[CRÍTICA] Lucifer – 4ª Temporada | Mudar de casa faz bem!

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Depois de ter sido cancelada pela Fox em sua terceira temporada, Lucifer foi salva pela Netflix, que anunciou uma quarta temporada da série, mantendo o elenco principal e dando continuidade à história do Rei do Inferno na Terra.

Quando comparamos a estrutura narrativa da série entre as duas emissoras, fica claro que a mudança só beneficiou a série. Com menos episódios, a nova temporada deixa tudo muito mais direto e simplificado, poupando a produção e os fãs de uma narrativa inflada presente em séries produzidas pela TV norte-americana.

Depois de tudo o que aconteceu na temporada passada, com Lucifer matando Caim (Tom Welling) e sua face demoníaca retornando, além de Chloe (Lauren German) finalmente descobrindo que ele era de fato o rei do inferno, a quarta temporada se mantém em alta velocidade a todo momento. Na nova trama, vemos Chloe tentando aceitar e lidar com o que viu e Lucifer se martirizando por ser quem ele é.

O novo ano da série aposta bastante no humor e na sexualidade, características essenciais da série, porém vemos que a Netflix deu muito mais liberdade para esses pontos, deixando a série muito mais picante e astuta. Tom Ellis continua roubando a cena e se mostra versátil na dramatização do personagem central, porém o elenco de apoio não decepciona e extraem o melhor de seus personagens.

A grande novidade fica por conta da personagem Eva (Inbar Lavi), que deixa o céu para viver uma vida de curtições ao lado de Lucifer na Terra. Eva é uma das personagens mais carismáticas já apresentadas pela série e se destaca sem parecer forçada, aliás, ela é combustível para tudo o que acontece na temporada e faz isso de maneira natural e convincente. Ademais, a personagem ainda pode ser muito importante para o futuro, já que deixa vestígios disso.

A nova temporada aposta bastante também no conflito entre bem e mau, não só o conflito interno de Lucifer, como também céu e inferno. Isso adiciona um frescor interessante para a narrativa, que embora tenha sido exaustivamente explorado pela série Supernatural, em Lucifer, tudo se encaixa muito bem na proposta.

Os efeitos especiais não estão espetaculares, contudo, são bem eficazes e atendem à proposta da série. Caso ela seja renovada para outra temporada, a Netflix terá de desembolsar um pouco mais de dinheiro, ainda mais com o gancho deixado pelo final.

Apesar de ser visivelmente superior à temporada anterior, o final da série mostra uma certa insegurança da Netflix para com o futuro da série, encerrando a temporada de maneira ambígua, que serve tanto como uma conclusão definitiva, quanto como um gancho para o que está por vir, o que não é ruim, na verdade, foi um movimento bem inteligente.

Independente do que aconteça, fica claro que a forma tradicional de se fazer séries está em risco. Temporadas muito longas são um problema, ainda mais com episódios semanais. O público mudou e a maneira de se consumir tais conteúdos também. Talvez esteja na hora das emissoras reverem seus conceitos, afinal, a Netflix prova por A+B que Lucifer ainda tem fôlego para boas narrativas e que o elenco consegue segurar muito bem a trama.