Desventuras em Série | Netflix faz questão de te lembrar que produz “Black Mirror” ao contar a história dos órfãos Baudelaire

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Sempre fui um grande fã do filme “Desventuras em Série”, e desde que a Netflix anunciou que ira produzir uma série baseada nos contos de Daniel Handler, fiquei curioso e animado para saber qual seria o resultado.

Apesar do filme estrelado por Jim Carrey ter sido bem recebido pela crítica e faturando razoavelmente bem, a franquia acabou não vingando nos cinemas e ficou suspensa por longos 10 anos até que sua produção fosse retomada em uma outra mídia e outro elenco.

Pelo filme original ter ficado tão gravado em minha mente, foi inevitável buscar comparações entre as atuações (do filme e da série), e elas existem, apesar de Neil Patrick Harris lutar bravamente para dar seu próprio toque ao excêntrico Conde Olaf, em alguns momentos conseguia visualizar Carrey encenando o personagem à minha frente, por ser um personagem muito marcante e com muitos trejeitos, o Conde Olaf caiu como uma luva para os métodos de atuação de Jim Carrey, não que Neil Patrick Harris também não tenha ficado bem no papel, muito pelo contrário, ele estava excelente, mas ainda assim, não posso dizer que superou Jim Carrey, diria que ambos estão em pé de igualdade.

As crianças, personagens principais da série, são um problema, Malina Weissman, que interpreta Violet Baudelaire, talvez seja quem consegue causar mais empatia, mas breves momentos de destaque não fazem com que ela se torne uma personagem de destaque (mesmo sendo uma das personagens principais), o costume característico de amarrar os cabelos como sinal de que está inventando algo acaba sendo encaixado em alguns momentos de forma forçada na série, e não te deixa ansioso para o que está por vir.

Louis Hynes, intérprete de Klaus Baudelaire, é apático, seu personagem talvez ganhe um pouco de destaque nos episódios finais da temporada, o que acaba deixando-o descartável, bem como a pobre bebê Sunny Baudelaire, que se apoia no uso de recursos digitais em seu rosto para atender às necessidades da personagem, porém em alguns momentos o efeito não é aplicado de uma maneira agradável, o que deixa a bebê com uma aparência artificial e estranha.

A Series Of Unfortunate Events

O destaque mesmo fica com os personagens coadjuvantes, Neil Patrick Harris consegue ser um vilão divertido e suas aparições fazem com que você queira ver mais do personagem em tela, Joan Cusack, apesar de seu pouco tempo de aparição, consegue nos cativar e imaginar que talvez um dia os órfãos Baudelaire tenham uma vida feliz ao lado da Juíza Strauss, e Aasif Mandvi é o Tio Monty que foi levado cedo demais, pois estava ótimo no papel!

Assim como no filme (e nos livros), a história dos órfãos Baudelaire é marcada por tragédias e desencontros, a Netflix já provou que é capaz de deixar você “no fundo do poço” com Black Mirror, e isso é reafirmado em “Desventuras em Série“, após passar uma temporada inteira te dando uma falsa esperança de que talvez os órfãos Baudelaire tenham uma chance de serem felizes, ela consegue destruir essa esperança com maestria, revelando algo que você não imaginaria (não da forma que tudo estava sendo contado e se encaixava).

A fotografia e cenografia da série são excelentes, construindo com maestria ambientes que definem a situação e estado de espírito do órfãos, se apoiando em lugares escuros e sujos quando estão tristes e super coloridos e vibrantes quando estão vivendo momentos de felicidade.

A primeira temporada de “Desventuras em Série” pode ser um pouco enjoativa e repetitiva, caso você já tenha assistido ao filme de 2004, mas deixa um belo gancho para o futuro e prepara o terreno para eventos ainda mais misteriosos e grandiosos, o que nos deixa ansiosos para o que está por vir, então sem dúvidas, quero ver mais dos órfãos Baudelaire se desvencilhando do terrível Conde Olaf e talvez encontrando a felicidade.