Wolfenstein | A franquia que revolucionou os jogos em primeira pessoa!

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Todo jogador, veterano ou novato, principalmente aqueles que curtem jogos de tiro em primeira pessoa, já ouviram falar da série Wolfenstein. Lançada em 1981, a franquia ganhou uma legião de fãs no mundo todo, tornando-se um verdadeiro clássico. Muitos tiveram a infância marcada pelos games e atualmente, com os novos jogos, vemos uma dose de nostalgia e um bom aumento na qualidade, atraindo aqueles que ainda não conheciam a série.

Através desse artigo, Iremos apresentar a história da franquia e seus jogos, permitindo que pessoas mais novas possam conhecê-la e fazer com que os veteranos relembrem os bons tempos.

A trama principal do primeiro Wolfenstein de 191, tem como plano de fundo a segunda guerra mundial. Na época, criado pela empresa Muse Software. Algo curioso, é que a série, consolidada como um jogo de primeira pessoa, não começou assim. Os dois primeiros jogos da franquia, Castle Wolfenstein e Beyond Castle Wolfenstein, eram focados na jogabilidade stealth e possuíam perspectiva 2D, de cima.

Inicialmente, a série foi desenvolvida pelo programador americano Silas Warner, um pioneiro no início da era dos vídeo-games, especialmente no gênero de stealth. No primeiro jogo, publicado pela sua empresa M.U.S.E. Inc. (Muse Software), o jogador controlava um prisioneiro de guerra americano desconhecido. Após roubar arquivos de guerra contendo informações cruciais sobre os planos de guerra da Alemanha, o prisioneiro deve fugir da fortaleza nazista conhecida como Castelo Wolfenstein, evitando contato direto com os guardas, fazendo com que ele seja considerado um dos primeiros do gênero stealth. 

O terceiro jogo da franquia, Wolfenstein 3D, desenvolvido pela ID Software e lançado em 1992, foi o primeiro a contar com a perspectiva em primeira pessoa com ação intensa e fluida. Devido a isso, é amplamente reconhecido que esse jogo ajudou a popularizar o gênero tão conhecido e amado por boa parte dos jogadores até hoje.

Em 2001, a série sofreu um reboot com Return To Castle Wolfenstein, desenvolvido pela Gray Matter Interactive, sendo seguido por Wolfenstein: Enemy Territory em 2003, desenvolvido pela Splash Damage.

Em 2009, a Raven Software lançou o título com somente o nome de Wolfenstein. Após a aquisição da ID Software pela ZeniMax Media, vimos um novo reboot da série em 2014, com o lançamento do excelente Wolfenstein: The New Order, sendo seguido por uma expansão em 2015, conhecida como Wolfenstein: The Old Blood.

Uma sequência direta de The New Order foi lançada em 27 de Outubro de 2017, sendo chamada de The New Colossus, agrandando a crítica e o público.

Em 2019, Dois novos capítulos da franquia foram lançados em 26 de julho, sendo eles: Wolfenstein: Youngblood, onde veremos a estréia das filhas do protagonista da série, William “B.J.” Blazkowicz e Wolfenstein: Cyberpilot, voltado para a realidade virtual, onde que controlaremos um hacker auxiliando a resistência na luta contra os nazistas.

A maioria dos jogos da franquia segue a história de William “B.J.” Blazkowicz, um sargento judeu do exército com origem polonesa-americana em sua luta contra os nazistas. Os títulos anteriores são centrados nos nazistas tentando obter poderes sobrenaturais e forças ocultas para conquistar o objetivo de dominação mundial. Na nova linha do tempo, iniciada por The New Order em 2014, as forças do eixo, lideradas pelos nazistas, venceram a segunda guerra mundial.

Castle Wolfenstein (1981)

Silas Warner, inspirado pelo jogo de tiro Berzerk, um clássico do fliperamas – e pelo filme de guerra chamado Canhões de Navarone, onde um pelotão de aliados deve destruir um forte alemão em plena segunda guerra – começou a desenvolver o jogo.

Programador americano e empregado da empresa Muse Software, tinha acesso a computadores na faculdade e quando trabalhou na IBM Mainframe. Ele utilizou um computador chamado P.L.A.T.O., um dos primeiros terminais com múltiplas tarefas e considerado um dos primeiros modelos de rede de computadores. Com auxílio do P.L.A.T.O., Silas desenvolveu uma série de jogos clássicos, como seu simulador de vôo e jogos arcades de tiro. Um destes jogos era Castle Wolfenstein, publicado em 1981.

O jogo foi revolucionário por ser considerado um protótipo do gênero de stealth, um estilo que não ganharia popularidade até 1990.

Beyond Castle Wolfenstein (1984)

Como seu predecessor, o jogo segue a linha de stealth-aventura, sendo também desenvolvido pela Muse Software. O jogo continha diversas melhorias em relação ao anterior e foi elogiado por sua história.

Seu objetivo, era atravessar níveis no bunker secreto alemão, onde o führer está mantendo reuniões importantes com os principais líderes de seu exército nazista. O jogador deve recuperar uma bomba que um dos agentes deixou no bunker e armá-la na porta da sala onde Hitler está tendo este encontro.

A história é inspirada na famosa Operação Valquíria, fato histórico notório que rendeu diversas adaptações, inclusive um filme estrelado por Tom Cruise. Após a morte de Silas, sua esposa lançou uma nova versão do game, em 2004, com código fonte reestruturado, em sua homenagem.

Wolfenstein 3D (1992)

Aqui, a franquia começa a adotar o estilo conhecido por muitos. Abandonando a perspectiva de cima e a jogabilidade stealth e tornando-se um jogo de tiro em primeira pessoa, sendo responsável por popularizar o estilo.

No meio do ano de 1991, o programar John Carmack experimentou criar uma engine 3D rápida, focando a jogabilidade e o ponto de vista em um plano único. Junto do designer Tom Hall, Wolfenstein 3D foi concebido. Desenvolvido pela ID Software e publicado pela Apogee Software, em 1992, a história segue o amado protagonista da série, William “B.J.” Blazkowicz.

Após ser preso pelos nazistas durante uma operação de espionagem com objetivo de sabotar o regime alemão, BJ é preso e levado ao subterrâneo do Castelo Wolfenstein. Conseguindo derrotar o guarda que vigiava sua cela, ele rouba sua arma e segue pelo castelo, com o objetivo de completar sua missão e descobrir os segredos por trás da Operação Eisenfaust, um plano em que os nazistas pretendiam criar mutantes mortos-vivos para virar o jogo na segunda guerra.

Wolfenstein 3D foi um imenso sucesso de crítica e vendas, conquistando diversos prêmios e vendendo mais de 200 mil cópias até o final do ano de 1993. É considerado o avô dos jogos de tiro 3D e estabeleceu novos padrões de jogabilidade ao adotar o sistema em primeira pessoa, sendo aclamado no mundo inteiro até hoje.

O jogo ganhou um episódio novo, que atualmente, chamaríamos de DLC, chamado Spear Of Destiny. Ele se passa antes dos eventos de Wolfenstein 3D e o jogador, novamente, assume o papel de BJ em uma missão para recuperar a Lança do Destino, roubada de Versailles, na França, pelos nazistas. A lenda diz que aquele que empunhar a lança, ganhará poderes ao ponto de se tornar imbatível.

Return to Castle Wolfenstein (2001)

Publicado pela Activision e lançado em 19 de Novembro de 2001, Return to Castle Wolfenstein tinha como proposta ser tanto um remake do primeiro jogo quanto um reboot, reiniciando a história da franquia.

Com versões para Microsoft Windows, Linux, Macintosh, Xbox e Playstation 2, o jogo foi muito bem recebido pela crítica e pelo público. Sua campanha foi desenvolvida pela Gray Matter Interactive, enquanto seu modo multiplayer foi desenvolvido pela Nerve Software. A ID Software, criadora de Wolfenstein 3D acompanhou o desenvolvimento e foi creditada como produtora executiva. O modo multiplayer acabou sendo a parte mais popular do game, influenciando mais uma vez o gênero de jogos de tiro em primeira pessoa.

Na campanha, acompanhamos dois agentes atuando pelos aliados, William “B.J.” Blazkowicz e Agente 1, capturados e mantidos presos no Castelo Wolfenstein, enquanto tentavam investigar rumores sobre um dos projetos pessoais de Heinrich Himmler, a divisão paranormal SS.

Para quem não sabe, SS significa Schutzstaffel, uma organização paramilitar ligada a Adolph Hitler e ao partido nazista, sendo uma espécie de grupo de proteção. Seu lema era “Meine Ehre heißt Treue” que em português significa “minha honra chama-se lealdade”.

O Agente 1 é morto durante o interrogatório, enquanto BJ consegue fugir. Durante sua fuga, ele descobre que os nazistas estão construindo um plano chamado “Operação Ressurreição”, que tem como principal objetivo ressuscitar os mortos utilizando elementos sobrenaturais, fato que iria trazer uma tremenda vantagem ao Eixo e permitir a dominação dos Aliados.

Wolfenstein: Enemy Territory (2003)

Sendo originalmente planejado como uma expansão de Return To Castle Wolfenstein, Enemy Territorry veio a se tornar um título próprio, sendo free to play. O jogo não possuía nenhum tipo de história ou campanha, mas sim o elogiado modo multiplayer de seu antecessor.

Desenvolvido pela Splash Damage e pela Activision, o título foi considerado bem divertido por expandir o seu multiplayer, mas não fez sucesso entre os jogadores que desejavam uma boa campanha, como os outros títulos. Algum tempo depois, passou a vir junto de algumas edições especiais de Return To Castle Wolfenstein.

Wolfenstein RPG (2008)

Desenvolvido pela Fountainhead Entertainment e publicado pela EA Mobile em 2008, Wolfenstein RPG contava com John Carmack, um dos envolvidos no desenvolvimento do primeiro jogo em primeira pessoa da série, reprisando seu papel de programador.

A jogabilidade era diferente do que estávamos acostumados, seguindo o clássico estilo de RPG por turnos. Movimentação e combate foram inteiramente convertidos para esta mecânica, fazendo com que os jogadores escolhessem suas ações. O jogo aproveitava seu ritmo lento para encorajar o jogador a repensar suas estratégias e explorar os mapas, tendo diversas surpresas.

Na história, acompanhamos BJ mais uma vez, onde o mesmo deveria investigar a divisão paranormal do Eixo. Sendo capturado e mantido preso no local conhecido como Torre, ele consegue fugir e resolve impedir os planos maléficos entrando novamente no Castelo Wolfenstein, tentando impedir de vez as atividades sobrenaturais nazistas. O jogo foi extremamente elogiado por fazer algo diferente, focando na história e apresentar uma mecânica nova bem polida e afiada.

Wolfenstein (2009)

Desenvolvido pela Raven Software e publicado pela Actvision, o jogo tem a proposta de ser uma sequência direta a Return To Castle Wolfenstein de 2001. Foi lançado em 2009 para Microsoft Windows, Xbox 360 e Playstation 3, utilizando a mesma engine do jogo Doom 3, porém com melhorias.

O título teve uma recepção morna por parte da crítica e público, mas foi um fracasso de vendas. Foi o último jogo supervisionado pela ID Software como uma produtora independente, sendo lançado 2 meses após a aquisição dos mesmos pela ZeniMax Media em junho de 2009.

A história acompanhava novamente o herói de guerra William “B.J.” Blazkowicz. Após se deparar com um medalhão com propriedades sobrenaturais durante uma missão em um navio de guerra, BJ descobre que os nazistas estão escavando minas de cristal para encontrar mais do mesmo material que dá poderes ao artefato.

Sendo enviado para a cidade fictícia de Isenstadt, o protagonista descobre que os nazistas dominaram a cidade atrás dos cristais de Nachtsonne, necessários para acessar a dimensão do Sol Negro e cabe a ele impedir que o mundo seja dominado.

Wolfenstein: The New Order (2014)

Após a Activision entregar os direitos de publicação para a Bethesda Softworks, o desenvolvimento de Wolfenstein: The New Order, sétimo jogo da franquia, começou em 2010 pela MachineGames, levando 4 anos para ficar pronto.

O jogo teve versões para Microsoft Windows, Xbox 360, Xbox One, Playstation 3 e Playstation 4. Considerado uma sequência do título de 2009, o título é situado numa realidade paralela, no ano de 1960, em que os nazistas venceram a segunda guerra. A história nos coloca mais uma vez no papel de BJ, agora, um veterano de guerra – e na sua luta para impedir que os nazistas dominem o mundo. Para isso, ele deverá se juntar à Resistência e ajudá-los em suas missões.

O jogo possui uma história incrível, com algo que não havia sendo feito até então: desenvolve a personalidade de Blazkowicz, uma decisão dos desenvolvedores para manter os jogadores na história, fato que funciona muito bem.

É impossível não simpatizar com ele e seus atos heroicos. Possuindo uma jogabilidade fluida, que capta a essência dos jogos e evolui, refinando e implementando novas mecânicas como um sistema de escolhas que influencia a história e um sistema de cobertura, permitindo que o jogador se proteja de tiros.

Como não poderia faltar num jogo de tiro, a produção conta com uma variedade incrível de armamentos, permitindo até que se use duas armas ao mesmo tempo, rendendo momentos que fariam inveja aos protagonistas dos filmes de ação dos anos 90. O jogo foi extremamente bem recebido pela crítica e público, principalmente por sua jogabilidade e história, inclusive concorrendo a prêmios de melhor jogo do ano.

Wolfenstein: The Old Blood (2015)

Wolfenstein: The Old Blood é uma expansão do The New Order, lançado em forma de título independente, sendo desenvolvido pela MachineGames e publicado pela Bethesda Softworks em 2015.

O jogo tem a intenção implícita de ser um remake de Castle Wolfenstein, com ambas as tramas possuindo grandes semelhanças, além do retorno de diversos personagens, que fazem homenagens às suas versões do jogo antigo.

O jogo se passa antes de The New Order, sendo um prelúdio e vemos BJ e Agente 1, conhecido como Richard Wesley, sendo enviados para se infiltrar no Castelo Wolfenstein e obter uma pasta secreta com informações sobre o paradeiro do general Deathshead.

A missão dá errado e ambos são capturados pelos nazistas, com o Agente 1 sendo morto e BJ escapando. Cabe ao protagonista recuperar o documento e lidar com Helga von Schabbs, uma oficial nazista que está conduzindo uma escavação arqueológica em busca de um tesouro com conhecimento ocultista, que foi possuído pelo rei alemão Otto I.

O jogo é uma experiência bacana e bem feito, principalmente quando se leva em conta que tinha como intenção ser uma expansão.

Wolfenstein II: The New Colossus (2017)

O oitavo título da série foi desenvolvida pela MachineGames e publicado pela Bethesda Softworks, lançado em 27 de Outubro de 2019 para Microsoft Windows, Xbox One e Playstation 4. Em 29 de Junho de 2018, foi lançada uma versão para Switch.

O jogo é uma sequência de The New Order. Desta vez, BJ deve lutar contra o regime nazista que dominou a América.

Contando com as mecânicas novas e melhorias do jogo anterior, a sequência foi muito bem recebida pelo crítica e público, onde a ação e a história foram novamente muito elogiadas.

E o futuro?

Poucas franquias clássicas conseguem atrair jogadores depois de tanto tempo. Wolfenstein completou 38 anos de vida em 2019 ainda teve fôlego para mais dois lançamentos, mostrando que a série está mais viva do que nunca.

Sempre inovando e atraindo novos jogadores, sem se esquecer dos antigos e abraçando a nostalgia, a franquia conseguiu achar a fórmula para seu sucesso, que promete durar muito tempo, com muitas aventuras ainda a serem contadas.