Esquadrão Suicida é bom, mas peca pelo excesso [SPOILERS]

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Durante a Comic-Con 2015 tivemos o primeiro vislumbre da equipe de desajustados da DC Comics, graças ao vazamento do trailer exibido no Hall H, de lá pra cá, o hype para o filme era imenso, ainda mais considerando o elenco e os vilões que eles interpretariam. Adaptar pela primeira vez nas telonas uma personagem querida pelos fãs, tal como a Arlequina, e reproduzir um novo Coringa, após a icônica interpretação do personagem vivido por Heath Ledger, ajudaram a impulsionar o nome da produção e fazer com que fãs e o público em geral ficassem ansiosos pelo lançamento.

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Semana passada a equipe do Cromossomo Nerd se reuniu mais uma vez para assistir à um grande blockbuster para então produzir a crítica do mesmo, como grandes fãs de quadrinhos e filmes de super-heróis, estávamos extasiados em finalmente podermos ver o produto final depois de acompanharmos a trajetória do marketing, que foi carregado de inúmeros pôsteres, tv spots, trailers e entrevistas, e que mesmo depois de tudo isso, deixavam a trama enigmática e até mesmo confusa.

O filme começa com um deleite aos olhos dos fãs, encaixando cenas que com toda certeza foram retiradas das páginas dos quadrinhos, o primeiro ato tem a função de apresentar os personagens e um pouco da origem de cada um (pelo menos os principais) e isso é feito de uma maneira muito boa, apesar de algumas falhas técnicas, como por exemplo o letreiro onde são mostradas as principais características de cada vilão, que é mostrado de forma apressada que não dá tempo do espectador absorver todas as informações e acaba se tornando desnecessário, porém se fosse melhor trabalhado seria muito mais agradável.

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Logo de início já podemos notar o esforço do estúdio em fazer um filme diferente e mais amigável. Diferente de Batman vs Superman: A Origem da Justiça, Esquadrão Suicida não exige muito do público, o filme é de fácil entendimento e pode cativar até mesmo quem não espera muito dele, porém para quem está habituado com este universo o filme apresenta algumas falhas pontuais e essa facilidade no roteiro acaba incomodando bastante.

A montagem do filme mais uma vez é um vilão em um filme da DC Comics, muitas cenas são desnecessárias e parecem colocadas de forma desleixada, fazendo com que se tornem sem importância para o desenvolvimento da trama, o que é um desperdício com o trabalho da equipe em geral, principalmente no caso do Coringa que acabou prejudicando (ou sendo prejudicado) o filme por esse fator. Leto conseguiu captar a essência louca do vilão, porém a forma em que ele foi apresentado não nos agradou, nas cenas em que ele usa um visual que remete ao desenvolvido por Alex Ross, podemos ter uma ideia melhor e diferente do gângster dono de uma casa noturna, que talvez antes da mudança de tonalidade do filme fosse mais fiel ao material base e representasse melhor o personagem. O fato dele ser mais humanizado também é um fator que deixa aqueles que o conhecem confusos, a relação entre ele e a Arlequina nos quadrinhos sempre foi mostrada como algo abusivo, onde não existia reciprocidade entre o afeto mostrado pela vilã e o príncipe palhaço do crime, mas ficou claro que o estúdio estava correndo de polêmicas e queria deixar as coisas mais simples, inclusive retirando uma cena com grande potencial vista durante os bastidores, em que o Coringa dava um tapa no rosto da Doutora Harleen Queenzel antes que ela se tornasse a vilã.

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No fim das contas tivemos um romance verdadeiro entre Arlequina e Coringa, e falando nela, a personagem, assim como o Pistoleiro de Will Smith, foi uma das principais em termos de tempo de tela, algumas vezes beirando o excesso, porém esse excesso pode ser visto como uma coisa positiva, pois acabou salvando alguns momentos em que o filme acaba caindo no clichê.

A Magia de Cara Delavigne assume o papel de grande vilã do filme ao lado de seu irmão Incubus, porém a atuação da atriz não tem força suficiente para isso, quanto ao Incubus, o vilão não consegue fazer com que você sinta algo por ele, fazendo com que ele seja apenas uma parte aleatória na trama, servindo apenas como engrenagem no arco do El Diablo, no fim das contas nos pegamos esperando que um desafio maior aparecesse e elevasse o nível da batalha final.

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Em suma, Esquadrão Suicida é um filme divertido, com uma boa trilha sonora, que mostra mais um passo da Warner e DC Comics em direção à descoberta da tonalidade de seu universo cinematográfico, porém é nítido que as mudanças foram feitas na metade do caminho e acabaram sendo feitas de forma apressada e inadequada, muitas das piadas foram reveladas no material promocional e isso acabou prejudicando o funcionamento delas, inclusive algumas pareciam deslocadas ou sem timing, deixando até mesmo espaço para que o público reagisse à elas, mas em alguns momentos isso não funcionou e o que tivemos foi uma sala de cinema em silêncio esperando o próximo passo.

O filme apresentou personagens com grande potencial e que certamente serão bem recebidos caso ganhem papéis maiores nos próximos filmes, um ponto muito positivo é a atuação, principalmente de Viola Davis que mostrou à que veio e nos entregou uma Amanda Waller não menos do que perfeita, a direção de David Ayer em alguns momentos comete alguns deslizes, as cenas de ação são bem genéricas e poderiam ser mais bem trabalhadas, com planos mais abertos que dessem uma maior imersão do público e fossem mais agradáveis visualmente, a batalha final acaba sendo prejudicada, adicione diversos personagens lutando ao mesmo tempo, névoa, chuva e escuridão com takes fechados e tenha um público tentando entender o que está acontecendo.

O que nos resta é a esperança e a confiança de que no próximo filme a sintonia entre estúdio e diretor esteja melhor e que mais um filme não seja prejudicado por isso. Como fãs de quadrinhos gostaríamos muito de ver o universo DC consolidado e com credibilidade, assim como o da Marvel, afinal para todo fã quanto mais, melhor! E ver o sucesso de ambas as empresas é nosso objetivo.

inri