mas sem perder a identidade da obra.

O Mandaloriano não é somente uma das melhores séries de 2019, mas também um dos melhores derivados de Star Wars já feitos até a data. O cuidado em respeitar o cânone da franquia e a ousadia de contar uma história no vasto universo de George Lucas sem prender-se aos Skywalker, apresentando novidades, mostra-se como uma decisão acertada e prova de que ainda há vários materiais pela galáxia que podem ser explorados para render histórias fascinantes.