[ANÁLISE] SIFU | E se Darksouls fosse só no soco?

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Sendo conhecida pelos seus jogos Triple-A com foco narrativo, a PlayStation tem trazido muitos jogos indie para sua plataforma nos últimos anos, com alguns deles tendo uma excelente recepção com público e crítica, podendo citar como exemplo Kena: Bridge of Spirits, que recebeu 3 prêmios no The Game Awards 2021. E agora, creio eu, que temos mais um bom exemplo que, além dos grandes estúdios e seus jogos conhecidos e amados, a plataforma pode sim trazer excelentes surpresas de estúdios menores.

Chegando para PlayStation e PC (via EPIC), o 2022 dos indies de destaque começa com SIFU (Sim, eu sei, a piadinha lá que todo mundo já fez), um game de porradaria inspirado nos clássicos filmes de kung-fu. Com uma história direta e simples sobre uma jornada de vingança do personagem principal, cujo sexo pode ser escolhido pelo jogador, o game do estúdio Sloclap nos apresenta um mundo belíssimo, transpirando suas inspirações e também trazendo um ar de um game que eu nunca imaginei que ele iria ser comparado… DARKSOULS.

Porrada da boa

Sendo um beat’em up, SIFU já acerta de cara nas suas mecânicas de combate, que mesmo sendo bem simples, são tão variadas que podem fazer com que o jogador se sinta meio perdido tentando se lembrar de todos os comandos. Dois botões para golpes, um para defesa e um para se esquivar ou correr, e é isso basicamente. Pode parecer simples, mas o destaque vai para o uso dos botões analógicos para realizar diversas formas diferentes de ataques, rendendo combos e finalizações, e defesas, que precisam ser lembradas a todo momento pelo jogador se ele quiser seguir adiante sem ter muita dor de cabeça.

Além dessas mecânicas, o jogo faz um excelente trabalho ao nos mostrar as diversas formas que uma fase pode ser jogada, especialmente após termos explorado boa parte da mesma. Nisso, temos vários caminhos para o objetivo final, que é sempre um combate épico com um dos responsáveis pelo assassinato do pai do protagonista, além de várias armas e upgrades que podem ser encontrados pelo caminho. E esse tipo de exploração se torna uma importante ferramenta para se seguir adiante durante a jogatina, pois o jogador também é apresentado a uma árvore de habilidades que só podem ser desbloqueadas em definitivo após um determinado consumo de XP, que é acumulado durante a porrada, após finalizarmos os inimigos.

Falando nos inimigos, pode se preparar para uma quantidade ENORME deles, que tentarão te impedir de seguir em frente durante as seis fases do game. Sim, são apenas seis fases, o que pode parecer pouco a princípio, mas o fator replay e as várias possibilidades de jogar uma única fase fazem com que SIFU, que teria no máximo suas 2 ou 3 horas de jogatina, acabe se tornando um game bem maior do que isso. Embora não possua muita variedade de inimigos, sendo separados em apenas 3 tipos praticamente, o que os torna um desafio em tanto é a quantidade deles e as mecânicas de combate que o jogo possui, fazendo com que o jogador pense duas vezes antes de iniciar um combate em um local com mais de 4 inimigos.

De um jovem vingativo para um velhinho sangue nos olhos

Uma das mecânicas mais interessantes de SIFU, que fez com que muitos o comparassem com jogos roguelike, foi a de o protagonista poder ser derrotado diversas vezes durante a gameplay, apenas com o adicional de que, com o passar do número de mortes, o mesmo vai envelhecendo o número de vezes que o jogador foi derrotado em uma determinada fase e, para recuperar a idade perdida, é necessário jogar a fase inteira novamente e evitar ser morto. Essa característica, além de tornar o jogo mais desafiador, vem com outros aspecto interessante pois, quanto mais envelhecer, mais forte o personagem fica, contudo, sua barra de saúde diminui. É um aspecto bem interessante durante toda a jogatina, que complementa muito o aspecto replay do game.

Além disso e dos inimigos diversos nas fases, onde cada uma delas são bem distintas e rendem excelentes desafios na sua desenvoltura, vale destacar também os chefes do game, que embora também não costumem ser os mais diversificados, rendem momentos de extremamente impactantes e tensos, dando ao jogador uma experiência de terceiro ato de um filme a cada fim de fase. Sem falar na possibilidade de termos múltiplos finais para cada um deles, o que contribui ainda mais para o jogadores quererem explorar mais vezes cada traço e localidade do jogo. Claro, quando conseguimos, por que….

QUE NEGÓCIO DIFÍCIL DA DESGRAÇA

Por ser um jogo relativamente curto, SIFU tenta equilibrar isso se tornando um desafio e tanto já no seu início, onde ainda estamos aprendendo os comandos e técnicas que podem ser usadas durante a gameplay. Além disso, o exacerbado número de comandos, e o número mais exacerbado ainda de inimigos vindo em sua direção ao mesmo tempo, torna a jogabilidade muito mais do que apenas sair descendo a porrada em todo mundo que aparecer na sua frente. É preciso estudar cada inimigo, cada chefe, aprender muitos dos seus padrões e aprender também a usar as diversas técnicas de ataque e defesa para evitar que sejamos mortos, e assim, envelheçamos rápido demais durante o game, já que embora o protagonista fique mais forte, é ainda mais complicado enfrentar uma horda de inimigos quando se é um senhor de 65 anos.

Para tentar facilitar um pouco a jogatina, o game ainda te fornece duas opções de upgrades durante as fases, a árvore de habilidades, com técnicas que podem ser aprendidas temporariamente ou de forma permanente, de acordo com a quantidade de XP gasta em cada uma, e também os ídolos do dragão, que dão novos upgrades para saúde, defesa, e outros aspectos do protagonista. Durante toda a jogatina, é muito importante que o jogador busque e pense bem as habilidades que irá usar e melhorar, pois cada uma delas é crucial para evitar mortes desnecessárias e também para enfrentar hordas enormes de inimigos.

Embora curto, SIFU se destaca por sua jogabilidade única e diferenciada, e, para os que gostam de rejogar um game diversas vezes e também platinar um jogo, é uma pedida perfeita. Sua dificuldade, embora se torne um fator bem irritante, o torna bastante desafiador para aqueles com paciência, algo que muitos fãs da From Software vão entender muito bem. Por isso, eu acho que é viável apelidar este jogo de “Darksouls de soco”.