[ANÁLISE] Blair Witch | Longe de ser bom!

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Se você nasceu na década de 90 ou antes, é difícil que nunca tenha ouvido falar na Bruxa de Blair. O filme de terror em formato de documentário causou um impacto enorme na cultura pop, sendo um dos filmes americanos com maior faturamento de todos os tempos e influenciando outras produções do gênero.

O longa ganhou uma sequência esquecível em 2001 e tentou reviver o fenômeno do primeiro em 2016 com um novo filme, sequência dos outros dois, mas falhou novamente.

Durante a E3 de 2019, a Microsoft em parceria com o Blooper Studios, responsável por Layers of Fear, anunciou um jogo no universo da franquia, despertando a curiosidade de muitos.

História

O jogador assumirá o papel de Ellis, um agente de polícia retirado do cargo, após um evento traumático que o assombra até os dias de hoje. Na companhia de Bullet, seu cão, você deverá explorar a floresta de Black Hills, conhecida por diversos acontecimentos estranhos e desaparecimentos. Após o sumiço de um garoto, Ellis é convidado a participar das buscas pelo xerife, se juntando ao mesmo.

A narrativa tem como proposta ser um terror psicológico, em que brinca com o jogador a todo momento, testando a sanidade do personagem.

O roteiro não sabe prender a atenção de quem joga por dois motivos: ser extremamente previsível e conter um ritmo arrastado, que torna a experiência extremamente cansativa. Fica claro no último ato, em que diversos acontecimentos são jogados de uma só vez, que não se soube dosar os acontecimentos da trama, tornando-a descompassada. Os clichês são tantos que os jogadores mais atentos irão entender tudo o que está ocorrendo muito antes do jogo revelar os fatos principais. Durante a aventura, certos acontecimentos irão ter escolhas, que alteram o final da trama. Nenhuma das conclusões é satisfatória por falhar em surpreender quem joga. A duração da aventura é curta, por volta de 6 horas.

Jogabilidade

Por ser uma trama mais psicológica, o jogador não contará com armas e nem há um sistema de combate. Ellis tem no seu inventário um celular, um rádio, lanterna e uma filmadora.

Cada um dos itens irá desempenhar um papel importante no desenrolar da trama, principalmente a filmadora. Fitas cassetes estão espalhadas pelo mapa e ao assisti-las, você poderá resolver quebra-cabeças e avançar na trama.

Os controles são imprecisos e antiquados, utilizando-se da tradicional roda de escolha dos itens. A falha nos comandos e lentidão na escolha dos artefatos torna a experiência frustrante e cansativa.

Uma das mecânicas principais da trama é o cachorro do protagonista. Bullet poderá receber comandos como procurar por itens ou farejar caminhos e servir como guia, mas por problemas técnicos, o cão acaba preso no cenário ou não faz o que você comanda.

O cachorro também irá avisar o jogador de perigos, mas o problema é quando a inteligência artificial falha e você acaba morrendo por isso.

Os checkpoints são extremamente distantes e morrer significa andar bastante, numa floresta escura e monótona, tornando a aventura entediante.

O mais assustador na trama são os bugs. O jogo conta com uma mecânica imprecisa, que te obriga a resolver os mistérios de determinado ponto e explorar o mapa, ou você acabará onde começou, para dar a impressão de que o jogador está andando em círculos. Infelizmente, mesmo que você resolva o que o jogo pede, poderá acabar preso do mesmo jeito, obrigando a reiniciar o jogo e fazer tudo de novo.

Há diversos itens espalhados no cenário, mas nem todos são obrigatórios para seguir a trama. Objetos que são fundamentais para progredir no jogo podem acabar bugando, não mostrando a ação de interagir, havendo a necessidade de reiniciar o jogo.

No ato final, repleto de boas ideias, a execução é extremamente problemática e um bug poderá fazer com que personagem do jogador fique imóvel.

O problema pode ser corrigido ao apertar o botão de se agachar, mas por ser algo que se repete com frequência, acaba quebrando o clima e se tornando irritante.

Para piorar, o jogo conta com uma performance técnica ruim, com queda das framerates, que resulta em lentidão.

O loading demorado é um teste de paciência constante, principalmente ao iniciar o jogo.

Gráficos e Sons

A floresta é o que mais decepciona graficamente, tendo uma aparência de jogos da geração passada, além de ser estática e sem graça. Alguns itens, principalmente os fundamentais para história, são mais detalhados, recebendo uma atenção melhor, mas nada que chame a atenção.

Os efeitos de luzes, principalmente com a lanterna, são medíocres.

Nos momentos em que o personagem começa a perder a sanidade, efeitos interessantes são aplicados, utilizando filtro vermelho e o gráfico mudando em tempo real, chamando a atenção. Como esses momentos são raros, poucas são as vezes que algo se destaca.

A trilha sonora capta bem a atmosfera do suspense e terror. Em momentos que algo perigoso está à espreita, a música muda inspirando terror no jogador, contribuindo para uma imersão maior.

Aliada a efeitos sonoros perturbadores, acaba criando o clima prometido pelo jogo, mas o problema é que esses momentos são raríssimos.

A atuação dos atores é um ponto fraco, nada se destaca. No final, o único personagem carismático acaba sendo o cachorro. Ellis é um personagem esquecível, que o jogador não consegue ter envolvimento nenhum, o que torna o final da trama ainda mais fraco.

Considerações Finais

Blair Witch era um jogo com potencial para entregar uma obra de terror única e assustadora para os jogadores de Xbox, mas por mais que tenha boas ideias, um roteiro fraco com ritmo errático repleto de clichês, controles ruins, gráficos fracos e otimização deficiente, fazem com que o produto entregue seja uma das experiências mais frustrantes do ano.