[CRÍTICA] Loja de Unicórnios | Crescer pode ser muito difícil, mas também pode ser adorável

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A atriz vencedora do Oscar, Brie Larson (Capitã Marvel), resolveu se aventurar também atrás das câmeras em Loja de Unicórnios, novo filme original da Netflix, estrelado e dirigido por ela, que chegou hoje ao catálogo do serviço de streaming.

O enredo acompanha a vida de Kit, artista que fracassou com seus trabalhos na arte, e agora, tem que voltar a viver com os pais. Devido a isso, Kit decide ir trabalhar como temporária em um escritório de negócios, mas a vida da moça começa a mudar quando recebe uma misteriosa carta convidando-a para comparecer numa certa loja que vende algo que ela quer. O vendedor oferece a Kit o que ela mais deseja desde a infância: um unicórnio.

A estrutura do filme é bem simples, sendo muito objetivo no que quer apresentar. Kit tem sonhos e ambições de ser aceita como artista, poder fazer sua arte e viver dela. Mas a realidade é sempre desapontadora. É nesse ponto, onde o roteiro começa a desenvolver sua protagonista e expor seu interior.

Apesar de simplório, o texto tem sua eficiência em abordar o lado emocional da trama, abraçando-o por completo e fazendo disso seu principal mérito. A direção de Brie Larson vai no mesmo ritmo, conciliando bem os elementos e cenas componentes do longa, destacando os mais tocantes que dão substância para tornar a narrativa mais cativante.

O amadurecimento é o tema central da história de Kit, que tem dificuldades em lidar com a chegada da fase adulta e sente um apego enorme ao que viveu na infância, bem como com os desejos não realizados nesta fase. Brie Larson está absolutamente incrível e muito à vontade no papel principal, entregando uma protagonista extremamente doce, carismática, simpática, sonhadora e amável. A atriz/diretora faz um bom trabalho em ambas as funções, por mais que em alguns momentos, a direção não saiba balancear algumas situações que soam um tanto forçadas ou muito artificiais.

As relações com os demais personagens beneficiam a obra e criam contextos, ora para um tom de fantasia propositalmente espalhafatoso num flerte com a comédia, onde há partes que se fica em dúvida se o que ela viveu para conquistar o unicórnio é real ou foi apenas ilusão, ora para criar circunstâncias mais dramáticas e comoventes.

A performance de Samuel L. Jackson como o vendedor da loja é competente e caricata sob medida, assim como a de Mamoudou Athie, como o amigo/par romântico, transmite legitimidade.

Além do foco no crescer, no subtexto, existe uma tímida, mas tocante mensagem sobre poder falhar mesmo quando já se tem idade suficiente para não errar.

No final, “Loja de Unicórnios” é simples, arranca algumas poucas risadas e encanta pela história da jovem artista. Brie Larson faz seu debute na direção entregando um projeto sincero, sem muita grandiosidade, porém, traz consigo a simpática trajetória de amadurecimento na percepção de alguém sonhando em viver na fantasia, por mais que esteja preso no mundo real.