[CRÍTICA] Vidro | A melhor trilogia de filmes de super-heróis da história

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Vidro finalmente traz a reunião dos personagens apresentados em Corpo Fechado (2000) e Fragmentado (2016), onde vemos o embate entre os personagens nesse mundo de super-heróis distópicos, criado pelo diretor M. Night Shyamalan. Enquanto Corpo Fechado era focado no personagem David Dunn (Bruce Willis) e Fragmentado em Kevin Crumb e suas 23 personalidades (James McAvoy), Vidro é focado em Sr. Vidro (Samuel L. Jackson), com isso, temos o encontro dos personagens fantásticos, com todas as reviravoltas que só Shyamalan é capaz de fazer.

A trama de Vidro se passa pouco tempo depois de Fragmentado, com David, que juntamente com seu filho Joseph (Spencer Treat Clark), agora é dono de uma loja de segurança domiciliar. Quando não está trabalhando, David, também auxiliado por Joseph, se transforma em um vigilante e começa a procurar os criminosos da Filadélfia. A imprensa nomeia o herói como o “O Vigilante“, e fala que ele é procurado pelas autoridades.

David está a procura de “A Horda”, nome dado pela imprensa para o personagem de McAvoy. Logo no início, já vemos um embate entre David e a Besta, porém ambos são apreendidos pela polícia, que foram enviados pela psiquiatra Dra. Ellie Staple (Sarah Paulson), que é especialista em tratar indivíduos que acreditam ser super-heróis. Ambos são enviados para um hospital psiquiátrico onde Elijah Price/Sr. Vidro está preso há muito tempo.

É impressionante como Shyamalan é um diretor bem detalhista. Cada enquadramento que é apresentado pelo diretor possui um propósito. Nada do que está ali é feito sem motivo.

Além disso, é extremamente difícil amarrar uma história quando se cria um universo compartilhado, principalmente quando o primeiro filme já estreou há 19 anos atrás. Porém, Shyamalan consegue fazer isso com maestria e conecta a história dos três filmes de forma exemplar.

Fora a boa direção e uma boa história, o filme conta um elenco espetacular. Os atores Bruce Willis, James McAvoy e Samuel L. Jackson são muito bem dirigidos e os seus personagens são desenvolvidos perfeitamente, dando a chance para que cada um receba o destaque que merece.

O personagem de Samuel L. Jackson passa a maior parte da trama calado. Porém isso faz parte da premissa do roteiro, já que o Sr. Vidro está planejando algo grandioso, com muito suspense, que prende a atenção do expectador completamente. Assim como Corpo Fechado, em Vidro, Elijah traz ótimas referências aos quadrinhos que são transmitida em uma ótima forma de metalinguagem para o expectador. Já o personagem de Bruce Willis, em certo momento da trama passa a ter um pequeno conflito interno, que mais tarde é resolvido.

Ao falarmos sobre James McAvoy, sua atuação chega a ser ainda mais impressionante do que a vista em Fragmentado. No longa, o ator muitas vezes alterna as personalidades em sequência sem cortes, exigindo muita atenção para notar as alterações rápidas e sutis entre. Além disso, o ator consegue trazer um alívio cômico para o longa através da personalidade Hedwig.

Os personagens coadjuvantes Joseph, Casey (Anya Taylor-Joy) e Sra. Price (Charlayne Woodard) possuem curtas aparições, porém estão presentes em momentos cruciais do filme.

Vidro encerra perfeitamente uma trilogia que M. Night Shyamalan apresentou 19 anos atrás. Vale ressaltar que a trilha sonora continua sendo marcante, trazendo suspense, tensão e entregando os sentimentos dos personagens em cada cena.  Em certos momentos do longa, o diretor me fez questionar novamente se o universo criado por ele realmente contava com super-heróis ou não. No fim, o diretor foi capaz de amarrar uma trilogia, respeitando a essência de cada personagem, trazendo as suas famosas reviravoltas e deixando um espaço para uma continuação desse universo, mesmo afirmando que não pretende continuar a história com mais filmes.