[CRÍTICA] Pantera Negra: Wakanda Para Sempre | Bonito, mas não escapa na maldição da Fase 4

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Pantera Negra se tornou um símbolo de revolução cultural no cinema. Quando o longa estreou em 2018, virou um ícone não só para os fãs de super-heróis mas também um marco de representatividade.

Pantera Negra: Wakanda Para Sempre, a sequência lançada em 2022, chega aos cinemas com duas responsabilidades gigantescas: dar continuidade ao legado do primeiro filme e homenagear Chadwick Boseman, interprete de T’Challa que nos deixou em agosto de 2020, após uma longa e silenciosa batalha contra o câncer do colón.

O filme passou por diversos impasses, desde os atrasos gerados pela pandemia de coronavírus como também as questões problemáticas com Letitia Wright em relação às vacinas, além é claro da trágica morte de Boseman.

O diretor e roteirista Ryan Coogler já tinha em mãos uma ideia de roteiro antes e precisou reescrever tudo para encaixar um novo protagonista e situar a sequência no MCU de forma a fazer sentido perante os acontecimentos da vida real, algo que se pode perceber no filme e que com certeza afetou seu resultado final.

Wakanda Para Sempre se inicia com a morte de T’Challa e sua partida, apesar de timidamente representada na história, inicia a produção com um silêncio sepulcral, sendo uma homenagem pesada e poderosa ao ator. A nação africana agora precisa se reestabelecer e se reerguer sem seu rei soberano, e a família real precisa lidar com esse vazio repentino, que claramente representou a batalha de Boseman contra seu câncer fora das telas.

Enquanto Wakanda trabalha para se reerguer, acaba precisando enfrentar nações estrangeiras tentando ter acesso ao vibranium e também um novo e perigoso inimigo: Namor (Tenoch Huerta) e sua até então desconhecida nação submarina.

O longa sabe o que quer e já entrega logo de cara uma experiência emotiva e forte. Coogler entende como trabalhar todos os artifícios narrativos para manter Chadwick Boseman presente, entreter o público com uma história nova, introduzir personagens e pavimentar um caminho que tenha sentido. Porém, o luto não tem o papel central na trama, que desponta basicamente em estabelecer a todo custo Shuri como uma nova protagonista e criar uma sucessão para a lacuna deixada por T’Challa, só que isso acaba jogando o longa em um misto de sobriedade e superficialidade.

Wakanda Para Sempre tem essa grande responsabilidade de reforçar o grande poder que o primeiro filme estabeleceu e consegue reproduzir tudo novamente, desde a representatividade às mensagens importantíssimas explicitamente ditas ou vistas nas entrelinhas, tais como as críticas ao imperialismo e ao colonialismo que são marteladas na mente do espectador durante toda a trama, mas o entrelaçamento de diversas subtramas acaba bagunçando boa parte dos conceitos e não deixa espaço para que sejam desenvolvidos.

De todo modo, sabemos que existe um verdadeiro esforço para criar essas vertentes futuras para o MCU e muitas delas perduram, o grande problema é que sentimos que houve uma certa interferência por parte da Marvel, o que impede Coogler de desenvolver o projeto de maneira satisfatória.

O que acontece aqui é justamente uma questão que vem assolando as produções da Marvel ao longo de toda a Fase 4 de seu universo cinematográfico, destacando um problema formulaico que já se torna extremamente cansativo. É uma forma de produção que precisa de mudanças e que, apesar de trazer alguns filmes bem mais emotivos, reflexivos e até mesmo artísticos como Wakanda Para Sempre, ainda cai em conceitos pré-estabelecidos visíveis, tais como: um CGI mal trabalhado, vilões desperdiçados e até mesmo o repeteco de temas.

Pantera Negra: Wakanda Para Sempre é uma obra e tanto, cheia de simbolismos, mensagens e que carrega um sentimentalismo crível e impressionante, mas que não consegue escapar do jeitão Marvel de trabalhar, o que acaba minando totalmente seu potencial de ser mais do que poderia.