[ANÁLISE] Control | Uma aventura paranormal inesquecível!

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A Remedy é muito conhecida e amada pelos jogadores, por entregar experiências únicas. A desenvolvedora finlandesa tem no seu currículo jogos que figuram diversas listas de favoritos.

Graças à ela, fomos apresentados ao clássico Max Payne (2001), que foi uma verdadeira revolução nos jogos de ação, tanto pela sua jogabilidade quanto narrativa épica, rendendo uma sequência. Em 2010, vimos o surgimento de Alan Wake, um Thriller psicológico marcante, com uma história que parecia um episódio da série “Além da Imaginação” misturado com as histórias peculiares de Stephen King. O título, mesmo sendo elogiado, não ganhou uma sequência.

Em 2016, vimos o nascimento de Quantum Break, exclusivo Microsoft, que continha todos os elementos que se espera de um jogo da Remedy: uma excelente aventura e tom cinematográfico, aliados à temática de ficção científica de manipulação temporal.

Com esse histórico, não é difícil entender porque seu novo lançamento, Control, era tão aguardado.

História

A protagonista, Jesse Faden, interpretada pela atriz Courtney Hope, busca informações sobre um misterioso evento do seu passado no prédio da organização governamental clandestina conhecida como FBC (Federal Bureau Of Control). O departamento é análogo ao FBI, mas trata de assuntos paranormais que desafiam a física de nossa realidade. Uma ameaça extradimensional dominou o prédio do FBC e boa parte de seus funcionários, obrigando Jesse a encontrar meios de deter a ameaça, antes que seja tarde, e buscar as respostas que precisa.

Uma coisa é certa: não tente procurar muito sentido na trama de Control. Ela é insólita e te deixará com mais perguntas do que respostas, mas não se engane, faz parte do charme do jogo. A narrativa atiça a curiosidade do jogador a cada capítulo, tornando-o uma das experiências mais estranhas já feitas, te desafiando a abraçar o clima surreal e sombrio, tornando sua ambientação única. Por mais que a história envolva deter um perigo do tempo presente, o passado de Jesse é explorado e será fundamental para entender a trama.

O roteiro trabalha bem em cima das lacunas, desenvolvendo a personagem. Por vezes, Jesse se vê confusa, e começa a indagar a si mesma, numa maneira que parece que ela conversa com o jogador, chamando-o para a trama. A aventura dura cerca de 10 a 15 horas, dependendo da sua habilidade.

Não há dúvidas, Control é a narrativa mais ousada da Remedy.

Jogabilidade

O jogo apresenta ação intensa em terceira pessoa, mesclando poderes sobrenaturais e um artefato único, que rendem uma experiência divertida.

Jesse conta com uma única arma: uma pistola, do antigo diretor, mas a surpresa é que a arma desafia a realidade, podendo assumir outras formas, como de metralhadora e lança-granadas. A arma tem munição infinita, mas gasta as balas do pente.

Por desafiar a física, a própria arma produz balas ao longo do tempo, porém para não desequilibrar o jogo, caso o jogador gaste todas as balas do pente, sem esperar que ela se reabasteça, ele será obrigado a esperar, deixando-o vulnerável.

É compreensível que essa mecânica tenha sido inserida para equilibrar o combate do jogo, mantemdo o jogador atento no gerenciamento de recursos e incentivar o uso dos poderes.

Não encontramos um sistema de cobertura preciso, como em Uncharted e Gears of War. A personagem pode se agachar, ficando atrás de locais para se proteger, mas não é seguro, obrigando o jogador a mudar seu posicionamento nos combates.

Outra mecânica que te colocará em movimento constante é o sistema de vida. Jesse não regenera vida, como em muitos jogos atuais, ela se cura pegando uma substância azul que cai dos inimigos derrotados. Inúmeras vezes, foi precisei me arriscar para pegar vida no meio do tiroteio, porque me vi encurralado e com pouca vida, aumentando ainda mais a adrenalina dos confrontos.

Para triunfar nas batalhas, você é obrigado a dominar os poderes da protagonista. Definir as habilidades de Jesse é difícil, mas podemos traçar paralelos à Jean Grey, dos X-Men e os Jedi, de Star Wars. Telecinese é fundamental para avançar em locais repletos de inimigos. Com ela, você poderá atirar objetos que vão desde sofás a extintores de incêndio, ou então, arrancar rochas do chão e destroços para usar como um escudo, enquanto avança em direção aos inimigos.

Também há movimentos mais defensivos, como um empurrão que joga oponentes longe, ideal para momentos em que você precisa de espaço para respirar. Uma árvore de habilidades, semelhante aos jogos de RPG, rende um sistema de progressão simples e eficiente, potencializando os poderes da personagem.

Infelizmente, o jogo está apresentando diversas quedas de frame, principalmente durante os confrontos em que temos muitos inimigos em tela. Com tanta coisa acontecendo, tanto o pc quanto os consoles, têm sofrido com o efeito de stuttering, “engasgadas” que param o jogo por alguns segundos. Esses travamentos rápidos acabam incomodando por quebrar o ritmo dos confrontos e se agravam perto do fim da trama.

O problema vem sendo relatado por muitos jogadores, sendo constatado também pelo Digital Foundry e deve ser corrigido em atualizações futuras.

Outros bugs menores como modificadores que dão bônus zero e menu de pausa que trava ao ser fechado, indicam que o jogo precisava de mais tempo para ser otimizado.

A aventura se passa num local chamado a Antiga Casa. Aparentemente, ele não é diferente de um escritório regular de uma agência governamental, mas a surpresa é que o prédio também desafia as leis da física.

Ao entrar no recinto, você perceberá que ele é muito maior do que aparenta. Essa sacada torna Control um jogo muito menos linear do que seu antecessor, Quantum Break, incentivando o jogador a explorar a edificação, que se liga a outras dimensões, atrás de colecionáveis que que enriquecem a trama, modificações para melhorar sua arma e missões secundárias. Por seguir uma linha metroidvania, em que você segue a trama principal, mas tem liberdade de explorar locais antes bloqueados, o jogo acaba rendendo diversas horas bônus e segredos que apenas os jogadores mais dedicados irão encontrar.

O mapa usado para se guiar é confuso, por não dar detalhes dos andares, sem destacar pontos importantes – e para piorar, ele apresenta um bug chato de sumir, deixando o jogador na mão.

Graças à habilidade de poder se locomover com ele aberto, não é difícil se localizar e planejar uma rota até o local desejado, mas diversas vezes, foi melhor simplesmente me guiar pelas placas do saguão e escritórios para achar o local desejado.

Para poupar o jogador de rodar tanto, contamos com um sistema de viagem rápida que ajuda bastante. Caso você queira só seguir a trama principal e adiar a exploração, não tem o menor problema: você poderá resolver assuntos inacabados ao zerar o jogo.

Gráficos e Sons

Control é um jogo belíssimo, isso é inegável. A riqueza de detalhes dos ambientes e a forma com que tudo é destruído nos combates é extremamente realista, com objetos se quebrando ao serem lançados e papéis voando das mesas.

Os personagens principais, principalmente Jesse, são polidos com expressões faciais bem trabalhadas, com a protagonista se destacando.

Os efeitos de luzes também chamam a atenção, principalmente nos ambientes em que temos transição de local claro para escuro, além da cor característica vermelha, que tem um motivo específico (que deixarei que você descubra para não estragar a trama).

Uma sacada muito legal da Remedy é inserir animações com atores reais dentro do jogo. Por exemplo, ao ativarmos um projetor, veremos um cientista dando explicações sobre fenômenos paranormais, numa tela com um ator que foi filmado do modo convencional, dispensando captura de telas. Também vemos o uso disso em algumas cenas importantes da trama, que aumentam a imersão do jogador.

A perfomance dos atores, principalmente da atriz Courtney Hope, é soberba. Mesmo NPCs menores recebem a atenção devida, mostrando que a desenvolvedora se preocupou com cada detalhe da obra.

A trilha sonora consegue captar bem a ideia do jogo, misturando elementos eletrônicos e orquestrais, sendo dinâmica para se adaptar aos momentos mais intensos e quando há a calmaria dos escritórios escuros e vazios.  Martin Stig Andersen e Petri Alanko ficaram encarregados das composições e fazem um trabalho excelente. O primeiro, é velho conhecido da Remedy, tendo trabalho em outros títulos da empresa e o segundo, foi o responsável pela trilha de Wolfenstein 2: The New Colossus.

Considerações Finais

Control é uma das experiências mais surreais que você encontrará nesta geração. Unindo uma trama única com ação desenfreada, controles precisos, ambientação interessante, apresentação luxuosa e combate dinâmico, tem potencial para estar entre os melhores do ano.

Problemas técnicos tiram seu brilho, incomodando e quebrando a imersão, e nos resta torcer que sejam corrigidos para que os jogadores possam ter a experiência completa que a obra oferece.

Se você procura um jogo de ação envolvente, ele é uma boa pedida. Para aqueles que conhecem a Remedy, não é surpresa nenhuma que ela tenha entregue outra aventura incrível.

*O jogo foi analisado na versão Xbox One comum.