[ANÁLISE] Assassin’s Creed Mirage | O retorno triunfal às origens

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Ao longo dos anos, a franquia Assassin’s Creed passou por diversas reformulações, seja na sua história, jogabilidade, ou até mesmo em todo seu cerne. Com Valhalla, Ubisoft chegou a um nível absurdo de mundo aberto e imensidão em um game da série, porém isso reacendeu a nostalgia dos fãs e a necessidade de um retorno às origens. Assim, chegamos a Assassin’s Creed Mirage.

Desde seu anúncio, o game prometia levar os jogadores de volta às raízes de toda a  franquia, com maior foco na furtividade e uma trama mais focada no clã dos assassinos, ou Os Ocultos, trabalhando nas sombras para combater uma enorme conspiração no mundo antigo.

Agora, com o lançamento cada vez mais próximo, tivemos a chance de experimentar o game. Finalmente, podemos dizer que sim, Assassin’s Creed Mirage é uma volta aos tempos de ouro da série. Temos diversos pontos interessantes e positivos para comentar, e alguns negativos também. Portanto, vamos ao que interessa.

Retorno Triunfal ao cerne principal

Desde seus primeiros minutos, Mirage se mostra sim como uma tentativa da Ubisoft de reconquistar os fãs de longa data da série, principalmente os que não tiveram uma boa experiência com os últimos lançamentos da franquia.

Por mais que sim, a ideia de tornar a um RPG de ação seja boa, é inegável que, principalmente em Odyssey e Valhalla, muito foi esquecido do que outrora era o foco principal da saga, e aqui temos a volta desse foco.

A todo momento, sentimos que Mirage poderia ser uma sequência direta de jogos como o primeiro Assassin’s Creed, com uma temática mais focada na constante luta dos assassinos contra os templários, aqui chamados de A Ordem.

A história de Assassin’s Creed Mirage

A saga de Assassin's Creed Mirage oferece cenários belíssimos

Em Mirage, acompanhamos Basim Ibn Ishaq, um jovem que vive nas ruas de um dos distritos de Bagdá. Após um acidente, Basim acaba indo de encontro aos Ocultos, aprendendo seus dogmas e habilidades para assim se tornar um membro valioso.

Como um assassino treinado, o jovem retorna a Bagdá para buscar informações sobre os membros da Ordem, um grupo que comanda o governo pelas sombras e quer controlar os inocentes sem medir esforços. Enquanto luta para ajudar os cidadãos, Basim ainda precisa lidar com fantasmas do seu passado, que inclusive podem ameaçar o seu futuro.

Sem sombra de dúvida, um dos principais pontos positivos de Assassin’s Creed Mirage é sua história. A jornada de Basim, semelhante a personagens como Ezio Auditore ou Edward Kenway, tem um propósito além do objetivo dos Ocultos, mas ambos se intercalam perfeitamente para parece uma única narrativa.

Graças a esse maior foco narrativo, até mesmo as atividades secundárias de Mirage parecem ter uma ligação maior com a trama central, onde surgem diversas atividades que o jogador pode realizar no mapa, mas que não deixam de ser serviços e atividades que um Oculto faria em prol dos inocentes e para atrapalhar os planos da Ordem.

Junte isso à excelente trilha sonora para te acompanhar durante a gameplay, e temos uma jornada incrível para utilizar toda a sua habilidade para ser um Oculto em meio a antiga Bagdá.

A exploração de Assassin’s Creed Mirage

O mapa de Assassin's Creed Mirage é repleto de segredos e locais belíssimos

Outro ponto extremamente positivo, e isso não é surpresa na franquia Assassin’s Creed, é a sua exploração. Além da belíssima Bagdá do mundo antigo, todo o ambiente desértico, apesar de parecer vazio, guarda diversos segredos e locais tão belos que, mesmo que não ofereçam muito, não deixam de ser um deleite para o jogador.

Além disso, com o acertado foco maior na furtividade, assim como nos primeiros jogos, Mirage instiga o jogador a ser criativo para realizar assassinatos, invasões ou roubos sem ser detectado, e esse aspecto é ainda mais amplificado com o MARAVILHOSO retorno da Visão de Águia, uma mecânica que, particularmente, sentia muito a falta.

Eagle Vision em Assassin's Creed Mirage

Juntando essa mecânica com o uso do companheiro de Basim, a águia Enkidu, a exploração é um gigantesco deleite para quem já conhece a série de longa data ou para quem começou a acompanhar com os últimos lançamentos.

A mistura é importante para que o jogador possa bolar a melhor estratégia na hora de cumprir objetivos ou simplesmente para descobrir segredos e colecionáveis no mapa do game, que acertadamente é menor que jogos como Valhalla ou Odyssey, mostrando novamente o foco na narrativa.

Contudo, mesmo que o mapa do game seja menor, não pense que isso tira dele a sua imensidão. Durante toda a jogatina, haverão diversos momentos onde o jogador poderá explorar as areias do deserto ou as ruas de Bagdá como bem entender, e a cada mudança de ambiente, parece que nos deparamos com uma infinidade de possibilidades, apesar de repetitivas.

Retorno positivo, mas com os negativos também

Assassin's Creed Mirage ainda conta com certos problemas

Por mais que a volta às raízes seja bem-vinda, parece que a Ubisoft também decidiu trazer alguns probleminhas que haviam na série anteriormente. Embora Mirage ainda seja um jogo extremamente divertido, não dá para deixar passar alguns pontos.

Um deles está, mais uma vez, na repetição. Apesar de ser ótimo retornar aos aspectos anteriores da série, ter missões e atividades secundárias repetitivas não é algo muito atrativo, seja você fã de Assassin’s Creed ou não.

Além disso, outro ponto que acaba sendo um pouco complicado na mudança abrupta de um RPG de Ação para o estilo anterior, é o combate. Após três games com um combate bastante interessante apesar das falhas, em Mirage, retornamos de forma quase crua para o estilo de luta de quase 10 anos atrás.

O combate de Assassin’s Creed Mirage

Menu de Assassin's Creed Mirage

Por mais que, após um certo tempo, o jogador, principalmente os que já sejam fãs de longa data, se acostumem com o estilo, ainda é muito complicado retornar para um combate mais truncado e duro de anos atrás.

Pensando nisso, jogadores que conheceram Assassin’s Creed na sua reimaginação na última trilogia, com o combate mais semelhante aos RPGs modernos, poderão ter maiores dificuldades em entender melhor como Mirage funciona. Apesar disso, ao longo da gameplay você pode se especializar no estilo de maneira mais rápida, além de, obviamente, focar mais na furtividade para realizar missões.

Mais um ponto que acabou se perdendo para mim, que joguei a versão Deluxe do game (que inclui itens adicionais), foi a parte das armas. Basicamente, nas primeiras horas de jogo eu já possuía o que, ao meu ver, seriam as melhores espada e adaga disponíveis para a jogatina, o que tornou a busca pelos baús de equipamento, uma parte significativa da gameplay, algo quase que obsoleto.

Ok, isso não afeta a narrativa, mas não deixa de ser algo deveras estranho. Contudo, caso você não adquira essa versão, pode ficar tranquilo. E mesmo que seja essa a sua escolha, nada impede de que o jogador busque por novos itens para tornar sua gameplay diferente das demais, especialmente com o fato de que, diferente do estilo RPG, aqui as armas não têm níveis nem nada do tipo, apenas melhorias que podem ser feitas de forma gradativa.

Outros aspectos de outrora também estão de volta aqui são as linhas de investigação, que nada mais são que o sistema de membros dos templários visto em jogos como o Odyssey, mas com uma repaginada para se tornar toda uma árvore de casos, personagens e inimigos, sendo uma parte mais investigativa de Mirage, o que para mim é algo bom.

Os gráficos

Ah, os gráficos… É estranho como a Ubisoft consegue ao mesmo tempo acertar e errar nesse ponto. Enquanto seus gigantescos cenários são deslumbrantes e dignos de admiração, temos os personagens e suas expressões vazias. Não é de hoje que jogos de toda a empresa apresentam esse problema, e isso acontece devido ao Motor Gráfico usado por eles, que precisa urgente de uma reformulação.

Tendo analisado o jogo no PS4, é possível que a nova geração de consoles e em PCs mais modernos traga soluções para estes problemas, porém, após ter jogado The Crew Motorfest recentemente na mesma plataforma, é nítido que há um certo descuido nesse aspecto, enquanto há um foco enorme nos visuais e cenários.

Isso é ruim? Não totalmente, afinal, podemos ficar um tempão admirando as gigantescas paisagens e criando imagens épicas no modo foto, mas a imersão sofre ao vermos uma cutscene com um personagem mal renderizado.

Is it just a Mirage…?

Apesar das repetições e falhas, Assassin’s Creed Mirage não deixa de ser um recomeço necessário para a Ubisoft e para toda a saga dos Ocultos. Por mais que a série continue com os jogos focados no RPG de Ação, o retorno ao passado, com um foco maior em sua narrativa e mecânicas clássicas, foi uma importante mudança.

Especialmente após a imensidão desnecessária dos últimos games, um jogo da série com esse tipo de estratégia parece ter sido um acerto enorme, que pode se tornar uma lição interessante para a empresa no futuro. Seja você um fã de longa data ou mais recente da franquia, há algo que será proveitoso neste jogo, tanto para retornar junto à Ubi aos tempos de ouro, quanto para conhecer um novo mundo dessa franquia tão querida.

Resumo

Pontos Positivos:

  • Exploração;
  • Retorno às raízes;
  • Cenários e Ambientação;
  • Trilha Sonora;
  • História.

Pontos Negativos:

  • Personagens mal otimizados;
  • Combate truncado;
  • Aspectos secundários repetitivos.

*O Cromossomo Nerd agradece a Ubisoft Brasil e a Drone Comunicação por fornecer uma chave de acesso do jogo para essa análise.