God of War ainda é um jogo excelente, mesmo depois de três anos

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Lançado em 2018, God War veio com uma icônica repaginação da franquia criada pelo estúdio Santa Monica.

A jornada de Kratos pela mitologia grega já era bem impressionante por si só. O que começou como uma missão de vingança contra o Deus da Guerra, acabou evoluindo para um confronto contra o Olimpo como um todo, além de reacender o embate épico entre Deuses e Titãs.

Ao longo dos três primeiros jogos da franquia principal, vimos Kratos evoluir, se redimir e aprender, além de acender novamente dentro de si a compaixão para com outras pessoas, algo que ele acreditava ter perdido há muito tempo, quando vendeu sua alma para Ares.

Nos jogos, vimos como os Deuses são manipuladores, egoístas e cruéis, mas além disso, eles também são gananciosos e buscam eliminar qualquer um que coloque a soberania deles em risco. Por mais que essa jornada de vingança e sangue seja bem interessante, não podemos dizer que o Kratos da primeira trilogia é um poço de profundidade e emoção, na verdade, ele era movido basicamente pela raiva, o que deixava pouco espaço para outras emoções.

Morre, diabo!

Depois de ter ficado um tempo sumido, o herói voltou a dar as caras um novo jogo solo, desta vez, adotando não só um novo visual, como também explorando uma nova mitologia e novas perspectivas de vida.

Desde que foi anunciado com um show de abertura espetacular na E3 de 2016, sabíamos que esse não era apenas mais um jogo da franquia.

Só pelo trailer, estava claro que veríamos Kratos em uma nova fase de sua vida, mas além disso, tínhamos ali um Kratos que tentava deixar para trás seu passado.

Quando o jogo foi lançado, pudemos confirma que de fato tudo estava diferente, mas para melhor.

Depois de ter feito as pazes com seus demônios interiores, Kratos decidiu formar uma nova família, onde aprendeu a amar novamente e até teve um filho com uma mulher chamada Faye.

Mesmo que o jogo comece com a morte de Faye, o que leva Kratos e Atreus em uma jornada de autodescoberta para cumprir o último desejo da moça, vemos aqui que Kratos passa pelo luto de forma diferente da que viveu no passado, já que desta vez, ele não possui culpa pela partida de sua parceira.

Apesar disso, o jogo faz um trabalho fenomenal em construir a relação entre pai e filho, que ao longo da jornada dos protagonistas, se mostra bem problemática, principalmente pelo fato de Kratos querer esconder de seu filho sua real origem.

Em diversos momentos da obra, se destaca o esmero e o cuidado da equipe de produção em mostrar essa evolução do personagem. Seja nos momentos em que ele respira para evitar arrancar a cabeça do garoto, ou quando ele abre mão da postura de brutamontes para nos dar um vislumbre do que realmente guarda dentro de si, temos ali um Kratos com camadas e que ganha uma profundidade jamais vista.

Atreus vendo que Kratos matou o próprio pai.

Mesmo querendo ficar escondido das divindades e longe de problemas, não demora muito para que o panteão de Deuses Nórdicos cruze o caminho de Kratos e é aí que realmente começa essa nova aventura. Felizmente, por mais que Kratos se envolva novamente com os Deuses, o foco principal do novo jogo não é enfrentá-los, pelo contrário, tudo o que Kratos quer e cumprir a missão deixada por Faye enquanto treina Atreus para os perigos que podem surgir no caminho do garoto futuramente.

Não precisa falar muito para dizer que toda a ambientação do jogo, complementada pela trilha sonora, artefatos e tudo o mais realmente nos submergem nessa nova mitologia, algo feito com tanta maestria que sequer lembramos que a saga um dia já se passou na mitologia grega. Não me entenda mal, o passado de Kratos ainda está lá e existem muitos elementos que resgatam essas memórias, mas a equipe de produção realmente cumpriu a árdua missão de nos transportar para um novo universo.

Tá pra nascer pessoa mais ingrata que essa aí.

Como se não bastasse essa drástica mudança narrativa e visual, temos também uma revolução completa das mecânicas do jogo, que deixa de ser apenas um hack ‘n slach “esmaga botões” para se tornar uma espécie de Action RPG, onde temos novas formas de melhorar os equipamentos de Kratos, juntamente com missões secundárias que, de certa forma, acabam sendo essenciais para a experiência completa.

E pensar que a franquia era zoada por sua jogabilidade.

Se a trama principal do jogo já é instigante o bastante e só nos deixa ainda mais ansiosos para o futuro dessa “nova franquia”, não dá pra dizer que as missões secundárias também não são importantes. Além de aprofundar ainda mais essa nova mitologia, muitas delas possuem linhas narrativas que complementam as situações vividas por Atreus e, de certa forma, até fortalecem o relacionamento entre eles.

A implementação de um mapa aberto, que oferece muita exploração, aliado às novas mecânicas de locomoção (seja pelo barco ou o fast travel dos portais), também é uma ótima forma de “engordar” a narrativa, além de dar ainda mais valor para o trabalho artístico empregado no título.

É relaxante demais passear com o barquinho.

Não se pode dizer que a Santa Monica não foi ambiciosa com esse jogo. Os jogadores vão encontrar não só uma campanha extensa na medida certa, como também um amplo número de missões secundárias, colecionáveis, secretos, desafios, chefões e tudo o mais. Além disso, é impressionante olhar para o jogo e ver a quantidade de elementos inspirados em um jogo só, seja pelos chefões à la Dark Souls, mapas procedurais e tantas outras mecânicas que conferem um verdadeiro show para quem é fá de jogos de aventura.

Imagens que trazem paz.

Chega a ser surpreendente pensar o quanto o jogo ainda pode ser rejogado, mesmo depois de tanto tempo, e ainda causar emoção em muitos momentos. Embora muitos digam que os jogos do PlayStation não possuem apelo o suficiente para mais de uma ou duas jogatinas, temos aqui a prova de eles podem sim ser viciantes e rejogados.

Nas duas últimas semanas, dediquei várias horas dos meus dias para reviver essa aventura de Kratos e Atreus e não poderia ter feito uma escolha melhor. Além de servir como um ótimo remédio para as “atribulações do mundo real”, pude me divertir novamente com o jogo (e também passar muita raiva com as Valquírias), como se estivesse fazendo isso pela primeira vez.

O momento que te deixa arrepiado do começo ao fim.

Depois de três anos, fica claro que a decisão de dar o prêmio de “Jogo do Ano” para God of War, ao invés de Red Dead Redemption 2, foi mais do que acertada.

Ainda não sabemos se o novo jogo da saga conseguirá superar o antecessor, afinal, um dos momentos de maior impacto do God of War de 2018 é pautado pela nostalgia e por um “retorno” às origens, o que deve ser bem difícil de se superar em um novo título. De qualquer forma, temos aqui um dos títulos mais memoráveis da Geração PS4.

E lá vem mais deuses morrendo.