[ANÁLISE] Days Gone | É preciso ter carinho e cuidado até mesmo para fazer mais um jogo de zumbis

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Em 26 de abril, chegou às lojas o aguardado Days Gone, novo jogo exclusivo do PlayStation 4, que embora não aborde um tema nada inovador, se mostrou bastante promissor ao longo de sua campanha de marketing, mostrando os vistosos confrontos contra hordas imensas de zumbis, o que foi o suficiente para chamar a atenção dos fãs ao redor do mundo.

Enredo

Desenvolvido pelo SIE Bend Studio, o mesmo de Syphon Fighter e Uncharted Golden Abyss, a trama acompanha a jornada de Deacon St. John, membro de uma gangue de motociclistas que tenta sobreviver em um mundo pós-apocalíptico, que além de contar com a presença de zumbis carnívoros que são chamados de Frenéticos, também precisa enfrentar a insanidade e perversidade dos poucos humanos que ainda restam.

A proposta não é lá muito inovadora, já que zumbis são populares desde que George Romero os apresentou aos cinemas na década de 60, contudo, o jogo tenta abraçar tudo aquilo que deu certo em outros títulos do gênero, fazendo com que o foco principal seja sua sobrevivência mesmo em situações desesperadoras com hordas de milhares de zumbis.

Mapa

O mapa do jogo não é nada astronômico, porém consegue ser competente na proposta do título e detalhar bem esse mundo pós-apocalíptico. A equipe de design foi bem detalhista em deteriorar as paisagens e criar os ninhos de zumbis que ficam espalhados pelo local.

Ao longo de todo o jogo, temos muita chuva (algo que se relaciona com a origem dos zumbis), porém isso meio que atrapalha um pouco a apreciação das paisagem, que em muitas vezes, são florestas e instalações abandonadas.

Gráficos

Os gráficos são bem polidos, principalmente nas cutscenes, porém a renderização peca em alguns momentos, não carregando texturas corretamente, mesmo após instalar as atualizações mais recentes fornecidas pelo desenvolvedor.

Mesmo no PS4 tradicional, já vimos outros títulos que exploraram melhor o potencial do console, mas se tratando de um título exclusivo, o mínimo seria ver algo mais bem lapidado.

O que realmente chama a atenção

Como esperado desde que o primeiro trailer do jogo foi lançado, o grande diferencial de Days Gone realmente são os confrontos contra as hordas de zumbis, mas não se engane, os zumbis de Days Gone são resistentes e rápidos, você só pode entrar em um confronto contra eles se realmente tiver certeza de que tem os equipamentos adequados e de que melhorou seus níveis de energia e stamina, que te garantirão fôlego nas corridas a pé por mais tempo.

O conceito de Deacon ser um motociclista que tenta sobreviver nesse mundo tendo como único companheiro seu melhor amigo também é bem aplicado, principalmente no que envolve sua moto, já que melhorar os atributos mecânicos dela é um dos pontos cruciais do jogo. Para tal, você usa peças que encontra ao longo de sua exploração, criando uma moto Frankenstein.

Os acampamentos e colônias espalhados pelo mapa também são bem legais, mostrando os poucos humanos sobreviventes que tentam criar locais seguros para si.

Além dos zumbis espalhados pelo mapa, sejam eles desgarrados ou em horda, o mapa também oferece outros perigos, que irão pegar os menos atentos (como eu) de surpresa. Além de armadilhas colocadas pelas gangues humanas, temos também emboscadas que contam até mesmo com snipers, portanto, não pense que está somente explorando o mapa, você pode morrer a qualquer momento.

Jogabilidade

O jogo apresenta uma jogabilidade bem simples, que ecoa outros jogos do gênero aventura e sobrevivência, sendo bem similar a The Last of Us. O grande diferencial é o uso da moto, que te dá mais liberdade no mapa e faz com que você gerencie mais recursos, afinal, como uma moto tradicional, ela precisa de combustível para rodar e de reparos caso você bata muitas vezes.

A pilotagem da moto não é muito calibrada no primeiro contato, porém com o passar do tempo você acaba se acostumando e consegue guiá-la de forma aceitável.

A troca rápida de armas e o menu de criação de itens também funcionam bem, sendo bem acessíveis mesmo quando em combate. A parte de mobilidade deixa um pouco a desejar na hora de se esquivar de inimigos, já que o botão padrão de rolagem te confunde bastante.

O conceito de uma barra de stamina para dar o fôlego para as corridas também é bem aplicado, acrescentando uma camada a mais de dificuldade na hora de enfrentar os inimigos.

Como a maioria dos jogos de sobrevivência dos últimos anos, também temos o infame “modo detetive”, um conceito apresentado no primeiro jogo da franquia Batman Arkham que acabou sendo replicado em outros títulos posteriormente. Embora ele seja de grande valia ao longo da jornada, temos que dizer que já se tornou um pouco batido e repetitivo, mostrando que talvez seja a hora dos desenvolvedores se reinventarem e apresentarem novas soluções.

Um dos maiores problemas talvez sejam as missões um tanto quanto repetitivas e o fato do jogo te interromper bastante com cutscenes e diálogos, parecendo um pouco engessado para aqueles que gostam de algo mais direto.

Glitches

Como mencionado anteriormente, o jogo conta com alguns problemas de renderização, mas infelizmente, não é só isso. Durante nossos testes, notamos diversos problemas que são considerados bem graves.

Mesmo com as atualizações mais recentes, o jogo chegou a “crashar” durante uma cutscene, além de apresentar quedas de FPS e travamentos em momentos aleatórios. Outro problema notado foram inimigos desaparecendo misteriosamente quando me aproximava deles ou atravessando objetos.

É claro, não está injogável, porém essas pequenas coisas incomodam bastante e surpreendem. É possível que o jogo fique completamente liso com atualizações, mas talvez fosse melhor se o estúdio adiasse o lançamento novamente para evitar tantos problemas assim.

Considerações finais

Apesar dos problemas e da falta de inovação, Days Gone diverte e conta com uma boa história, porém não podemos dizer que ele partilha da mesma qualidade de outros exclusivos do PS4.

Enfrentar as hordas é realmente emocionante e exige muita astúcia e planejamento por parte do jogador, que precisa analisar o terreno antes de iniciar o confronto e decidir como usar os objetos do cenário a seu favor (criar armadilhas, explodir carros e etc é algo bem legal de se fazer), contudo, isso não é o suficiente para tornar o jogo satisfatório como um todo, pois se fosse o caso, deveriam ter investido mais nessa parte.